035 - A VERDADE ACERCA DO BAPTISMO,
por José Fontoura (14/XI/1921 – 29/XII/1996)
obreiro a tempo
integral entre os Irmãos, na Região da Beira-Vouga.
BAPTISMO E O TEXTO APÓCRIFO
Marc 16:9-20. Qualquer doutrina que tome por base este texto, é inútil. Apenas serve para aumentar e agravar a confusão e os erros que já existem. Estes últimos doze versículos não se encontram nos manuscritos mais antigos e credíveis. É certo que outros, menos conceituados, o contêm, mas desigual em todos eles. Sabe-se com segurança que o referido trecho não é da autoria de Marcos. Desconhece-se quem o fez e se o nosso Senhor proferiu as palavras que ali Lhe são atribuídas Muitos eruditos têm procurado uma explicação para esta lacuna, sem a terem encontrado. Conseguintemente, ninguém possui autoridade para discutir ou estabelecer doutrina nesta base. Fazê-lo, é o mesmo que edificar sobre areia, por se tratar de um TEXTO APÓCRIFO.
BAPTISMO E A GRANDE HERESIA
No dizer da doutrina negadora do baptismo, este contava para a remissão dos pecados, durante o ministério terreno do Senhor Jesus e nos primórdios da Igreja Assim, baptismo seria meritório, indispensável ao perdão e, consequentemente, à própria salvação. Aquela doutrina socorre-se de Marcos 16:16 e Actos. 2:38. No que concerne à parte referenciada em Mateus, está demonstrado não ser genuína. Transitemos, pois, para Actos.
Lucas, escritor deste livro, desempenhou o papel de um brilhante historiador. Um historiador cuida mais da narração dos factos do que da ordem das palavras. Se ele aqui fosse doutrinador, adoptaria critério diferente "Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”. Pedro pregou. Mas nós lemos o que Lucas escreveu. Andaríamos muito mal se perfilhássemos o método sectário de isolar um texto para impor uma doutrina. Por seguirmos outro princípio, depois de 2:38 temos também 3:19: "Arrependei-vos, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados". A mensagem é a mesma dada pelo mesmo pregador, na mesma cidade e ao mesmo povo. Também o escritor é o mesmo. Entretanto, confrontando os dois versículos a impressão é a de que no primeiro, o perdão dos pecados era uma consequência do baptismo sem conversão, e no segundo, que o mesmo perdão resultaria da conversão, sem baptismo. Pondo de parte este raciocínio simplista e conferindo os dois versículos conjuntamente, verificamos que eles se completam entre si. Deste modo se nos depara um processo com todos os ingredientes: - Pregação, arrependimento, perdão, conversão, dom do Espírito Santo e, por fim, o baptismo na água. Tudo isto, fora o baptismo na água, constitui uma só experiência.
Antes do Calvário e o Pentecostes, já os pecadores eram perdoados e salvos, exclusivamente com base na fé, sendo baptizados depois. Uma simples olhadela por alguns pontos basta para o provar. O PARALÍTICO DE CAFARNAUM - "Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados são os teus pecados". A PECADORA DA CIDADE - "Perdoados são os teus pecados. A tua fé te salvou; vai-te em paz". A MULHER COM UM FLUXO DE SANGUE - 'Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz" O CEGO DE JERICÓ - Jesus lhe disse: Vê; a tua fé te salvou". ZAQUEU – “Disse-lhe Jesus: Hoje veto a salvação a esta casa, pois também este ó filho de Abraão". O MALFEITOR ARREPENDIDO - "Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás Comigo no Paraíso". De que estes, e outros, exceptuando o malfeitor, foram posteriormente baptizados, nenhuma dúvida nos resta. A Palavra de Deus sempre nos dá o suporte: - "Depois disto foi Jesus com Seus discípulos para a terra da Judeia, onde Se demorou com eles e baptizava. Foram ter com João e disseram-lhe: Rabi. Aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está baptizando, e todos vão ter com Ele". "O Senhor soube que os fariseus tinham ouvido que Ele fazia e baptizava mais discípulos do que João (ainda que Jesus mesmo não baptizava, mas os Seus discípulos)".
Afirmar que o baptismo foi necessário para a remissão dos pecados, é uma das heresias mais condenáveis, por retirar ao supremo sacrifício do Calvário parte da sua perfeição e eficácia. É situar-se na esfera dogmática de religiões e seitas e causar forte "agravo ao Espírito da Graça" - Heb. 10:29.
BAPTISMO E SIMBOLISMO
De todos quantos observaram e praticaram este sacramento, Paulo foi o único que expôs e nos legou doutrina adequada. Em Rom 6:3-5, ele clarifica a doutrina dos dois baptismos - no Espírito e na água- cada um por sua ordem. Ocupemo-nos, pois, com o último. - "Fomos sepultados com Ele pelo baptismo na morte”. "Pelo baptismo", quer dizer, por meio do baptismo. Nenhum de nós foi sepultado literalmente com o Senhor. Quando descemos às águas, esse facto tomou a forma de sepultamento. Foi assim que, simbolicamente, fomos sepultados com Ele. A seguir, Paulo usa outra figura: - “Plantados juntamente com Ele". E ainda no mesmo pensamento: - "Na semelhança da Sua morte". De facto, o baptismo na água não é morte física nem sepultamento, mas comporta a semelhança de ambos e da ressurreição. É este o "valor" que cabe legitimamente ao acto: - o simbolismo.
BAPTISMO E TRANSIÇÃO
O mesmo Senhor que estabeleceu a obrigatoriedade, por meio de mandamentos, de guardar o sábado, praticar a circuncisão, dar os dízimos, oferecer sacrifícios, etc, também a aboliu. E fé-lo com tal clareza que nós o podemos provar, sem esforço, com a letra de forma do Novo Testamento. O fim de alguns dons, concedidos transitoriamente, foi previsto e predito. Disto também o Novo Testamento nos dá conta com letra de forma. Estas anulações foram tendo lugar em tempo de transição. Nesse mesmo tempo de transição, porém, o fim da prática do baptismo não foi previsto nem predito, porque o mandamento que o instituiu tem carácter permanente, até que a igreja seja recebida na glória. Esta é uma das razões pelas quais ninguém dispõe de autoridade para contestar a actualidade do baptismo, por lhe faltar a tal letra de forma.
BAPTISMO E FARISAÍSMO
A origem da doutrina que introduz incompatibilidade entre o crente e o baptismo remonta aos dias do farisaísmo cego e exclusivista - Luc. 7:30. Fariseus e doutores eram os interpretes da lei para o povo. Eles julgavam-se os grandes iluminados. O nosso Senhor, porém, chamou-lhes "condutores cegos”. Na verdade, tanto erravam no seu entendimento da Palavra que, além de desencaminharem as almas, rejeitavam o conselho de Deus, fazendo com que disso resultasse condenação para eles próprios. Que saibamos, é este o único caso, registado no Novo Testamento, em que alguém não foi baptizado por sua culpa. Eles são vistos aqui em manifesta oposição ao Senhor. Doutrina que procede de tão má cepa, não pode dar bom fruto.
A VERDADE ACERCA DO BAPTISMO
"Nada podemos contra verdade, senão pela verdade" - II Cor. 13:8. "A Lei e ao Testemunho" - exige o Senhor. "Se eles não falarem segundo esta palavra nunca verão a alva" - Isa. 8:20. E Paulo preveniu: "Eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós, para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito" -I Cor. 4:6.
O Novo Testamento está connosco. Ele diz-nos que o baptismo foi instituído pelo Senhor e confiado à Igreja, para esta o praticar, Nesta conformidade só desistiremos da obediência a este mandamento quando nos indicarem com um dedo as palavras que o anulam, se estas forem tão claras como as que o estabeleceram. Por outras palavras: Exigimos o preto no branco!
Terminamos aqui esta série de considerações. O único desejo que nos anima é o de que elas contribuam eficazmente para tornar mais clara e aceitável "A VERDADE ACERCA DO BAPTISMO" e levem os novos crentes a sentirem uma disposição mais íntima de agradar ao Senhor pela obediência ao que Ele ordenou para todos nós.
Fonte:
Refrigério n.º 05 [Nov-Dez 1987] págs 2 e 3.
http://www.refrigerio.net/edicoes_pdf.html
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