… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

sábado, 16 de julho de 2011

Leituras Cristãs
Ivan Moiseyev, de quepe (maio de 1972, dois meses antes de morrer).
"MOISEYEV DEITADO NA ÁGUA, CHORANDO"

O Senhor falara-lhe inúmeras vezes: "Jesus Cristo vai partir para a peleja". É. Ele sabia disso. Desde que regressara da licença, tinha estado em constante batalha. Esta nova cela estava cheia de poças de água. O ar era viciado. Não recebera pão para o desjejum. Não era isto uma luta? Não lutava ele contra os seus temores, o seu anseio de ter uma vida normal e contra o horror do desconhecido? Não suportava ele a pressão contínua das repetidas ameaças, audiências, interrogatórios, ultimatos, transferências de uma prisão para outra, de uma cela para outra? Não testemunhava para os guardas e para os seus inquisidores? Mas alguma coisa lhe dizia que a batalha não seria a prisão.



Esta cela era húmida e não tinha cama. Lembrava-lhe dolorosamente a cela [da cidade] de Sverdlovsk, onde fora recolhido um ano atrás. Estremeceu ao recordar o pesadelo que tinha sido a sucessão de celas: o cubículo com água gelada gotejando do teto, depois, a refrigeradora, depois, a agonia do macacão pressurizado. "Jesus Cristo vai partir para a peleja."



Enquanto essas palavras repassavam pela (sua) mente, uma aguda sensação de outra presença junto dele colocou-o imediatamente alerta. Uma grande alegria se espalhou suavemente por todo o seu ser, aquecendo-o, ardendo em seu coração, levando-o a pôr-se de joelhos sobre a água.



"Você irá à peleja por Mim. Tenha bom ânimo. Estou com você. Eu venci o mundo."



"Jesus Cristo vai partir para a peleja."



Ele vencera o mundo. Ivan também venceria. As suas dúvidas se dissiparam. Não haveria sentença para ser cumprida, nem desligamento do exército. O seu rosto estava molhado de lágrimas. Prostrou-se do melhor modo que pôde no exíguo espaço e adorou a Deus, chorando.



Um guarda que fazia a ronda resolveu espiar para dentro da cela. Ali estava uma cena que poderia relatar ao tribunal. Com um toco de lápis anotou no seu livrete: "Moiseyev deitado na água, chorando".

In “Ivan - O soldado cristão que enfrentou o terror policial soviético”, Grant Myrna. Tradução de Myrian Talitha Lins, Editora Betânia, pp. 143-144.

http://aronmacedo.multiply.com/tag/ivan

Ivan Vasilyevich Moiseyev nasceu em 1952 na cidade de Volontirovka, Suvorov District, na República da Moldavian da ex-URSS. Em 16 de julho 1972, aos anos vinte Vanya morreu em circunstâncias suspeitas.

Sem comentários: