15 de outubro de 1784 • Thomas Hastings, autor do hino “ROCK OF AGES”, em português “Rocha Eterna”
“O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador…” (Salmos 18:2)
Letra : Augustus Montagne Toplady
Música: Thomas Hastings
Tradução: João Gomes da Rocha (J.G.R.)
1.
Rocha eterna, meu Jesus,
Que, por mim, na amarga cruz,
Foste morto eu meu lugar,
Morto para me salvar;
Em Ti quero me esconder,
Só Tu podes me valer.
2.
Minhas obras, eu bem sei,
Nada valem ante a lei;
Se eu chorasse sem cessar.
Trabalhasse sem cansar,
Tudo inútil, tudo em vão!
Só em Ti há salvação.
3.
Nada trago a Ti, Senhor!
‘Spero só em Teu amor!
Todo indigno e imundo sou,
Eis, sem Ti, perdido estou!
No Teu sangue, ó Salvador,
Lava um pobre pecador.
4.
Quando a morte me chamar,
E ante Ti me apresentar,
Rocha eterna, meu Jesus,
Que por mim, na amarga cruz,
Foste morto em meu lugar,
Quero em Ti só me abrigar.
HISTÓRIA
O autor intitulou-o “Uma Oração do Crente Mais Santo do Mundo para sua Vida e Morte.” Este hino de louvor e oração a Cristo, a “Rocha Eterna”, que morreu por nós, cujo sangue nos lava, e que oferece “perdão, pureza e salvação”, é um dos hinos mais difundidos e amados no mundo inteiro.
Era o costume de Augustus Toplady escrever hinos para sua congregação cantar após o seu sermão. Este hino foi registado depois do seu sermão sobre Génesis 12:5.
O tema principal da vida deste pastor anglicano era a suficiência da morte de Cristo para a nossa salvação. Toplay queria que todos entendessem bem que “nem trabalho, nem penar” contribuem para a nossa salvação, e que “nada eu tenho para Te ofertar”; quem simplesmente crer nEle subirá para o céu e verá o Seu rosto em glória!
Há diversas histórias sobre a inspiração da frase “Rocha Eterna”. No prefácio do hinário “Hymns on the Lord’s Supper” (Hinos sobre a Ceia do Senhor), publicado por Charles Wesley em 1745, foram citadas algumas linhas dum sermão intitulado “O Sacramento e Sacrifício do Cristão” da autoria de Daniel Brevint: “Não deixes que o meu coração arda com menos zelo, para segui-lO e servi-lO agora enquanto o pão está quebrado na mesa; do que ardiam os corações dos Teus discípulos quando quebraste o pão em Emaús, Ó Rocha de Israel, Rocha de Salvação, Rocha ferida e partida por mim.(…) Não deixes que a minha alma tenha menos sede do que se eu estivesse com o [Teu povo] no Monte Horeb, onde jorrou o santo sangue das feridas do meu Salvador.”
Toplady e John Wesley não concordavam em assuntos de teologia. Eram oponentes severos nos assuntos da Graça e do Livre Arbítrio.
Os seus hinos, porém, permanecem lado a lado no hinário; nenhum outro hino expressa melhor a doutrina da Expiação, a impossibilidade do homem salvar-se a si próprio e o pleno poder do sangue de Cristo para a Salvação.
Toplady comparou o “Débito do Pecado” do homem ao Débito Nacional da Inglaterra, e mostrou a futilidade do homem em querer pagar a sua própria dívida e então diz:
“Necessitamos a Deus, o Pai, por nos eleger; a Deus, o Filho, por assumir as nossas dívidas; e a Deus, o Espírito Santo, pelo Seu dom da fé em Cristo.”
A grande semelhança de fraseologia de Toplady no original dá crédito a esta posição, Toplady publicou uma estrofe deste hino em 1775, em “The Gospel Magazine” (A Revista do Evangelho), da qual era editor, juntamente com um artigo intitulado “A Vida é uma Viagem”. Depois de apresentar uma série de perguntas e respostas que demonstravam que a Inglaterra jamais poderia pagar a sua dívida nacional, comparou isso com o homem e os seus pecados. Calculou quantos pecados um homem poderia cometer até certas idades – até aos 20 anos, aos 30 anos e aos 40 anos, etc. Quando o homem chegasse aos 80 anos, o total seria de 2 522 890 000 pecados! Então apresentou a única solução, a que Cristo oferece, citando Gálatas 3.13:
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.”
