A história é verdadeira, a história do jovem Conde de
Zinzendorf que entregou a sua vida ao serviço de Cristo depois de ver o quadro
Ecce Homo ("Eis o Homem") pintado por Domenico Feti. E, como não
encontrei um registo escrito que pudesse transcrever para ofertar como leitura edificante, com a vossa permissão e muita paciência, passo a narrar….
No
fim dos seus estudos, entre os anos de 1719 e 1720, o jovem Conde de
Zinzendorf fez uma
viagem através da Alemanha, Holanda, Bélgica e França, viagem que era habitual
para um académico aristocrata. Um dia, no decurso dessa viagem ele chegou
a Dusseldorf. Ele viaja sem rumo, apenas com a intenção de cultivar-se. In illo tempore os ricos viajam de
carruagem. Assim, enquanto os cavalos que puxavam a sua esplêndida carruagem
descansavam e eram alimentados, o jovem nobre aproveitou a pausa para dar uma
espreitadela às obras de arte expostas na galeria da cidade. Podemos dizer que
o nosso jovem nobre tinha o mundo a seus pés! Rico, jovem, inteligente! O mundo
sorria-lhe. Entretanto ia percorrendo a galeria, e, de repente, ficou extasiado
defronte de um dos quadros! Leu e releu as palavras escritas em Latim, na parte
inferior da tela:
“Ego pro te haec passus sum
Tu vero quid fecisti pro me.”
Não podia afastar-se dali. O seu coração estava
preso. O amor de Cristo tinha-se apoderado da sua alma. O quadro Ecce Homo (Eis
o Homem) pintado por Domenico Feti pregara o seu sermão e Deus serviu-se dele
para anunciar o Seu dom – o Substituto do Calvário – de quem o apóstolo Paulo
disse: “O qual me amou, e se entregou por mim” (Gl 2.20). A tarde passou. Caiu
a noite. Então, vendo que o visitante absorto se esquecera de onde estava, o guarda
da galeria, gentilmente, pousou a sua mão no ombro do fidalgo choroso, dizendo-lhe
que tinha de fechar a galeria, pois já a noite ia alta. Mas não ía!? Para o
jovem visitante era antes o raiar da vida eterna! Aquele jovem era o Conde do
Sacro Império, Nikolaus Ludwig von
Zinzendorf und Pottendorf! Ele voltou para a hospedaria, e quando, de
novo, entrou na sua carruagem, o seu objetivo, já não era seguir para Paris,
mas voltar para sua casa. Desde aquele momento depôs a sua vida, a sua fortuna,
a sua fama, tudo, tudo depôs aos pés dAquele que tinha murmurado ao seu coração
as palavras:
“Tudo isto Eu fiz por ti;
Que fazes tu por Mim?”
Zinzendorf, o iniciador das Missões Moravianas,
respondeu àquelas palavras com uma vida de absoluta dedicação à vontade do
Senhor, até à morte.
Já muita gente leu alguma versão da história do
jovem Conde de Zinzendorf que entregou a sua vida ao serviço de Cristo depois de
ver o quadro Ecce Homo ("Eis o Homem") pintado por Domenico Feti, mas
poucos viram a pintura real!
No entanto, a pesquisa atual sobre o Conde de
Zinzendorf foi capaz de descobrir o rasto da versão da pintura de "Ecce Homo" que
Zinzendorf viu em Dusseldorf, durante os seus anos da sua viagem. O quadro
encontra-se agora exposto no Bayerische Staatsmuseum, em Munique, tem uma
inscrição em Latim, na parte inferior da tela:
Ego pro te haec passus sum
Tu vero quid fecisti pro me
"Isto sofri por ti, agora o que vais tu fazer
para mim?"
Domenico Fetti (também escrito Feti) (Roma, 1589 -
Veneza, 1623) foi um prolífico e talentoso pintor barroco italiano que
trabalhou principalmente em Roma, Mântua e Veneza. Apesar da sua curta vida,
pintou muitas variações de Ecce Homo, porque evidentemente se vendiam bem.
Existem inúmeras variações de Ecce Homo pintadas por Domenico Fetti em muitos
museus por toda a Europa.
Ecce Homo são as palavras que Pôncio Pilatos teria
dito, em latim, ao apresentar Jesus Cristo aos judeus de acordo com o
evangelho. Em português, a frase significa "Eis o homem".
Trata-se da tradução que surge na Vulgata da frase
grega ιδου ο ανθρωπος. Segundo o Evangelho segundo São João (19:5) “Saiu, pois,
Jesus fora, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes
Pilatos: Eis aqui o homem” (Jo 19:5 ARC, Pt), foram as palavras pronunciadas pelo
governador romano Pôncio Pilatos quando apresentou Jesus de Nazaré (flagelado,
atado e com a coroa de espinhos) perante a multidão hostil para ser tomada a decisão
final sobre a sua pessoa, já que Pilatos não via nenhum motivo claro para a Sua
condenação.
Na iconografia ‘cristã’ costuma chamar-se Ecce Homo
às representações de Jesus Cristo em sofrimento.
Carlos
António da Rocha
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