… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

sábado, 26 de julho de 2014

6 - ORIENTAÇÕES PARA OS NÃO-CONVERTIDOS

UM GUIA SEGURO PARA O CÉU 
Joseph Alleine ( primeira edição de 1671)
  
UM GUIA SEGURO PARA O CÉU



6


ORIENTAÇÕES PARA OS NÃO-CONVERTIDOS

Antes de ler estas orientações, admoesto-vos, sim, eu vos responsabilizo diante do Senhor e de Seus santos anjos, a que se resolvam a segui-las, à medida que as vossas consciências se convençam de que são compatíveis com a Palavra de Deus e com a vossa situação; e peçam a Deus a Sua ajuda e a Sua bênção para que possam ser bem-sucedidos. Assim como busquei ao Senhor e consultei os Seus oráculos a respeito dos conselhos que lhes dou, da mesma maneira devem acolhê-los com aquele respeito, reverência e propósito de obediência que a Palavra do Deus vivo requer.



Agora prestem atenção: "Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós; ... porque esta palavra não nos é vã, antes é a vossa vida..." (Deuteronómio 32:46-47). Este é o alvo de todas as palavras que foram ditas até aqui: levá-los a ter os vossos corações voltados para Deus. Não quero causar-lhes atribulações nem atormentá-los antes da hora com pensamentos da miséria eterna, mas desejo que escapem dela. Se vocês estivessem encerrados em vosso atual estado de miséria sem recurso, seria misericordioso deixá-los em paz, para que pudessem gozar daquele pequeno conforto que podem ter neste mundo; mas ainda podem ser felizes, se não recusarem teimosamente os meios para a vossa recuperação. Vejam: mantenho a porta aberta para vocês; levantem-se, fujam! Coloco o caminho da vida diante de vocês; andem nele e não morrerão, mas viverão. Entristece-me a possibilidade de vocês se tornarem suicidas, atirando-se no abismo, não obstante, Deus e os homens estarem gritando para vocês: "Poupem-se a si mesmos".



A destruição dos ímpios é voluntariosa. Deus, que os criou, clama-lhes como Paulo clamou ao carcereiro prestes a suicidar-se: "Não te faças nenhum mal..." Os ministros de Cristo os previnem e os buscam, e teriam grande alegria se eles se voltassem; mas pobres infelizes, nenhuma admoestação ou súplica os impedirão, porém os homens irão arremessar-se na perdição, enquanto a própria piedade os observa.



Que direi eu? Não se entristeceria qualquer ser humano que, em tempo de violenta epidemia, tivesse um remédio que curasse, infalivelmente, toda a nação e recuperasse a maioria dos pacientes desenganados, e, não obstante, os seus próprios amigos e vizinhos morressem às centenas ao seu redor, devido a não usarem aquele remédio? Amigos e irmãos, embora tenham estampados em vossas faces certos sintomas da morte, eu ainda tenho um remédio capaz de curá-los infalivelmente. Sigam estas orientações, e se vocês, então, não ganharem o Céu, estarei disposto a perdê-lo.



Ouça, então, ó pecador, e se quiser ser convertido e salvo, siga as seguintes orientações:



I. Estabeleça para si mesmo, como uma verdade infalível, que é impossível ir para o Céu enquanto permanecer nesse seu estado de incrédulo.



Pode alguém, senão Cristo, salvá-lo? E Ele diz-lhe que jamais o fará, a menos que você seja regenerado e convertido. Não é Ele quem tem as chaves do Céu? E como você poderá entrar lá sem a Sua permissão? Seria a única maneira, se quiser entrar na sua condição natural, sem uma conversão genuína e total.



2. Esforce-se para obter uma visão completa e um sentido e sentimentos vivos de seus pecados. Enquanto os homens não estiverem cansados e oprimidos, e com seus corações aflitos, não buscarão a cura em Cristo nem perguntarão sinceramente: "O que devemos fazer?" Eles precisam ver a si mesmos como homens mortos, antes de se voltarem para Cristo, a fim de que vivam. Esforce-se, portanto, no sentido de colocar todos os seus pecados em ordem diante de você; não tema olhar para eles, mas permita que o seu espírito faça um cuidadoso exame. Esquadrinhe o seu coração e a sua vida; faça um completo exame de si mesmo e de todos os seus caminhos, até que possa fazer uma descoberta total; peça o auxílio do Espírito de Deus, ciente da sua própria incapacidade de fazê-lo sozinho e considerando que é próprio dEle a obra de convencer o homem do seu pecado. Exponha tudo diante da sua consciência, até que o seu coração e s seus olhos chorem. Não pare de lutar com Deus e com a sua alma, até que ela clame, sob o sentimento dos seus pecados, como o carcereiro iluminado: "...que é necessário que eu faça para ser salvo?"



Com este propósito:



Medite sobre o número de seus pecados. O coração de David desmaiou quando ele pensou nisso e concluiu que tinha mais pecados que os cabelos de sua cabeça. Isso o fez clamar pela multidão das ternas misericórdias de Deus. A carcaça repugnante não fica mais abominavelmente cheia de vermes rastejantes do que a alma não-santificada com as suas concupiscências imundas. Elas enchem a cabeça, o coração, os olhos e a boca do indivíduo. Olhe para trás: onde e quando foi que você não pecou? Olhe interiormente: que parte ou poder você pode encontrar na alma ou no corpo que não tenha sido envenenado pelo pecado; que tarefa você realizou em que não foi disseminado esse veneno? Oh, quão grande é a soma de seus débitos; você que passou toda a sua vida endividado e jamais pagou ou poderá pagar um centavo sequer! Examine o pecado de sua natureza e todos os seus frutos amaldiçoados, os pecados de sua vida. Lembre-se de todas as suas omissões e comissões; os pecados de seus pensamentos, palavras e ações; os pecados da sua juventude e os pecados de seus anos mais maduros. Não se assemelhe a um falido desesperado que tem medo de examinar os seus balanços. Leia os registos da consciência cuidadosamente. Esses livros, mais cedo ou mais tarde, precisam ser abertos.



Medite sobre os agravos de seus pecados pois são os grandes inimigos de Deus em sua vida e na vivência de sua alma; em suma, são os inimigos públicos de toda a humanidade. Vemos como David, Esdras, Daniel e os bons levitas agravaram os seus pecados, se considerarmos a sua oposição a Deus e às Suas boas e justas leis, assim como às Suas misericórdias e admoestações, contra as quais eles haviam pecado! Oh quão grande estrago o pecado tem feito no mundo! Ele é o inimigo que trouxe a morte; que roubou e escravizou o homem; que pôs o mundo de cabeça para baixo, semeou as dissensões entre os homens e as demais criaturas, entre homem e homem, sim, entre o homem e si mesmo, colocando a parte animal contra a parte racional, a vontade contra o julgamento, o desejo contra a consciência; sim, e o pior de tudo, entre Deus e o homem, tornando o pecador abominável a Deus e abominador de Deus. Ó homem, como você pode tratar o pecado com tamanha leviandade? Esse é o traidor que estava sedento do sangue do Filho de Deus, que O vendeu, que zombou dEle, que O açoitou, que cuspiu no Seu rosto, que rasgou as Suas mãos, que perfurou o Seu lado, que oprimiu a Sua alma, que mutilou o Seu corpo, que não O deixou enquanto não O amarrou, condenou, desnudou, crucificou e expôs à vergonha pública. Esse é o veneno mortal, tão poderoso que uma só gota dele derramada na raiz da humanidade, corrompeu, estragou, envenenou e arruinou toda a raça. É o carrasco sanguinário que matou os profetas, queimou os mártires, assassinou todos os apóstolos, todos os patriarcas, todos os reis e potentados; que destruiu cidades, engoliu impérios e devorou nações inteiras. Qualquer que tenha sido a arma utilizada, foi o pecado que causou a execução. Você ainda acha que é uma coisa insignificante? Se Adão e seus filhos pudessem ser tirados das suas covas, e seus corpos empilhados até o Céu, e se se fizesse uma pesquisa quanto ao assassino sem rival que fosse culpado daquele sangue, seria apontado o pecado. Estude a natureza do pecado, até que o seu coração se incline a temê-lo e a detestá-lo; e medite sobre o agravo de seus pecados em particular, como você tem pecado contra todas as advertências e misericórdias de Deus, contra as suas próprias orações, contra as correções, contra a mais clara luz, contra o amor gratuito, contra as suas próprias resoluções, contra promessas, votos e pactos de melhor obediência. Responsabilize o seu coração por tudo isso, até que ele core de vergonha e seja liberto de toda a boa impressão a respeito de si mesmo.



Medite sobre o merecimento do pecado. Ele clama ao Céu; clama por vingança. Os seus justos salários são a morte e a perdição. Ele traz a maldição de Deus sobre a alma e o corpo. A mínima palavra ou pensamento pecaminoso coloca você sob a infinita ira de Deus. Oh, que carga de ira, que peso de maldição, que tesouros, que vingança merecem seus milhões de pecados! Oh, julgue-se a si mesmo para que o Senhor não precise julgá-lo.



Medite sobre a deformidade e a poluição do pecado. É negra como o Inferno, a verdadeira imagem e semelhança do Diabo projetada sobre a alma. Você ficaria horrorizado ao ver-se na abominável deformidade de sua natureza. Não há um lodaçal tão impuro; nenhuma praga ou lepra é tão fétida quanto o pecado onde você está mergulhado e ao qual está entregue, desagradando muito mais a pura e santa natureza do glorioso Deus, do que o mais vil objeto pode desagradar você. Acha que poderia pegar um sapo no colo, acariciá-lo e ter prazer nele? Mas, da mesma forma, você está contra a pura e perfeita santidade da divina natureza, enquanto não for purificado pelo sangue de Jesus e pelo poder da graça renovadora.



Acima de todos os outros pecados, considere esses dois:(1) O pecado do seu coração. Não vale a pena cortar os galhos se a raiz da corrupção se mantiver intacta. Em vão os homens esvaziam os regatos se a fonte continua a correr e os enche novamente. Deixe o machado do seu arrependimento, como o de David, ir até a raiz do pecado. Considere quão profunda e quão permanente é a sua poluição natural; quão universal ela é, até que você clame, como Paulo, contra o seu "corpo da morte". O coração jamais se torna completamente quebrantado, enquanto não se convence totalmente da sua depravação original, hedionda e profundamente enraizada. Fixe nisso os seus pensamentos. É ele que o torna renitente a todo o bem e propenso a todo o mal; que espalha cegueira, orgulho, preconceito e incredulidade na sua mente; inimizade, inconstância e obstinação na sua vontade; sentimentos desordenados de altos e baixos nas suas afeições; insensibilidade e infidelidade na sua consciência; instabilidade na sua memória. Enfim, ele desequilibra todo o mecanismo da alma, e faz com que, uma habitação de santidade se transforme num verdadeiro inferno de iniquidade. É ele que tem corrompido e pervertido todos os seus membros, transformando-os em armas de injustiça e servos do pecado; que tem enchido a sua mente de desejos carnais e corruptos; a mão, de práticas pecaminosas; os olhos, de delírio e de caprichos; a língua, de veneno mortal. É isso que tem aberto os ouvidos às fábulas, às conversas enganadoras e impuras, e os tem fechado às instruções da vida; e tem submetido o seu coração à maldita fonte de todas as imaginações mortais, de modo que flui incessantemente a sua impiedade assim como a fonte jorra naturalmente as suas águas ou como o mar furioso lança lodo e sujeira. E você ainda morre de amores por si mesmo e nos fala de seu bom coração? Oh, nunca deixe de meditar na infecção desesperada, na corrupção natural do seu coração, até que, como Efraim, lamente a sua situação, e com a mais profunda vergonha e tristeza bata no seu peito, como o publicano; e, como Job, aborreça-se a si mesmo e se arrependa no pó e nas cinzas,



(2) Aquele pecado particular ao qual você está mais inclinado.



Procure descobrir todos os agravos dele; repare bem no seu coração que todas as ameaças de Deus contra ele. O arrependimento guia diante de si o elenco todo, mas especialmente atira a flecha naquele pecado de estimação e o destaca dos demais, a fim de destruí-lo. Oh, esforce-se para tornar esse pecado odioso à sua alma e duplicar a sua defesa e as suas resoluções contra ele, pois é o mais desonroso a Deus, e também o mais perigoso para você.



3. Procure ter no coração um profundo sentido de sua miséria atual.



Leia e releia atenciosamente o capítulo anterior e ponha-o no seu coração. Lembre-se, quando se deitar, de que existe a possibilidade de acordar nas chamas eternas; e quando se levantar, lembre-se de que antes de chegar a noite, talvez faça a sua cama no Inferno. Não significa nada para você o fato de viver nesse estado de medo, cambaleando à beira do abismo; viver sujeito às doenças que, se o acometerem, o enviarão direto para as chamas ardentes? Suponha que tenha visto um ímpio condenado e suspenso sobre a terrível fornalha flamejante de Nabucodonosor, seguro apenas por um cordão prestes a romper-se; isso não abalaria o seu coração? Você é esse homem; é exatamente esse o seu caso, ó homem, ó mulher, que lê isto, caso ainda não seja convertido. O que acontecerá se a linha da sua vida se quebrar —e você não sabe se isso acontecerá na próxima hora, no próximo momento—, para onde irá, então? Onde é que vai cair? Na verdade, quando essa linha se arrebentar você vai cair no lago que arde com fogo e enxofre, onde ficará para todo o sempre, caso venha a morrer no estado em que se encontra. E a sua alma não treme à medida que você lê? As suas lágrimas não molham o papel e o seu coração não palpita em seu peito? Você ainda não começou a bater no peito e a pensar no quanto precisa mudar? Oh, de que é feito o seu coração? Não apenas tem perdido todo o respeito a Deus, mas também todo o amor e piedade por si mesmo?



