… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

sexta-feira, 15 de abril de 2016

15 de abril de 1531 • Termina o prazo de Carlos V para os príncipes protestantes alemães aceitarem a sua oferta ou enfrentarem a guerra



15 de abril de 1531 Termina o prazo de Carlos V para os príncipes protestantes alemães aceitarem a sua oferta ou enfrentarem a guerra

João-Frederico o Sábio, eleitor da Saxónia, rodeado por Lutero, Zuínglio e Melâncton, entre outros.
Para resolver as dificuldades religiosas entre os Estados católicos e protestantes do Sacro Império Romano-Germânico foi feito um acordo temporário em Nuremberga em 1532, que por isso ficou conhecido como a Paz Religiosa de Nuremberga.



A perigosa posição em que os protestantes tinham ficado pelas decisões da Dieta de Ausburgo de 1530 obrigaram-nos a renovar os seus esforços para formar uma aliança de autodefesa. Os juristas conseguiram persuadir Lutero e a João, o Magnânimo, príncipe-eleitor e duque da Saxónia, de que se o imperador Carlos V não guardasse o seu juramento eles estavam justificados para tomar medidas de autodefesa, pelo que pouco depois do Natal de 1530 foi formada a Liga de Esmalcalda. A 19 de novembro de 1530 Carlos V emite um decreto ordenando aos príncipes protestantes que voltassem ao rebanho romano ou “perderão a vida, bens e honra”. E neste dia, 15 de abril de 1531, termina a data do prazo concedido por Carlos V para que os príncipes protestantes alemães aceitem a sua oferta ou que enfrentem a guerra. Mas, ao terminar o tempo de graça dado aos protestantes neste dia 15 de abril de 1531, a sua posição tinha melhorado substancialmente. Os turcos estavam ameaçando atacar não apenas a Hungria mas os territórios da coroa da Áustria. Fernando (Arquiduque e duque da Áustria, duque da Carníola, duque da Caríntia, duque da Estíria e conde do Tirol a partir de 1520. Rei da Hungria e da Boémia a partir de 1526; rei da Croácia em 1540) aconselhou o seu irmão (o imperador Carlos V) que chegasse a algum compromisso com os protestantes para ter o seu apoio contra este perigo turco. A Liga de Esmalcalda estava tendo um inesperado grau de solidariedade entre si e os Estados católicos estavam inquietos pelos rumores dos seus preparativos para a guerra. O próprio papa Clemente VII estava mesmo considerando a possibilidade, se não havia outro meio de conjurar o perigo dos turcos por um lado e de celebrar um concílio geral por outro, de conceder aos protestantes o matrimónio do clero e a comunhão em ambas as espécies.



A 8 de julho de 1531 o primeiro passo para um acordo foi dado quando o Imperador ordenou, num decreto não publicado imediatamente, que a ação do Reichskammergericht nos casos que surgiam da decisão da dieta de Ausburgo deveria ser suspensa até à próxima Dieta. No outono de 1531 realizaram-se negociações que não serviram para nada. Os líderes protestantes decidiram não aparecer na Dieta de Regensburgo realizada em abril de 1532, mas antes foram encontrar-se em Schweinfurt e aí começar então uma série de esforços para alcançar um acordo. As negociações progrediram muito lentamente e os membros da Liga de Esmalcalda, isto é, os protestantes, aferraram-se às vantagens que tinham obtido. Mas o católico Fernando I de Habsburgo estava tão convencido do seu êxito final que os seus representantes com muita dificuldade se aventuraram a comunicar-lhe as propostas do outro lado. E quando a Dieta se reuniu, os Estados católicos fizeram ouvidos moucos às demandas protestantes, pedindo a execução do Recesso do Augsburgo e a sua manutenção até à convocatória do concílio. O imperador Carlos V viu que não havia nada a fazer a não ser atuar sem os seus aliados católicos e fazer a paz a todo o custo com os membros da Liga de Esmalcalda, isto é, os protestantes alemães. E Lutero, por sua vez, exortou fortemente aos seus correlegionários que mantivessem o essencial e abandonassem a oposição em pontos tais como a disputa sobre a validez da eleição de Fernando como Rei dos Romanos, o que fez dele herdeiro do Sacro Imperador Carlos V, seu irmão; Fernando governava o império nas ausências do irmão. Assumiria a dignidade de Sacro Imperador em 1556 e foi coroado em 1558. Mas o sultão estava naquele momento levando as suas ameaças à prática e alguns dos Estados protestantes foram levados pelo patriotismo e pelo temor à recriminação de estar ociosos e assim se mobilizaram em apoio do imperador para salvar a cristandade.



Depois de tediosas negociações alcançou-se um acordo em 23 de julho e a paz de Nuremberga foi promulgada em 3 de agosto. O Imperador, sob compromisso de honra, em seu próprio nome, garantia aos evangélicos a manutenção do status quo até a convocatória do concílio, ou se não ele tivesse lugar dentro de um ano, até à próxima Dieta. Não era uma garantia absoluta de que os casos levados ante o Reichskammergericht fossem retirados, mas era uma "segurança" assegurada pessoalmente por parte do imperador, que ainda estava mais debilitado pela exigência de que uma aplicação formal fora feita em cada caso. Numa palavra, o acordo que ficaria conhecido como a Paz Religiosa de Nuremberga foi mais uma trégua que uma paz; mas significava, depois de tudo, uma considerável vitória para os evangélicos. O Recesso de Ausburgo, o qual a fação católica na Dieta tinha insistido tão fortemente, foi anulado. O status legal das igrejas protestantes ficou assegurado, pelo menos momentaneamente, e Lutero ficou satisfeito, porque Paz Religiosa de Nuremberga garantia suficientes vantagens inclusivamente para aqueles que no futuro se fizessem protestantes, embora não estivessem expressamente incluídos nas suas cláusulas. Sob o amparo da Paz Religiosa de Nuremberga, a Reforma fez grandes progressos anos nos seguintes e ela permaneceu um útil ponto de partida para posteriores negociações.


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Fontes Utilizadas:
Vários “Sítios” e enciclopédias na Internet e ainda algumas obras em papel.
Respigado daqui e dali.

Carlos António da Rocha

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