por John Owen
Tradução da obra "Meditations on the Glory of
Crist" de John Owen, numa versão abreviada
intitulada "The Glory of
Crist".
CAPÍTULO 7
A Glória de Cristo como Mediador: IV. A Sua exaltação
Veremos agora a Glória de Cristo a qual se seguiu aos seus sofrimentos.
Esta é a mesma glória que Ele teve com o Pai antes da fundação do mundo. Cristo
orava para que os Seus discípulos estivessem com Ele e vissem a Sua glória (Jo
17:5, 24). Enquanto que Ele esteve neste mundo na forma de um servo, esta
glória estava velada. Quando há um eclipse de Sol, a sua beleza, luz e glória
deixam de ver-se por um tempo, e assim, a plena formosura, luz e glória de
Cristo foram temporalmente eclipsadas enquanto Ele esteve na Terra. Não
obstante, a Sua glória será vista com gozo inefável e maravilhoso por aqueles
que estarão com Ele no Céu.
A “glória de Cristo” na Sua exaltação, não é a glória essencial da Sua
natureza divina, mas a revelação dessa glória depois de que ela havia estado
oculta neste mundo sob a “forma de um servo”. A glória divina em si mesma não
pertence à exaltação de Cristo, mas a revelação desta glória é a que pertence a
esta exaltação. Esta glória tão-pouco consiste simplesmente da glorificação da
Sua natureza humana, ainda que isto está incluído na Sua exaltação.
A mesma natureza que Cristo tomou na Sua encarnação é agora exaltada em
glória. É obvio que não podemos compreender com plenitude, a verdadeira natureza
da glorificação da humanidade de Cristo, como tão-pouco compreendemos
plenamente o que seremos nós no Céu (1Jo 3:2). Mas o facto de que é a mesma
natureza humana que Ele teve na Terra e o mesmo corpo em que Ele nasceu, viveu,
morreu e ressuscitou, é uma crença fundamental da fé cristã.
Esta natureza do homem Cristo Jesus está cheia com todas as graças
divinas e perfeições das quais a limitada natureza humana é capaz de encher-se.
Mas não está misturada com a Sua natureza divina, nem tão-pouco foi deificada.
A Sua natureza humana não tem nenhuma propriedade essencial da deidade que lhe
tenha sido comunicada a ela. A Sua natureza humana não foi feita omnisciente,
omnipresente nem omnipotente, mas foi exaltada muito por cima da glória dos
anjos e dos homens. Está mais perto de Deus; goza de mais comunhão com Deus, de
mais gloriosa luz, amor e poder divinos que do qualquer anjo ou homem. Sem
embargo, Ele é humano.
Os crentes também terão uma natureza humana glorificada no Céu: “Seremos
semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é” (1Jo 3:2). Mas, a nossa
natureza humana glorificada não será tão gloriosa como a dEle. “Uma é a glória
do Sol, outra a glória da Lua, e outra a glória das estrelas, pois uma estrela
é diferente de outra em glória” (1Co 15:41).
Existe uma diferença de glória entre as estrelas, uma diferença ainda
maior existe entre o Sol e as estrelas. Tal será a diferença entre a natureza
humana glorificada de Cristo e a natureza humana glorificada dos crentes na
eternidade.
Em que consiste a glória de Cristo na Sua exaltação? Consiste do
seguinte:
1. A exaltação da Sua natureza humana em união com a natureza divina
muito por cima de toda a criação em poder, dignidade, autoridade e senhorio.
Isto é o que faz a pessoa de Cristo gloriosa.
2. Deus o Pai deu-Lhe a maior glória e a maior dignidade que podem ser
dadas a uma criatura quando O fez sentar à Sua dextra na majestade nas alturas.
Deus fez isto por causa do Seu infinito amor para com Cristo e o Seu deleite no
que Cristo tem feito como mediador entre Deus e os homens.
