… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

quarta-feira, 17 de maio de 2017

“Ecce Homo” e o Conde de Zinzendorf



“Ecce Homo” e o Conde de Zinzendorf

O quadro, “Ecce Homo”, (Eis o Homem),

pintado por Domenico Feti
A história é verdadeira, a história do jovem Conde de Zinzendorf que entregou a sua vida ao serviço de Cristo depois de ver o quadro Ecce Homo ("Eis o Homem") pintado por Domenico Feti. E, como não encontrei um registo escrito que pudesse transcrever para ofertar como leitura edificante, com a vossa permissão e muita paciência, passo a narrar….

No fim dos seus estudos, entre os anos de 1719 e 1720, o jovem Conde de Zinzendorf fez uma viagem através da Alemanha, Holanda, Bélgica e França, viagem que era habitual para um académico aristocrata. Um dia, no decurso dessa viagem ele chegou a Dusseldorf. Ele viaja sem rumo, apenas com a intenção de cultivar-se. In illo tempore os ricos viajam de carruagem. Assim, enquanto os cavalos que puxavam a sua esplêndida carruagem descansavam e eram alimentados, o jovem nobre aproveitou a pausa para dar uma espreitadela às obras de arte expostas na galeria da cidade. Podemos dizer que o nosso jovem nobre tinha o mundo a seus pés! Rico, jovem, inteligente! O mundo sorria-lhe. Entretanto ia percorrendo a galeria, e, de repente, ficou extasiado defronte de um dos quadros! Leu e releu as palavras escritas em Latim, na parte inferior da tela:

“Ego pro te haec passus sum
Tu vero quid fecisti pro me.”

Não podia afastar-se dali. O seu coração estava preso. O amor de Cristo tinha-se apoderado da sua alma. O quadro Ecce Homo (Eis o Homem) pintado por Domenico Feti pregara o seu sermão e Deus serviu-se dele para anunciar o Seu dom – o Substituto do Calvário – de quem o apóstolo Paulo disse: “O qual me amou, e se entregou por mim” (Gl 2.20). A tarde passou. Caiu a noite. Então, vendo que o visitante absorto se esquecera de onde estava, o guarda da galeria, gentilmente, pousou a sua mão no ombro do fidalgo choroso, dizendo-lhe que tinha de fechar a galeria, pois já a noite ia alta. Mas não ía!? Para o jovem visitante era antes o raiar da vida eterna! Aquele jovem era o Conde do Sacro Império, Nikolaus Ludwig von Zinzendorf und Pottendorf! Ele voltou para a hospedaria, e quando, de novo, entrou na sua carruagem, o seu objetivo, já não era seguir para Paris, mas voltar para sua casa. Desde aquele momento depôs a sua vida, a sua fortuna, a sua fama, tudo, tudo depôs aos pés dAquele que tinha murmurado ao seu coração as palavras:

“Tudo isto Eu fiz por ti;
Que fazes tu por Mim?”

Zinzendorf, o iniciador das Missões Moravianas, respondeu àquelas palavras com uma vida de absoluta dedicação à vontade do Senhor, até à morte.

Já muita gente leu alguma versão da história do jovem Conde de Zinzendorf que entregou a sua vida ao serviço de Cristo depois de ver o quadro Ecce Homo ("Eis o Homem") pintado por Domenico Feti, mas poucos viram a pintura real!

No entanto, a pesquisa atual sobre o Conde de Zinzendorf foi capaz de descobrir o rasto da versão da pintura de "Ecce Homo" que Zinzendorf viu em Dusseldorf, durante os seus anos da sua viagem. O quadro encontra-se agora exposto no Bayerische Staatsmuseum, em Munique, tem uma inscrição em Latim, na parte inferior da tela:

Ego pro te haec passus sum
Tu vero quid fecisti pro me

"Isto sofri por ti, agora o que vais tu fazer para mim?"

Domenico Fetti (também escrito Feti) (Roma, 1589 - Veneza, 1623) foi um prolífico e talentoso pintor barroco italiano que trabalhou principalmente em Roma, Mântua e Veneza. Apesar da sua curta vida, pintou muitas variações de Ecce Homo, porque evidentemente se vendiam bem. Existem inúmeras variações de Ecce Homo pintadas por Domenico Fetti em muitos museus por toda a Europa.

Ecce Homo são as palavras que Pôncio Pilatos teria dito, em latim, ao apresentar Jesus Cristo aos judeus de acordo com o evangelho. Em português, a frase significa "Eis o homem".

Trata-se da tradução que surge na Vulgata da frase grega ιδου ο ανθρωπος. Segundo o Evangelho segundo São João (19:5) “Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem” (Jo 19:5 ARC, Pt), foram as palavras pronunciadas pelo governador romano Pôncio Pilatos quando apresentou Jesus de Nazaré (flagelado, atado e com a coroa de espinhos) perante a multidão hostil para ser tomada a decisão final sobre a sua pessoa, já que Pilatos não via nenhum motivo claro para a Sua condenação.

Na iconografia ‘cristã’ costuma chamar-se Ecce Homo às representações de Jesus Cristo em sofrimento.

Carlos António da Rocha

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