… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

13 - “Cinco palavras” (I Coríntios 14:19)


C. H. Mackintosh

Breves Meditações
13 - “Cinco palavras” 
(I Coríntios 14:19)(1)
É sempre maravilhoso observar a maneira como as palavras da Escritura cativam o coração. Elas são certamente “como aguilhões, e como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias.” (2) Às vezes, uma breve oração, ou uma simples frase, prendem o coração, penetram a consciência ou ocupam a mente de tal forma que demonstram, sem dúvida, a divindade do livro em que se encontram. Que força de argumento, que plenitude de significado, que poder de aplicação, que perfeição das origens da natureza, que descoberta do coração, que acuidade e inteligência, que energia acumulada encontramos de cima a abaixo nas páginas sagradas! Deleitamo-nos cada vez que paramos a considerar estas coisas; mas, mais particularmente num tempo como o presente, quando o inimigo do homem está procurando, por todos os meios possíveis, manchar a honra do inspirado Volume.

Todos estes pensamentos foram não poucas vezes sugeridos à mente por meio da expressão que constitui o título do presente artigo. Diz o humilde e devoto Apóstolo: “Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.”(3) Que importante é que todos os que discursam recordem isto! Sabemos, naturalmente, que as línguas tiveram o seu valor. Elas foram “um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis” (4). Mas, na Assembleia, elas não serviam de nada, a menos que houvesse um intérprete.

A grande finalidade do falar na Assembleia é a edificação, e este fim só pode ser logrado, como sabemos, por pessoas que entendem o que se lhes diz. É absolutamente impossível que um irmão possa edificar-me se não posso entender o que ele me diz. Terá de falar numa linguagem inteligível e numa voz audível, pois, do contrário, não poderei receber qualquer edificação. Isto, seguramente, é claro e muito digno da maior atenção de todos quantos falam em público.

Mas, além disso, bem faríamos em ter em conta que a nossa única autorização para pararmos e falarmos na Assembleia é que o Senhor mesmo nos tenha dado algo para dizer. Se forem só “cinco palavras”, profiramos as cinco e sentemo-nos. Nada pode ser mais insensato que intentar falar “dez mil palavras” quando Deus nos tem dado não mais que “cinco”. É lamentável que isto ocorra com tanta frequência! Que graça seria se tão só nos mantivéssemos dentro da nossa medida! Essa medida pode ser pequena. Isso não importa; sejamos simples, ferventes e genuínos. Um coração fervoroso é melhor que uma cabeça brilhante; e um espírito veemente é melhor que uma língua eloquente. Quando há um desejo sincero e genuíno de promover o bem das almas, poder-se-á ver que esse desejo é mais efectivo com os homens e mais aceitável a Deus do que os mais brilhantes dons, sem ele. Não há dúvida de que deveríamos anelar fervorosamente os melhores dons; mas também devemos recordar o caminho “mais excelente” (6), isto é, o caminho do amor, o qual sempre se oculta a si mesmo e procura somente o beneficio dos demais. Não estamos dizendo que valorizamos menos os dons, mas que valorizamos mais o amor.

Por fim, recordar que a subsequente regra simples ajudará muitíssimo a elevar o tom do ensino e a pregação públicas: «Não se ponha a buscar algo de que falar porque tenha a oportunidade de falar; mas fale por quanto tem algo a dizer que deve ser dito». Isto é muito simples. É algo miserável que alguém esteja meramente reunindo o material suficiente para ocupar um determinado espaço de tempo. Isto nunca deveria ocorrer. Que aquele que ensine ou aquele que pregue prestem a devida atenção ao seu ministério; que cultivem o seu dom; que dependam de Deus para ser o Seu guia, poder e bênção; que vivam no espírito de oração, e que respirem a atmosfera da Escritura. Então, estarão sempre prontos para ser usados pelo Senhor, e as suas palavras ―quer sejam “cinco” ou “dez mil”― seguramente glorificarão a Cristo e serão uma bênção para os demais. Mas, em caso nenhum, por certo, um irmão se deveria levantar para se dirigir aos seus semelhantes, sem a convicção de que Deus lhe tem dado algo para dizer, e sem o desejo de dizê-lo para edificação. (7)

Notas:
(1) “Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.”
(2) Ec 12:11
(3) 1Co 14:19
(4) 1Co 14:22 “De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis.”
(5) Fervescente adj. 2 gén. o m. q. fervente. (Do lat. fervescente, «id.», part. pres. de fervescâre, «começar a ferver; entrar em ebulição») fervente adj. 2 gén. que ferve; (fig.) fervoroso; ardente; tempestuoso. (Do lat. fervente, «id.», part. pres. de fervôre, «ferver»)
(6) 1Co 13
(7) Artigo n.º 11 (volume II)

http://www.verdadespreciosas.com.ar/index.html

Tradução de Carlos António da Rocha

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Esta tradução é de livre utilização, desde que a sua ortografia seja respeitada na íntegra porque já está traduzida no Português do Novo Acordo Ortográfico e que não seja nunca publicada nem utilizada para fins comerciais; seja utilizada exclusivamente para uso e desfruto pessoal.

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