(Gl 3:13 ACF)
A poesia completa em inglês de quatro estrofes apareceu na mesma revista, em Março de 1776. Este hino tem sido o consolo de pessoas em todos os continentes.
Albert, o príncipe-Consorte da rainha Vitória, recebeu grande consolação dele e pediu para que fosse cantado no seu culto fúnebre. Foi cantado nos funerais do primeiro ministro da Grã-Bretanha, William Gladstone.
Ao ouvir o hino nesta ocasião, o hinólogo A.C.Benson declarou: “Ter escrito palavras que atendam à necessidade das pessoas em momentos de emoção profunda e de aflição, consagrando, consolando, enaltecendo – dificilmente pode haver algo que tenha mais valor do que isto!”AUTOR DA POESIA
Augustus Montagne Toplady (1740-1778)
Nasceu em Farnham, no condado de Surrey. Seu pai, Major no exército da Grã-Bretanha, foi morto no cerco de Cartagena (Espanha), pouco depois do seu nascimento. Estudou na renomada Escola Westminster, em Londres, e mudando-se a família para a Irlanda, fez o seu mestrado em artes na Faculdade Trinity, em Dublin, capital da Irlanda.
Foi neste país que este culto jovem inglês teve a experiência que mudou a sua vida. Decidiu ir a um culto dos metodistas Wesleyanos, um braço calvinista da denominação. Foi a um celeiro, onde ouviu um evangelista leigo, James Morris, pregar sobre o texto de Efésios 6.13. Ali Toplady nasceu de novo! Nas suas próprias palavras: “Estranho, que eu, que tanto tempo estive exposto aos meios da graça, pudesse ser levado a direito para Deus numa parte obscura da Irlanda, com um punhado de gente reunindo-se num celeiro, e pelo ministério de um que mal podia soletrar o seu próprio nome! Certamente foi o Senhor que fez isto, e é maravilhoso! A excelência do poder tem de ser de Deus e não do homem.”
Julian afirma que o pregador Morris realmente não era tão mal instruído. Embora humilde, possuía um cérebro privilegiado e era um orador nato. Não foi a primeira nem será a última vez que um homem das grandes cidades julga mal a capacidade e a cultura do homem simples do interior.
Voltando a Inglaterra, Toplady foi consagrado ao ministério anglicano em 1762. Serviu em três Igrejas e, de 1775, em diante, pregou numa igreja Calvinista francesa em Londres. Ardente calvinista, escreveu o livro “Prova Histórica da Doutrina do Calvinismo da Igreja Anglicana”.
Travou, na boa tradição inglesa, um debate longo e acirrado com João Wesley sobre diferenças doutrinárias. Escreveu muitos hinos. Publicou um livro de poesia sacra, “Psalms and Hymns for Public Worshi”p (Salmos e Hinos para o Culto Público). As Suas obras completas foram publicadas postumamente em seis volumes, em 1825.
Toplady, altamente respeitado como líder evangélico espiritual, faleceu muito jovem, aos 38 anos, de sobrecarga de trabalho e tuberculose. Pouco antes de morrer, disse: “O meu coração a cada dia bate cada vez mais forte pela Glória. A enfermidade não é aflição, a dor nenhuma aflição causa, a morte nenhuma aflição causa (…). As minhas orações estão agora convertidas em louvor.”
Julian disse dele que, mesmo que fosse às vezes, um homem de palavras impetuosas, era “uma chama de devoção genuína que se queimava na frágil candeia do seu corpo sobrecarregado e gasto. (…) A sua grandeza era a bondade”.
O hino “ROCK OF AGES” (em inglês, no original)
Rock of Ages, cleft for me,
Let me hide myself in Thee;
Let the water and the blood,
From Thy wounded side which flowed,
Be of sin the double cure;
Save from wrath and make me pure.
Not the labor of my hands
Can fulfill Thy law’s demands;
Could my zeal no respite know,
Could my tears forever flow,
All for sin could not atone;
Thou must save, and Thou alone.
Nothing in my hand I bring,
Simply to the cross I cling;
Naked, come to Thee for dress;
Helpless look to Thee for grace;
Foul, I to the fountain fly;
Wash me, Savior, or I die.
While I draw this fleeting breath,
When mine eyes shall close in death,
[originally When my eye-strings break in death]
When I soar to worlds unknown,
See Thee on Thy judgment throne,
Rock of Ages, cleft for me,
Let me hide myself in Thee.
COMPOSITOR DESTE HINO
Thomas Hastings
Thomas Hastings (15 de Outubro de 1784 - 15 de Maio 1872) foi um extraordinário compositor de música sacra norte-americano, principalmente autor de melodias para hinos dos quais o mais conhecido é “Toplady”, “Rock of Ages”.
Filho de um médico, Hastings cresceu como garoto de fazenda, caminhando seis quilómetros para frequentar a escola, no inverno. Ele começou a sua carreira profissional como professor de música. De 1832 até sua morte, Hastings treinou coros e escreveu música religiosa. Ele escreveu quase 1000 músicas de hinos e 600 hinos (textos poéticos).
O seu filho, aquele se tornou presidente do Union Theological Seminary (Seminário Teológico União), disse do seu pai: “Ele era um cristão devoto e sincero, um estudante duro, firme e trabalhador, apenas deixando de lado a sua pena três dias antes de sua morte!”
Thomas Hastings, o extraordinário músico norte-americano, embora sofresse muito da visão, foi autor de mais de 50 volumes de música sacra: 1000 melodias e 600 textos originais, além de publicar mais de 50 colectâneas de muito valor. Dedicou a sua vida à tarefa de elevar e melhorar a música das igrejas do seu país. Uma vez escreveu: “A homenagem que devemos ao Deus omnipotente requer o mais nobre e reverente tributo que a música possa render.”
As obras de Hastings incluem:
Musica Sacra, 1816
The Musical Taste, 1822
Spiritual Songs for Social Worship (Utica, New York: 1831-32), com Lowell Mason
The Mother’s Hymn-Book, 1834, enlarged 1850
The Christian Psalmist (New York: 1836)
Devotional Hymns and Poems (New York: 1850)
Church Melodies (New York: 1858).
TRADUTOR DO HINO PARA PORTUGUÊS
João Gomes da Rocha (1861-1947)
Nasceu no Rio de Janeiro em 14 de Março de 1861, filho de Antônio Gomes da Rocha e de D. Maria do Carmo, portugueses.
Foi adoptado pelo Dr. Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, missionários ingleses, pioneiros no Brasil.
Estudou medicina em Londres. Foi médico missionário na Inglaterra, Madagascar e África.
O Dr. Rocha aproveitou-se de uma viajem que fez à América do Sul para visitar a família no Brasil e tornou-se membro da Igreja Evangélica Fluminense, fundada pelo casal Kalley.
O Dr. Rocha, que estudou música na Escócia, cooperou activamente com Dª Sarah após o falecimento do seu esposo, no preparo de algumas edições de Salmos e Hinos, o primeiro hinário evangélico brasileiro.
Depois da morte de Dª Sarah, continuou a obra. Preparou várias edições de hinário até 1919, quando a dotou de valiosos índices a quarta edição com música. Ele também produziu numerosos hinos, entre traduções, adaptações e trabalhos originais, 62 dos quais se encontram em Salmos e Hinos de 1975, 15 no Cantor Cristão de 1971 e 05 na Harpa Cristã: 047 - “Rocha e Eterna” ; 187 – “Mais perto, meu Deus, de Ti” ; 573 – “A graça de nosso Senhor” ; 591 – “Pura, sim, mais pura” e o 636 – “Por nossa pátria oramos.”
Faleceu em 1947, na Escócia, onde morava, mas seu coração nunca saiu do Brasil, a sua terra natal, e do ministério da hinografia brasileira.
Fonte:
HCC-Notas históricas, pág. 19
Histórias de Hinos e Autores – CMA – Conservatório Musical Adventista
Bibliografia: Gospel Magazine, março de 1776, in: Julianm John, A Dictionary of Hymnology, Dover Edition,New York, Dover Publications, 1957.
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Carlos António da Rocha
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Carlos António da Rocha
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