Oh, reflita sobre a sua miséria até que seu coração clame por Cristo tão ardentemente como aquele que está se afogando clama por um barco ou o ferido por um médico. Os homens precisam ver o perigo e sentir o sofrimento das suas dores e doenças mortais, ou Cristo será um médico inútil para eles. O homicida involuntário corre para a cidade de refúgio, quando perseguido pelo vingador do sangue; mas os homens precisam até mesmo serem forçados e tirados de si mesmos, ou nunca se chegarão a Cristo. Foram a tristeza e o desespero que fizeram o pródigo voltar. Enquanto Laodiceia se considerar rica, pródiga em bens, sem necessidade de nada, há pouca esperança. Ela precisa estar profundamente convencida da sua desventura, cegueira, pobreza e nudez antes de se voltar para Cristo, a fim de adquirir o Seu ouro, vestimentas e colírio. Portanto, mantenha abertos os olhos da consciência, contemple a sua miséria tanto quanto possível, não fuja da visão dela por temer que o encha de terror. O fato de sentir a sua miséria é como se fosse a supuração da ferida, o que se faz necessário para que haja cura. É melhor temer agora os tormentos que o esperam, do que senti-los na vida futura.



4. Proponha em seu coração que é preciso procurar ajuda fora de si mesmo e fora de seus feitos.



Não pense que por orar, ler e ouvir a Palavra de Deus, confessar os pecados e corrigir-se você efetuará a cura. Todas essas são necessárias, mas você estará destruído se confiar apenas nelas. Você será um homem perdido se esperar escapar do afogamento agarrando-se a outra tábua de salvação, senão a Cristo. É preciso despir-se de si mesmo, renunciar à sua própria sabedoria, à sua própria justiça, à sua própria força, e lançar-se completamente sobre Cristo, caso contrário, não escapará. Enquanto os homens confiarem em si mesmos, estabelecerem a sua justiça própria, e confiarem na carne, não buscarão a salvação em Cristo. É preciso saber que seu lucro é perda, sua força é fraqueza, sua justiça é trapo de imundícia, antes que haja uma união eficaz entre Cristo e você. Será que o corpo sem vida pode livrar-se de sua mortalha e soltar os laços da morte? Se pode, então você poderá recuperar-se, estando morto em delitos e pecados e sob a impossibilidade de servir o seu Criador de modo aceitável, nas condições em que se encontra. Por conseguinte, quando orar, meditar ou realizar qualquer de suas obrigações aqui mencionadas, saia de si mesmo e peça a ajuda do Espírito, como que sem esperança de fazer qualquer coisa que agrade a Deus com suas próprias forças. Contudo, não negligencie as suas obrigações. Enquanto o eunuco lia a Palavra de Deus, o Espírito Santo enviou-lhe Filipe. Quando os discípulos estavam orando e Cornélio e seus amigos o ouviam, o Espírito Santo veio sobre eles e os encheu com a Sua plenitude!



5. Daqui em diante, renuncie a todos os seus pecados.



Se você se entregar à prática de um pecado qualquer, estará perdido. Esperará em vão a vida através de Cristo, a menos que deixe a iniquidade. Abandone os seus pecados, ou não achará misericórdia. Você não pode desposar Cristo se não se divorciar do pecado. Repudie o traidor, senão não poderá ter paz com o Céu. Não mantenha Dalila em seu colo. Ou se separa de seus pecados ou perderá a sua alma; se poupar um único pecado, Deus não poupará você. Seus pecados têm de morrer, ou você morrerá por causa deles. Se permitir um só pecado, ainda que seja pequeno; um pecado secreto, embora argumente que precisa dele; se tiver centenas de evasivas e desculpas para ele, a vida da sua alma será sacrificada pela vida desse pecado. Nesse caso, ele não terá sido adquirido por um preço elevado?



Ó pecador, ouça e considere. Se abandonar os seus pecados, Deus lhe dará o Seu Cristo. Isso não seria uma troca justa? Testifico-lhe que se perecer não será porque jamais foi-lhe providenciado um Salvador ou oferecida uma vida; mas porque, como os judeus, você prefere o assassino ao Salvador, o pecado a Cristo, e ama as trevas mais do que a luz. Examine, portanto, o seu coração com velas, à semelhança do que faziam os judeus, em suas casas, para procurar o fermento antes da páscoa. Esforce-se no sentido de descobrir os seus pecados; entre no seu quarto e reflita...Qual o pecado em que tenho vivido? ... Qual a obrigação que tenho negligenciado em relação a Deus? ... Qual o pecado que tenho praticado contra o meu irmão? E agora arremesse os dardos no coração de seu pecado, como Joabe fez com o coração de Absalão. Não fique olhando para os seus pecados nem enrolando o bocado debaixo da língua, mas lance-o fora como se fosse um veneno, com temor e repugnância.



Pergunto: o que farão seus pecados por você, para que hesite em deixá-los? Eles vão lisonjeá-lo, mas irão destruí-lo e envenená-lo enquanto lhe agradam, e, além disso, armarão a justiça e a ira do Deus infinito contra você. Abrirão o Inferno para você e empilharão lenha para queimá-lo. Eis a forca que eles têm preparado para você. Oh, trate-os como a Haman e aplique sobre eles a execução que prepararam para você. Acabe com eles. Crucifique-os, e permita que somente Cristo seja o seu Senhor.



6. Escolha solenemente a Deus como seu quinhão e sua bem-aventurança.



Com toda a devoção e veneração possíveis, reconheça o Senhor como seu Deus. Coloque o mundo —com toda a sua glória, cores, gentilezas, prazeres e promoções— em uma das mãos; e coloque Deus —com todas as Suas infinitas excelências e perfeições— na outra mão, e faça deliberadamente a sua escolha. Descanse em Deus. Sente-se sob a Sua sombra. Permita que as Suas promessas e perfeições sejam decisivas contra o mundo todo. Proponha em seu coração que o Senhor é uma porção toda-suficiente; que você não pode ser miserável enquanto tiver Deus em quem viver. Tome o Senhor como seu escudo e grandíssimo galardão. Deus sozinho vale mais do que o mundo inteiro; satisfaça-se com Ele. Deixe que os outros possuam as preferências e as glórias do mundo; mas confie a sua felicidade à graça de Deus e à luz de Seu rosto.



Pobre pecador, você desviou-se de Deus e uniu o Seu poder e a Sua ira contra você; saiba, porém, que na Sua abundante graça Ele Se oferece para ser novamente o seu Deus, em Cristo. O que diz você? Terá o Senhor como seu Deus? Aceite este conselho e O terá. Chegue-se a Ele através de Cristo, renuncie aos ídolos dos seus prazeres, lucros e reputação. Deixe que sejam tirados dos seus tronos, e coloque os interesses de Deus acima de tudo em seu coração. Tome-O como seu Deus, para que seja o centro dos seus sentimentos e propósitos, pois Ele não suportará ter qualquer outro acima de Si mesmo. Em resumo, você deve aceitá-L0 com todas as Suas relações pessoais e com todas as Suas perfeições essenciais.



