Gregório de Matos
A Jesus
Cristo Nosso Senhor
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho
delinquido,
Vos tenho a perdoar mais
empenhado.
Se basta a vos irar tanto um
pecado,
A abrandar-vos sobeja um só
gemido:
Que a mesma culpa que vos há
ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já
cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra
História:
Eu sou, Senhor, ovelha
desgarrada;
Cobrai-me; e não queirais, Pastor
Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa
glória.
Gregório de Matos Guerra
(Salvador, 23 de dezembro de 1636 – Recife, 26 de novembro de 1696), alcunhado
de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil colónia.
É considerado o maior poeta barroco do Brasil e o mais importante poeta
satírico da literatura em língua portuguesa, no período colonial.
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