Leituras Cristãs
DIÁLOGO ENTRE ALCUÍNO DE YORK
(735-804) E PEPINO (781-810)
Alcuíno de York foi um monge beneditino inglês, poeta,
professor e sacerdote católico. Nasceu na Nortúmbria (Grã-Bretanha), em 735, e
morreu 19 de maio, 804.
Escreveu um livro com exercícios de matemática que, quanto
a mim, poderia substituir com resultados mais proveitosos alguns dos manuais
escolares atualmente em uso, e fundou o palácio-escola de Aix-la-Chapelle, a
pedido de Carlos Magno. Alcuíno ensinava através de adivinhas e charadas.
Acreditava que se deve ensinar divertindo. Os diálogos que nos deixou, entre
ele próprio e Pepino, um menino de 12 anos, iniciam-se com esta pergunta de
Pepino: "O que é a fé?" A esta questão responde Alcuíno: "A
certeza das coisas não sabidas e admiráveis."
O diálogo, é a Disputatio (discussão) entre o mestre
Alcuíno e o segundo filho de Carlos Magno, o jovem Pepino. Quando Alcuíno em
781 - a pedido de Carlos Magno -, se encarrega da Escola Palatina, tem já
cinquenta anos de idade, enquanto Pepino, é apenas uma criança de cinco. Pelo
próprio texto da Disputatio, pode supor-se que Alcuíno fosse oficialmente o
precetor de Pepino, o que teria ocorrido durante a primeira estada de Alcuíno
junto a Carlos Magno (781-790). Trata-se, portanto, de um diálogo em que um
garoto de doze ou treze anos, faz perguntas ao mestre ancião a respeito de
tudo: do homem e do mundo; da vida e da morte. Nas respostas de Alcuíno,
encontramos toda uma visão de mundo da época, "une sorte de digest d'une
grandeur étonnante", mais preocupado com a verdade do que com a forma
literária. 
P: O que é a escrita?
A: A Guardiã da História.
P: O que é a palavra?
A: A Guardiã da Alma.
P: O que dá origem à palavra?
A: A língua.
P: O que é a língua?
A: O açoite do ar...
(...)
P: Que é o Homem?
A: Servo da morte, caminhante passageiro, sempre um
hóspede em qualquer lugar.
(...)
P: O que é o inverno?
A: O exílio do verão.
(...)
P: Mestre, tenho medo de ir ao alto!
A: Quem te trouxe para o alto?
P: A curiosidade.
A: Se tens medo, descerei. Eu te seguirei aonde quer que
vás.
P: Se eu soubesse o que é um navio, prepararia um para ti,
para que viesses a mim.
A: Um navio é uma casa errante, é hospedaria em qualquer
parte, um viajante que não deixa pegadas, um vizinho da areia.
(...)
A: O que é que é e que não é?
P: O nada.
P: O que é a escrita? 
A: O guarda da história. 
P: O que é a palavra? 
A: A delatora dos segredos da alma.
P: Quem gera a palavra? 
A: A língua. 
P: O que é a língua? 
A: O chicote do ar. 
P: O que é o ar? 
A: O guarda da vida. 
P: O que é a vida? 
A: A alegria dos ditosos, a aflição dos miseráveis, a
espera da morte. 
P: O que é a morte? 
A: Um fato inevitável, uma incerta peregrinação, lágrimas
dos vivos, confirmação dos testamentos, ladrão do homem.
P: Que é o homem? 
A: Servo da morte, caminhante passageiro, sempre um
hóspede em qualquer lugar. 
P: A que é semelhante o homem? 
A: A um fruto. 
P: Qual a condição humana? 
A: A de uma candeia ao vento. 
P: Como está ele situado? 
A: Dentro de seis paredes. 
P: Quais? 
A: Acima, abaixo; diante, detrás; direita e esquerda. 
P: De quantos modos ele é variável? 
A: De seis modos. 
P: Quais? 
A: Pela fome e saciedade; pelo repouso e trabalho; pela
vigília e sono. 
P: O que é o sono? 
A: Imagem da morte. 
P: O que é a liberdade do homem? 
A: A sua inocência. 
:
P: O que é a cabeça? 
A: O cimo do corpo.
P: O que é o corpo? 
A: A morada da alma. 
P: O que é a cabeleira? 
A: A veste da cabeça. 
P: O que é a barba? 
A: Distinção do sexo, honra da idade.
P: O que é o cérebro? 
A: O conservador da memória.
P: O que são os olhos? 
A: Os guias do corpo, recipientes de luz, indicadores da
alma. 
P: O que são as narinas? 
A: Os condutos dos aromas. 
P: O que são os ouvidos? 
A: Captadores de sons. 
P: O que é a fisionomia? 
A: A imagem da alma. 
P: O que é a boca? 
A: A alimentadora do corpo.
P: O que são os dentes? 
A: Moinho de morder.
Diálogo entre Alcuíno de York (735-804) e Pepino (781-810)
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