(1) Com todas as suas relações pessoais. Deus, o Pai, precisa ser aceito como seu Pai. Oh, venha a Ele como o pródigo: "Pai, pequei contra o Céu e perante Ti, e já não sou digno de ser chamado Teu filho; mas considerando que pela Tua misericórdia, Tu tens prazer em me aceitar com Teu filho —eu que sou muito vil, na verdade, um animal e não um homem perante Ti— aceito-Te, solenemente, como meu Pai; entrego-me aos Teus cuidados, confio na Tua providência e lanço o meu fardo sobre Ti. Dependo de Tua provisão, submeto-me às Tuas correções, abrigo-me à sombra das Tuas asas, escondo-me nas Tuas câmaras, e fujo para o Teu nome. Renuncio a toda a confiança em mim mesmo; ponho a minha confiança em Ti. Declaro o meu comprometimento Contigo; serei Teu e de nenhum outro".



Deus, o Filho, precisa ser aceito como seu Salvador, Redentor e sua Justiça. Ele precisa ser aceito como o único caminho para o Pai e como a única forma de vida. Dispa, então, as vestes do seu cativeiro, vista as roupas matrimoniais e case-se com Cristo. "Senhor, sou Teu, bem como tudo que tenho: corpo, alma e posses. Dou-Te meu coração; serei inteiramente Teu, Teu eternamente. Colocarei o Teu nome sobre tudo que tenho e o usarei somente para Te engrandecer, durante a Tua ausência, entregando tudo a Ti. Não terei outro Rei além de Ti. Outros senhores já tiveram domínio sobre mim; mas agora farei menção somente do Teu nome, e faço aqui um juramento de fidelidade a Ti, prometendo servir-Te e temer-Te acima de todos os competidores. Rejeito a minha justiça própria e jamais espero ser salvo mediante meus méritos ou virtudes; descansarei somente em Teu todo-suficiente sacrifício e intercessão para obter perdão, vida e aceitação diante de Deus.



Tomo-Te a Ti como meu único Guia e Instrutor, decidindo ser dirigido por Ti e esperar no Teu conselho".



Finalmente, Deus, o Espírito, precisa ser aceito como seu Santificador, Advogado, Conselheiro, Consolador, Ensinador, Penhor e Garantia de sua herança. "Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim... " (Cantares de Salomão 4:16). "Vem, Espírito do Altíssimo; eis aqui um templo para Ti; repousa aqui para sempre; habita aqui. Eis que Te dou possessão; total possessão; envio-Te as chaves de meu coração, para que tudo possa ser Teu. Entrego o uso de tudo a Ti, a fim de que cada faculdade e cada membro possa ser um instrumento Teu para promover a justiça e fazer a vontade do meu Pai que está no Céu".



(2) Em todas as suas perfeições essenciais. Considere como o Senhor Se tem revelado a você em Sua Palavra. Vai aceitar esse Deus como seu Deus? Ó pecador, esta é a notícia mais abençoada que já chegou aos filhos dos homens: o Senhor será o seu Deus se você simplesmente O aceitar em Suas excelências. Você tomará o Deus misericordioso, gracioso, perdoador de pecados, para seu Deus? "Oh, sim", diz o pecador, "caso contrário estarei perdido". Pois bem, Ele ainda lhe diz mais: "Eu sou o Deus santo que odeia o pecado; se você deseja ser aceito como um do Meu povo, precisa ser santo — santo no coração, santo na vida. Tem de abandonar todas as suas iniquidades, ainda que sejam muito especiais, muito naturais, muito necessárias para manter os seus interesses mundanos. Se não estiver em inimizade com o pecado, não posso ser seu Deus. Lance fora o fermento. Tire a maldade dos seus atos; cesse de fazer o mal, aprenda a fazer o bem. Derrote os meus inimigos ou não poderá haver paz Comigo". O que responde o seu coração? "Senhor, desejo ser santo como Tu és santo, e tornar-me participante da Tua santidade. Eu amo-Te, não apenas por Tua bondade e misericórdia, mas também por Tua santidade e pureza. Aceito a Tua santidade para a minha felicidade. Oh, sê para mim uma fonte de santidade. Aplica sobre mim o selo e a impressão da Tua santidade. Cheio de gratidão, deixarei todos os meus pecados segundo o Teu mandamento. Abandonarei daqui em diante os meus pecados voluntários; e quanto às fraquezas que me traspassam, embora desejasse me livrar delas, lutarei contra elas continuamente. Eu detesto-as; orarei contra elas e jamais permitirei que permaneçam em minha alma". Amado, se você aceita o Senhor dessa maneira, Ele promete que será o seu Deus.



Além disso, Ele diz-lhe: "Sou o Deus todo-poderoso. Prostrar-se-á aos Meus pés, colocar-se-á completamente à Minha disposição, e aceitar-Me-á como a sua única porção? Reconhecerá e honrará a Minha onipotência? Aceitar-Me-á como a sua bem-aventurança e tesouro, a sua esperança e felicidade? Sou, ao mesmo tempo, sol, e escudo; receber-Me-á como seu tudo?" O que diz sobre tudo isso? A sua alma deseja as carnes e os manjares do Egito? Reluta em trocar a sua felicidade terrena por uma porção com Deus? E embora gostasse de ter Deus e o mundo também, não poderia pensar em ter Deus e nada além dEle? Ou preferiria estar agarrado ao mundo se Deus lhe permitisse continuar comprometido com ele enquanto quisesse? Este é um perigoso sinal. Mas se está disposto a vender tudo pela "pérola de grande preço"; se o seu coração responder: "Senhor, não quero outra porção além de Ti", então poderá dizer: "Quem quiser, fique com o trigo, o vinho e o óleo, para que eu possa ter a luz do Teu rosto. Apego-me a Ti para obter felicidade; aventuro-me alegremente em Ti e confio-me a Ti. Ponho a minha esperança em Ti; descanso em Ti. Permita-me ouví-lO dizer: "Eu sou o teu Deus, a tua salvação", e terei o bastante — tudo aquilo que desejo. Não farei acordos Contigo, senão os que Tu mesmo quiseres. Permita-me tê-L0 em certeza, apresentar o meu clamor e ver o meu direito de Te pertencer; quanto às demais coisas, deixo-as Contigo. Dá-me mais ou dá-me menos, qualquer coisa ou nada; ficarei satisfeito com o meu Deus". Aceite-O dessa maneira e Ele será seu.



Ele diz-Lhe, novamente: "Eu sou o Senhor soberano; se Eu for o seu Deus, você deverá dar-Me a supremacia. Não pode colocar o pecado ou qualquer outro interesse mundano acima de Mim.



Se quiser pertencer ao Meu povo, preciso ter domínio sobre você; não pode viver segundo o seu bel prazer. Quer aceitar o Meu jugo? Render-se-á ao Meu governo? Submeter-se-á à Minha disciplina, à Minha Palavra, à Minha vara?" Pecador, qual é a sua resposta? "Senhor, prefiro estar sob o Teu comando a viver segundo a minha vontade. Seja feita a Tua vontade e não a minha. Aprovo e aceito as Tuas leis, e considero um privilégio submeter-me a elas. Embora a carne se rebele e frequentemente rompa as suas limitações, decido não ter outro Senhor além de Ti. Juro, voluntariamente, submeter-me à Tua supremacia, reconhecer Tua soberania e resolvo pagar, todos os dias, o tributo da adoração, obediência, amor e serviço a Ti e viver para Ti até o fim da minha vida". Essa é uma correta aceitação de Deus.



