… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

CRISTO CRUCIFICADO

Ashbel Green Simonton
“CRISTO CRUCIFICADO”

“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (1Co 1:23:26, ARC, Pt)

O Evangelho tem atravessado muitos séculos de trevas e de perseguições sanguinárias, e, a despeito de judeus e de gregos que de mãos dadas lhe têm feito uma oposição constante, hoje aqui está, testificando ainda que a palavra da cruz, isto é, a doutrina da cruz de Cristo, embora escândalo para uns e estultícia (isto é, loucura) para outros, é para os que se salvam a virtude (isto é, poder) de Deus e sabedoria de Deus.



Peço a vossa atenção para uma demonstração desse facto. [...] que consiste em mostrar que a morte de Cristo na cruz ensina as seguintes doutrinas:



1ª. A nossa raça é tão criminosa e culpada que a salvação não está nas nossas mãos nem nas de qualquer criatura;



2ª. Deus é infinitamente bom e quis deparar-nos uma salvação que fosse gratuita para nós e não fosse contrária à Sua justiça;



3ª. Crendo em Jesus crucificado temos a reconciliação com Deus e a vida eterna.



1ª A nossa raça é tão criminosa e culpada que a salvação não está nas nossas mãos nem nas de qualquer criatura. Este ponto tem sido sempre discutido com calor entre os sábios, uns afirmando que não somos criminosos, outros que somos culpados, mas que em troca das obras meritórias e dos socorros da igreja (católica) temos ou teremos a remissão de todas as nossas culpas. Outros ainda entendem que os anjos de Deus nos podem valer para nosso bem com Deus. Ora, em Jesus crucificado temos a verdadeira resposta a todas essas teorias.



Se o homem pudesse curar-se a si mesmo, Jesus não teria vindo como nosso médico. Se nós não estivéssemos perdidos, Jesus não houvera vindo para nos buscar e salvar. Se a salvação das nossas almas fosse coisa tão fácil que as nossas obras pudessem merecer a graça de Deus, ou se a igreja nos pudesse facilitar os socorros precisos, ou se a vinda de qualquer anjo ou coro de anjos pudesse ter alcançado a remissão dos nossos pecados, Jesus, o Filho de Deus, não teria baixado à terra e Se humilhado a ponto de fazer-Se homem e morrer sobre a cruz. Perante a cruz não tem lugar qualquer destas teorias. A morte de Cristo é uma resposta formal a todas elas, pois importa que a raça humana estava perdida, e tão criminosa que fora de Deus não havia remédio possível. Vede o Salvador prostrado sobre a terra, pedindo que o cálice passasse, se fosse possível. Porém o cálice não passou [...]. Só havia uma alternativa. A maldição de Deus provocada pelo pecado pesava sobre o género humano. Nenhum homem ou anjo podia intervir entre Deus e as criaturas rebeldes. [...] Porque todo homem é pecador. Nenhum anjo o podia fazer, pois os anjos são também criaturas finitas e limitadas [...]. Só o Filho de Deus estava nas condições de intervir, tomando sobre Si a maldição do pecado. Era justo, santo e inocente, e, por ser pessoa divina, tinha o direito de dispor de Si mesmo, tomando a nossa natureza e a nossa responsabilidade perante a lei insultada e ultrajada por nossos delitos. Ele o fez, morrendo em expiação dos nossos pecados.



In “Sermões Escolhidos de Simonton”, Ashbel Green Simonton, páginas 204, 205, São Paulo: Cultura Cristã, 2008


Ashbel Green Simonton (West Hanover, 20 de janeiro de 1833 — 9 de dezembro de 1867) foi um pastor presbiteriano e missionário norte-americano, fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil.

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