3. A isto se acrescenta a plena manifestação da Sua própria sabedoria, o
Seu amor e a Sua graça divinas na obra de mediador e redentor da Igreja. Isto
pode ser visto aqui na Terra somente por meio da fé, mas no Céu brilha em todo
o Seu fulgor para o gozo eterno daqueles que O contemplam. Esta é aquela glória
que Cristo pedia na Sua oração que os crentes desfrutassem. A glória que Cristo
possui no Céu atualmente pode ser entendida somente pela fé. Pessoas néscias,
usando as suas próprias imaginações humanas têm procurado representar esta
glória por meio de imagens, de pinturas e de esculturas. Esta é a maneira pela
qual a Igreja Católica apresenta a glória de Cristo à mente e aos corações não
espirituais, de pessoas supersticiosas. Mas equivocam-se, não conhecendo as
Escrituras, nem a glória eterna do Filho de Deus. Não devemos tratar de
imaginar a imagem de uma pessoa gloriosa no Céu, mas, sim, devemos usar a fé
para meditar na descrição da glória de Cristo que temos nas Escrituras.
Não devemos pôr o pretexto de que teremos tempo suficiente para
considerar esta glória quando chegarmos ao Céu. Se não temos algum conhecimento
pela fé desta glória de Cristo aqui e agora, então quer dizer que não temos
nenhum desejo real para vê-la no Céu. Todos nós somos muito egoístas e nos
contentamos com o facto de que os nossos pecados foram perdoados e de que fomos
salvos por Cristo. Mas a nossa fé e o nosso amor deveriam estimularmos a pôr a
Cristo e os Seus interesses por cima de todo o resto.
Quem é agora rodeado com glória e poder à dextra da majestade nas
alturas? É Aquele que foi pobre, menosprezado, perseguido e morto para a nossa
salvação. É o mesmo Jesus que nos amou e Se deu a Si mesmo por nós e nos
redimiu com o Seu próprio sangue. Se realmente valorizamos o Seu amor e
participamos dos benefícios que surgem daquilo que Ele fez e sofreu, então
somente nos resta regozijarmo-nos no Seu presente estado de glória.
Bendito Jesus! Nada Te podemos acrescentar, nem à Tua glória. Mas é o
gozo de nossos corações que Tu sejas exaltado tão gloriosamente à dextra do
Pai. Anelamos ver essa glória mais plena e claramente como Tu oraste e promete
que a veríamos.
"Meditations on the Glory of Crist" de John
Owen numa versão abreviada intitulada "The Glory of Crist"
Tradução de Carlos António da Rocha
John
Owen (Stadhampton, 1616 - Ealing, 24 de agosto de 1683) é, por
consenso, o mais bem conceituado teólogo puritano, e muitos o
classificariam, ao lado de João Calvino e de Jonathan Edwards, como um
dos três maiores teólogos reformados de todos os tempos.
Nascido em 1616, entrou para o Queen's College, em Oxford, aos 12 anos de idade e completou seu mestrado em 1635 aos 19 anos de idade. Em 1637 tornou-se pastor.
Na década de 1640 foi capelão de Oliver Cromwell e, em 1651, veio a ser deão da Christ Church, a maior faculdade de Oxford. Em 1652, recebeu o cargo adicional de vice-reitor da universidade, a qual passou a reorganizar com sucesso notável.
Depois de 1660, foi líder dos Independentes (mais tarde chamados de congregacionais, até sua morte em 1683.
Nascido em 1616, entrou para o Queen's College, em Oxford, aos 12 anos de idade e completou seu mestrado em 1635 aos 19 anos de idade. Em 1637 tornou-se pastor.
Na década de 1640 foi capelão de Oliver Cromwell e, em 1651, veio a ser deão da Christ Church, a maior faculdade de Oxford. Em 1652, recebeu o cargo adicional de vice-reitor da universidade, a qual passou a reorganizar com sucesso notável.
Depois de 1660, foi líder dos Independentes (mais tarde chamados de congregacionais, até sua morte em 1683.
Carlos António da Rocha
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