Em resumo, Ele lhe diz: "Eu sou o Deus fiel e verdadeiro. Se Me tomar como seu Deus, terá de confiar plenamente em Mim. Irá lançar-se sobre a Minha Palavra, depender de Minha fidelidade e ficar sob o Meu jugo para sua segurança? Terá prazer em seguir-Me na pobreza, na adversidade, na aflição e ainda aguardar a sua promoção no mundo porvir? Terá prazer em trabalhar e sofrer, aguardando a recompensa até à ressurreição dos justos? Minhas promessas nem sempre serão cumpridas instantaneamente; terá paciência para esperar?" Agora, amado, o que você diz a isso? Tomará esse Deus como seu Deus? Ficará satisfeito em viver pela fé e confiar nEle para um felicidade invisível, um Céu invisível, uma glória invisível? Será que o seu coração responde: "Senhor, vou confiar-me a Ti; entrego-me a Ti; lanço-me sobre Ti. Sei em Quem tenho confiado. Quero aceitar a Tua Palavra; prefiro as Tuas promessas às minhas próprias possessões, e as esperanças do Céu aos gozos da Terra. Farei aquilo que Te agrada — aquilo que Tu desejas aqui na Terra, de modo que possa ter a Tua promessa fiel de estar no Céu no futuro". Se você puder, em confiança e deliberação, aceitar a Deus dessa maneira, Ele será seu. Portanto, numa genuína conversão deve existir uma afinidade com Ele, apropriada às Suas excelências. Entretanto, quando os homens recebem a Sua misericórdia, amando ainda o pecado, odiando a santidade e a pureza, ou O aceitam como seu Benfeitor, mas não como seu Soberano; ou como seu Patrão, mas não como sua Porção — isso não é conversão autêntica.


7. Aceite o Senhor Jesus sem nenhuma restrição. Nestes termos Cristo pode ser aceito. Pecador, você destruiu-se a si mesmo e está mergulhado no fosso da mais deplorável miséria, de onde jamais poderá escapar; mas Jesus Cristo pode e está pronto a ajudá-lo e oferece-Se espontaneamente a você. Não importa quão numerosos, quão grandes ou quão antigos sejam os seus pecados; sem dúvida alguma você será perdoado e salvo, se não negligenciar, perversamente, a oferta que lhe é feita, em nome de Deus. O Senhor Jesus convida-o a olhar para Ele e ser salvo. Venha a Ele e de maneira nenhuma será lançado fora. Sim, Ele roga-lhe que seja reconciliado. Clama nas ruas; bate à sua porta; convida-o a aceitá-lO e a viver com Ele. Se você perecer, será porque não quis buscar a vida nEle. (Isaías 45:22; João 6:37; II Coríntios 5:20; Provérbios 1:20; Apocalipse 3:20; João 5:40).



Aceite agora o Cristo que lhe é oferecido e será beneficiado para sempre. Dê-Lhe o seu consentimento agora mesmo, e o acordo estará feito; nem o mundo inteiro pode impedi-lo. Não se afaste por causa da sua indignidade. Saiba que nada poderá destruí-lo, senão a sua própria renitência. Pronuncie-se homem: vai dar o seu consentimento ou não? Tomará a Cristo em tudo como o seu Rei, Sacerdote e Profeta? Vai aceitá-lO e levar a Sua cruz? Não aceite a Cristo sem uma demorada consideração, mas sente-se e reflita sobre o custo que isso envolve. Depositará tudo aos seus pés? Terá prazer em correr todos os riscos com Ele? Arriscará a sua sorte com Ele, caia onde ela cair? Negar-se-á a si mesmo, tomará a sua cruz e O seguirá? Você está deliberada, compreensível e voluntariamente determinado a partilhar com Ele em todo o tempo e em todas as condições? Se for assim, jamais perecerá, mas passou da morte para a vida. Eis aqui o ponto principal da sua salvação: que seja achado aliançado com Jesus Cristo; e, portanto, se tem amor a si mesmo, seja fiel a Deus e à sua alma neste mundo.



8. Entregue todos os seus poderes, faculdades e interesses a Ele.



"... a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor..." (II Coríntios 8:5). "... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo..." (Romanos 12:1). O Senhor não procura aquilo que lhe pertence, mas a você mesmo. Submeta, portanto, o seu corpo com os seus membros a Ele; e a sua alma com todos os seus poderes, a fim de que Ele seja glorificado em seu corpo e em sua alma, os quais pertencem a Ele.



Havendo uma correta identificação com Cristo, todas as suas faculdades são entregues a Ele. Sua mente diz: "Senhor, Tu és digno de toda a aceitação, o mais distinguido entre dez mil; feliz é o homem que Te acha. De tudo que se possa desejar, nada se compara a Ti". (Provérbios 3-13-15). A razão abandona os seus argumentos e sofismas corruptos, bem como seus preconceitos contra Cristo e Seus caminhos. Ela não questiona mais; pelo contrário, se determina a favor de Cristo e contra o mundo. Conclui que é bom estar aqui pois vê um tesouro tão valioso neste campo, uma pérola de incomparável valor (Mateus 13:44-46). Diz: "Oh, eis aqui o maior prémio já oferecido aos homens; eis aqui o mais soberano remédio que a misericórdia jamais preparou. Ele é digno da minha estima, da minha escolha, do meu amor; Ele é digno de ser aceito, adorado, admirado para sempre (Apocalipse 5:12). Aprovo as Suas condições; Seus termos são justos e racionais, cheios de equidade e misericórdia". A vontade submete-se de novo. Ela já não permanece vacilante, mas está peremptoriamente determinada: "Senhor, Teu amor conquistou-me; Tu me cativaste e eu serei Teu. Vem, Senhor; entrego-me voluntariamente a Ti; consinto em ser salvo segundo a Tua própria maneira. Tu terás tudo — ou melhor, que Tu tenhas tudo e eu apenas tenha a Ti". A memória entrega-se a Cristo: "Senhor, eis aqui um estojo para Ti; tira daqui o lixo existente, armazena os Teus tesouros. Permita que eu seja um repositório das Tuas verdades, das Tua promessas, das Tuas providências". A consciência intervém: "Senhor, estarei sempre ao Teu lado; serei Teu fiel registador. Avisarei quando o pecador for tentado e rebaterei quando Tu fores ofendido. Testemunharei de Ti e censurarei por Ti, conduzirei nos Teus caminhos e jamais deixarei que o pecado tenha abrigo nesta alma". Os sentimentos também vêm a Cristo: "Oh!", diz o amor, "estou ansioso por Ti". "Oh!", diz o desejo, "agora encontrei aquilo que tenho procurado. Eis o Desejado das nações; aqui está pão e bálsamo para mim: isso é tudo o que eu quero". O medo dobra os joelhos em respeito e adoração: "Bem-vindo, Senhor, a Ti presto a minha homenagem. Tua palavra e Tua vara ordenarão as minhas ações; adorar-Te-ei e reverenciar-Te-ei; cairei diante de Ti e Te cultuarei". A tristeza também diz: "Senhor, o Teu desagrado e a Tua desonra, as calamidades do Teu povo e as minhas próprias iniquidades serão a causa das minhas lágrimas. Eu gemerei quando Tu fores ofendido; chorarei quando a Tua causa for golpeada". Semelhantemente, a ira coloca-se ao lado de Cristo: "Senhor, nada me irrita tanto quanto a minha insensatez contra Ti, o fato de ser tão tolo, a ponto de dar ouvidos às lisonjas do pecado e às tentações de Satanás contra Ti". O ódio também se posiciona ao lado de Cristo: "Declaro inimizade mortal aos Teus inimigos; proclamo que jamais serei amigo dos Teus adversários; declaro guerra eterna contra o pecado. Não darei trégua, não farei as pazes com ele". Assim, permita que todos os seus poderes se rendam a Jesus Cristo.



Insisto: você deve entregar todos os seus interesses a Ele. Se reter qualquer coisa de Cristo, isso será a sua destruição (Lucas 14:33). A não ser que renuncie a tudo, no preparo e na resolução do seu coração, não pode ser discípulo de Cristo. Deve odiar pai e mãe, sim, e também a sua própria vida, em comparação com Ele, à medida que tais coisas possam estar competindo com Ele. Em resumo, você deve dar-se a Ele e tudo o que tem, sem reservas, ou então não terá parte com Ele.



9. Escolha as leis de Cristo como uma norma de conduta para as suas palavras, pensamentos e ações.



Esta é a escolha do verdadeiro convertido. Mas lembre-se destas três regras.



1. Você deve escolher todas elas, pois, não é possível chegar ao Céu através de uma obediência parcial. Não basta cumprir as partes mais leves e fáceis da religião e deixar de lado as tarefas mais difíceis, as quais exigem uma auto-negação e uma oposição aos interesses da carne; tem de obedecer a tudo ou a nada. Aquele que é sinceramente convertido leva a sério não só os maiores pecados e as mais pesadas tarefas, como também os pequenos pecados e deveres.



2. É preciso escolher as leis de Cristo para todos os momentos — seja na prosperidade ou na adversidade. O verdadeiro convertido está determinado quanto ao seu caminho; mantém a sua escolha e não andará à mercê dos ventos nem pertencerá à religião da moda. "Apego-me aos teus testemunhos; Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até o fim. Os teus testemunhos tenho eu tomado por herança para sempre. E de contínuo me recrearei nos teus estatutos". (Salmo 119).



3. Isso deve ser feito deliberada e racionalmente. O filho desobediente disse: "Irei, Senhor", mas não foi. Quão sinceramente o povo de Israel prometeu a Moisés: "Tudo o que te disser o Senhor nosso Deus, faremos". E parecia que falavam a sério, mas quando veio a provação descobriu-se que seus corações não estavam realmente inclinados a fazer o que haviam prometido (Deuteronómio 5:27-29).



Se você for sincero em aceitar as leis e os caminhos de Cristo, estude o seu significado, a sua largura e a sua extensão. Lembre-se de que são espirituais; alcançam os pensamentos e as inclinações do coração; de modo que, se andar conforme essa regra, os seus próprios pensamentos e impulsos interiores estarão sob controle. São, também, muito rígidos e exigem uma auto-negação, os quais são bastante contrários às suas inclinações naturais. Você precisa entrar pela porta estreita, andar no caminho estreito e contentar-se em ter a sua carne restringida da liberdade que ela deseja. Em suma, são muito grandes, porque "o teu mandamento é amplíssimo". (Salmo 119:96).



Não se fie nos mandamentos gerais, pois há muito engano neles, mas concentre o seu coração nos mandamentos específicos de Cristo. Aqueles judeus, de quem fala o profeta, pareciam tão determinados como quaisquer outros no mundo e chamaram Deus para testemunhar que estavam sendo sinceros. Entretanto, limitaram-se aos mandamentos gerais. Quando o mandamento de Deus se opôs às suas inclinações, eles não obedeceram (Jeremias 42:1-6, 43:2). Consulte o Catecismo Maior do Concilio de Westminster, e veja a exposição excelente e bastante ampla dos mandamentos, e aplique o seu coração ao estudo deles. Você está resolvido, pela força de Cristo, a dedicar-se à prática consciente de cada tarefa que lhe for requerida e a colocar-se contra todo o pecado por Deus proibido? Essa é a maneira de estar firmado nos estatutos de Deus para que nunca seja confundido (Salmo 119:80).



Observe os deveres especiais que seu coração mais abomina e os pecados especiais aos quais está mais inclinado e veja se ele realmente está disposto a abandonar os pecados e a cumprir os deveres. O que você diz ao seu pecado predileto, seu pecado lucrativo? O que diz aos deveres difíceis, perigosos, desagradáveis à carne? Se hesitar aqui e não se resolver pela graça de Deus a mortificar a carne, você não é autêntico.



10. Permita que tudo isso se realize num solene concerto entre sua alma e Deus.



Separe algum tempo, de vez em quando, para ficar a sós com o Senhor —buscando sinceramente a Sua especial ajuda e graciosa aceitação— sondando o seu coração, para verificar se você está desejando realmente abandonar os seus pecados, submeter-se de corpo e alma a Deus e ao Seu Serviço; serví-L0 em santidade e retidão todos os dias da sua vida.



Ponha o seu espírito na postura mais séria possível, adequada a uma transação de tão elevada importância. Lance mão do concerto de Deus e apoie-se na Sua promessa de dar graça e força, com as quais você será capaz de cumprir a sua promessa. Não confie na sua própria força, na força de suas próprias resoluções; mas aposse-se da força dEle.



Estando assim preparado, devido ter separado algum tempo para esse propósito, inicie o trabalho e solenemente, como se estivesse diante do Senhor, ajoelhe-se e elevando seus braços para o Céu abra o seu coração para Ele, orando mais ou menos assim:



"Ó Santíssimo Deus, pela paixão de Teu Filho, imploro que aceites Teu pobre pródigo, que agora se prostra diante da Tua porta. Caí da Tua graça pela minha iniquidade e sou, por natureza, filho da morte e muitas vezes mais filho do Inferno pelas práticas pecaminosas. Mas na Tua infinita graça, Tu me prometeste misericórdia em Cristo, se eu simplesmente voltar-me para Ti de todo o meu coração. Assim, pela chamada do Teu evangelho venho agora e, despojando-me das minhas armas, submeto-me à Tua misericórdia. E agora, visto que exiges, como condição de minha paz Contigo, que eu extermine meus ídolos e me oponha a todos os Teus inimigos com os quais, reconheço, tenho compartilhado contra Ti, renuncio do fundo do meu coração a todos eles, comprometendo-me firmemente Contigo a não me permitir a prática de qualquer pecado consciente, mas a empregar decididamente todos os meios preceituados por Ti, a fim de mortificar e destruir totalmente todas as minhas corrupções. E embora no passado eu tenha posto as minhas afeições no mundo, idolatra e desordenadamente, submeto o meu coração a Ti, que o fizeste, declarando humildemente diante de Tua gloriosa majestade que a firme resolução do meu coração é que eu sinceramente desejo a Tua graça, para que quando Tu me requereres eu possa pôr em prática esta resolução mediante a Tua ajuda. Desejo abandonar tudo o que aprecio neste mundo, ao invés de deixar-Te e seguir pelas sendas do pecado. Quero estar vigilante contra todas as tentações, seja na prosperidade ou na adversidade, a fim de que elas não afastem o meu coração de Ti. Rogo-Te, também, que me ajudes a não cair nas tentações de Satanás a cujas sugestões ímpias resolvo, pela Tua graça, jamais me submeter como servo. E visto que a minha justiça é como trapo de imundícia, renuncio a toda confiança nela depositada, reconhecendo que sou, em mim mesmo, uma criatura desesperançada, desamparada e destruída, sem força e sem justiça.



"E desde que, pela Tua infinita misericórdia, tens Te oferecido graciosamente a mim, um vil pecador, para ser novamente o meu Deus através de Cristo se eu Te aceitar, conclamo o Céu e a Terra para testemunharem que neste dia eu Te declaro, solenemente, meu Senhor e Deus. Declaro com toda a reverência possível que prostro a minha alma aos pés da Tua santíssima majestade e aceito-Te a Ti, Senhor Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, como a minha porção e bem supremo, e ofereço-me de corpo e alma para ser Teu servo, prometendo e jurando servir-Te em santidade e em justiça todos os dias da minha vida.



"E visto que Tu apontaste o Senhor Jesus com único meio de ir a Ti, uno-me solenemente a Ele, através de uma aliança de casamento.



"Ó bendito Jesus, venho a Ti faminto e sedento, pobre e infeliz, miserável, cego e nu, um abominável e corrupto desgraçado, um malfeitor culpado e condenado, indigno de lavar os pés dos servos do meu Senhor, quanto mais de estar solenemente unido com o Rei da Glória. Mas tal é o Teu incomparável amor, que Te aceito como todo o meu poder e Te tomo como meu Chefe e meu "Marido", para no melhor ou no pior, na riqueza ou na pobreza, em todos os momentos e condições, para Te amar, honrar e obedecer acima de qualquer outro, até que a morte nos separe. Eu Te aceito em todos os Teus ofícios. Renuncio a minha própria dignidade e Te declaro meu Senhor e minha Justiça. Renuncio à minha sabedoria própria e Te aceito como meu único Guia. Renuncio à minha vontade própria e Te tomo por minha lei.



"Posto que Tu me disseste ser necessário que eu sofra para reinar, assumo compromisso Contigo que aceitarei a minha sorte, seja ela qual for, e pela Tua graça correrei todos os riscos Contigo, crendo verdadeiramente que nem a morte nem a vida poderão nos separar.



"E uma vez que Te agradaste dar-me Tuas santas leis como regra para a minha vida e o caminho em que devo andar para chegar ao Teu reino, submeto voluntariamente o meu pescoço ao Teu jugo e os meus ombros ao Teu fardo; e reconhecendo todas as Tuas leis como santas, justas e boas, tomo-as solenemente como regra para as minhas palavras, pensamentos e ações, prometendo que, embora a minha carne contradiga e se rebele, vou empenhar-me para ordenar e governar toda a minha vida conforme a Tua direção, e não negligenciarei coisa alguma que conheço ser do meu dever.



"E sendo que pela fragilidade da minha carne estou sujeito a muitas falhas, inclino-me humildemente para pedir que as faltas involuntárias, opostas à inclinação e à resolução do meu coração, não venham a invalidar este pacto, segundo a Tua Palavra.



"Agora, Deus Todo-Poderoso, que sondas os corações, sabes que hoje faço este concerto Contigo, sem quaisquer fraudes ou reservas conscientes, implorando-Te que Se desvendares qualquer imperfeição ou falsidade em meu coração, possas revelar-ma e ajudar-me a agir corretamente.



"Ó Deus Pai, a quem me submeto de hoje em diante para buscar-Te como meu Deus e Pai, glória seja a Ti por proveres tal maneira de recuperar os pecadores perdidos. Glória seja a Ti, ó Deus Filho, que me amaste e me lavaste dos pecados em Teu próprio sangue, e agora Te tornaste meu Salvador e Redentor. Glória seja a Ti, ó Deus Espírito Santo, que pelo dedo de Teu poder onipotente voltaste o meu coração do pecado para Deus.



"Ó Santo e Supremo Jeová, Senhor Deus Onipotente, Pai, Filho e Espírito Santo, és agora meu Amigo aliado e pela Tua graça infinita sou Teu servo aliado. Ámen, assim seja. E permite que o concerto que fiz na Terra seja ratificado no Céu".



Aconselho-o a fazer essa aliança não apenas no coração, mas com palavras também; não apenas com palavras, mas por escrito também; e que, com toda a reverência possível, o apresente diante do Senhor como se fosse um documento legal. E depois que tiver feito isso, pegue-o e assine-o. Guarde-o como um registo das solenes transações feitas entre Deus e você, ao qual possa recorrer em ocasiões de dúvidas e tentações.



11. Cuidado para não adiar sua conversão, mas entregue-se rápida e imediatamente a Deus.



"Apressei-me e não me detive..." (Salmo 119:60). Lembre-se e trema diante do triste episódio das virgens imprudentes, que só chegaram depois que a porta se fechou; e também do presunçoso Félix que adiou a sua conversa com Paulo para uma outra ocasião, porém não temos conhecimento de que ele teve outra ocasião. Oh, venha enquanto é dia, para que não seja endurecido pelo engano do pecado; para que o dia da graça não termine e as coisas relativas à sua paz não sejam escondidas de seus olhos. Agora a misericórdia está-o cortejando; agora Cristo está querendo estender a Sua graça a você, e o Espírito de Deus está contendendo com você. Agora os ministros estão chamando, a consciência está se agitando, o mercado está aberto e o azeite pode ser obtido; você tem a oportunidade de comprá-lo. Agora Cristo está à sua disposição. Oh, receba as dádivas da graça. Tem de ser agora ou nunca. Se desprezar essa oferta, Deus pode jurar, em Sua ira, que você jamais provará a Sua ceia (Lucas 14:24).



12.             Atente conscientemente para a Palavra, como o meio designado para a sua conversão.



Atente, eu aconselho, não de forma rotineira mas conscientemente, com o desejo, propósito, esperança e expectação de que você seja convertido pela Palavra. Ouça todos os sermões com este pensamento: "Espero que Deus venha agora; espero que hoje seja o tempo aceitável, que esse possa ser o homem pelo qual Deus vai me conduzir a Si mesmo. Quando você partilhar dos privilégios da casa de Deus, eleve seu coração a Ele, assim: "Senhor, permita que hoje seja o dia e a ocasião em que eu possa receber a Tua graça renovadora. Oh, permita que hoje se diga que alguém nasceu para Te glorificar.



Objeção: Você dirá: "Tenho sido um ouvinte da Palavra há muito tempo, contudo ela não tem sido eficaz para a minha conversão".



Resposta: Sim, mas você não tem atentado para ela desta forma, ou seja, como um meio para a sua conversão, nem com este propósito, nem orando e esperando o feliz efeito dela.



13. Una-se ao Espírito quando Ele começar a operar em seu coração.



Quando Ele produzir as convicções, oh, não as reprima, mas una-se a Ele e implore ao Senhor que lhe dê a conversão salvadora. "Não extingais o Espírito". Não O rejeite, não se oponha a Ele. Cuidado para não reprimir as convicções com más companhias ou negócios mundanos. Quando estiver angustiado por causa do pecado e de temores acerca de sua condição eterna, implore a Deus que não lhe dê paz senão com a renúncia completa de todo pecado, repugnando-o no íntimo da sua alma e entregando todo o seu coração, sem reserva, a Cristo. Diga-Lhe: "Ó Senhor, golpeia certo; não deixes a Tua obra incompleta. Vai ao âmago do meu coração e expurgua a seiva vital de meus pecados". Submeta-se assim, pecador, ao trabalho do Espírito e ice as suas velas aos Seus ventos.



14. Estabeleça o uso constante e diligente da oração séria e fervorosa.



Aquele que negligencia a oração é um pecador profano e não-santificado. Aquele que não é constante na oração é hipócrita, a menos que a omissão seja contrária ao seu costume, sob a força de alguma tentação momentânea. Uma das primeiras coisas em que se manifesta a conversão é que ela leva os homens a orar. Portanto, dedique-se a esse mister. Que não se passe nem um só dia sem que você reserve, de manhã e à noite, algum tempo para solene oração a sós com Deus. Além disso, reúna a sua família, diária e pontualmente, para adorar a Deus com você. Ai de você se for encontrado entre as famílias que não invocam o nome de Deus (Jeremias 10:25). Devoções frias e sem vida não percorrerão nem a metade do caminho para o Céu. Seja fervoroso e insistente. A importunância vencerá; mas sem esforço o reino do Céu não será alcançado. Você precisa empenhar-se para entrar e lutar com lágrimas e súplicas, como Jacob, se quiser obter a bênção. Sem a graça você está destruído para sempre e, portanto, deve aplicar-se à oração e resolver a não admitir recusa. O homem que se fixa nesta resolução, diz: "Bem, preciso da graça, ou jamais desistirei enquanto não a obtiver; jamais deixarei de implorar sinceramente e de empenhar-me com Deus e com meu próprio coração, até que Ele me renove pelo poder de Sua graça".



15. Renuncie suas más companhias e abstenha-se das oportunidades de pecar.



Você jamais deixará o pecado enquanto não rejeitar e renunciar as tentações do pecado. Jamais esperarei que seja convertido, enquanto não for levado a uma auto-negação e fuga das oportunidades de pecar. Se você estiver mordiscando a isca, brincando na margem e corrompendo-se com a cilada, a sua alma certamente será tomada. Quando Deus, com a Sua providência, expõe os homens a tentações inevitáveis, e as ocasiões são tais que não se pode removê-las, podemos esperar uma assistência especial no uso de Seus meios; mas quando tentamos a Deus, devido corrermos para o perigo, Ele não vai envolver-Se para nos sustentar quando formos tentados. E de todas as tentações, uma das mais fatais e perniciosas são as más companhias. Oh, que esperançosos começos tais companhias têm sufocado! Oh, as almas, as propriedades, as famílias, as cidades que elas têm arruinado! Quantos pobres pecadores têm sido iluminados e convencidos, chegando quase a escapar do laço do Diabo, e têm até em parte escapado dele; contudo, as más companhias os têm finalmente retido e os têm feito sete vezes mais filhos do Inferno! Em resumo, perco a esperança em você, a menos que se livre das más companhias. Sua vida depende disso; renuncie a elas ou não poderá viver. Você vai ser pior que a mula de Balaão, indo contra o Senhor quando O vir com a espada desembainhada no caminho? Grave estas palavras com letras garrafais na sua consciência: "O COMPANHEIRO DOS TOLOS SERÁ AFLIGIDO". (Provérbios 13:20). O Senhor falou e quem irá contra-dizê-lo?



E você vai enveredar-se pelo caminho da destruição quando o próprio Deus o está prevenindo? Se Deus um dia mudar o seu coração, isso se manifestará na mudança de suas companhias. Oh, tema e fuja do abismo em que tantos milhares têm sido engolidos pela perdição. Será realmente difícil você escapar. As suas companhias vão escarnecer da sua religião e vão procurar enchê-lo de preconceitos contra a rigidez, como coisa ridícula e incómoda. Elas vão adulá-lo e seduzi-lo, mas lembre-se dos conselhos do Espírito Santo: "Filho meu, se os pecadores com blandícias te quiserem tentar, não consintas. Se disserem: Vem conosco; lançarás a tua sorte entre nós; não te ponhas a caminho com eles; desvia o teu pé das suas veredas; evita-o, não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo. O caminho dos ímpios é como a escuridão: nem conhecem aquilo em que tropeçam. E estes armam ciladas contra o seu próprio sangue, e as suas próprias vidas espreitam. (Provérbios 1:10-19; 4:15-19).



Minha alma está perturbada em mim, ao ver quantos dos meus ouvintes e leitores estão a ponto de se perderem, tanto eles como seus familiares, por causa desta desditosa maldade, isto é, a de frequentarem tais lugares e companhias que os conduzem ao pecado. Admoesto-vos uma vez mais como Moisés a Israel: "Desviai-vos, peço-vos, das tendas destes ímpios homens..." (Números 16:26). Oh, fujam deles como se fugissem daqueles que têm chagas, feridas que lhes cobrem o rosto. São os alcoviteiros e os sedutores do Diabo; e se não escaparem, eles vos levarão à perdição e serão a vossa ruína eterna.

16. Separe um dia para humilhar sua alma em secreto, através de jejum e oração, para analisar os pecados e as misérias de seu coração.



Leia uma exposição completa dos mandamentos e escreva os deveres que omitiu e os pecados que cometeu contra cada mandamento; depois, faça uma relação dos seus pecados, e com vergonha e tristeza apresente-os ao Senhor. E se seu coração estiver verdadeiramente de acordo com os termos, una-se solenemente ao Senhor naquele concerto estabelecido na décima orientação deste capítulo, e que o Senhor lhe conceda misericórdia.


Assim sendo, tenho-lhe dito o que deve fazer para ser salvo. Vai obedecer à voz do Senhor? Levantar-se-á e porá mãos à obra? Ó homem, o que vai responder? Que desculpa vai dar, se no final perecer por causa da sua obstinação, visto que conheceu o caminho da vida? Não duvido do bom resultado no final, se a sua própria preguiça não o destruir por negligenciar o uso dos meios tão claramente expostos aqui. Levante-se, ó indolente, e aplique-se ao trabalho. Seja atuante e o Senhor será com você.

Joseph Alleine in “Um guia seguro para o Céu”, PES, PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS, Rua 24 de Maio, 116 — 3.° andar — sala 16-17 Caixa Postal 1287 — 01051 — São Paulo, SP, Brasil

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