Ashbel
Green Simonton
“CRISTO
CRUCIFICADO”
“Mas
nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura
para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes
pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (1Co 1:23:26, ARC, Pt)
O Evangelho tem atravessado muitos
séculos de trevas e de perseguições sanguinárias, e, a despeito de judeus e de
gregos que de mãos dadas lhe têm feito uma oposição constante, hoje aqui está,
testificando ainda que a palavra da cruz, isto é, a doutrina da cruz de Cristo,
embora escândalo para uns e estultícia (isto é, loucura) para outros, é para os
que se salvam a virtude (isto é, poder) de Deus e sabedoria de Deus.
Peço a vossa atenção para uma
demonstração desse facto. [...] que consiste em mostrar que a morte de Cristo
na cruz ensina as seguintes doutrinas:
1ª. A nossa raça é tão criminosa e
culpada que a salvação não está nas nossas mãos nem nas de qualquer criatura;
2ª. Deus é infinitamente bom e quis
deparar-nos uma salvação que fosse gratuita para nós e não fosse contrária à Sua
justiça;
3ª. Crendo em Jesus crucificado temos
a reconciliação com Deus e a vida eterna.
1ª A nossa raça é tão criminosa e
culpada que a salvação não está nas nossas mãos nem nas de qualquer criatura.
Este ponto tem sido sempre discutido com calor entre os sábios, uns afirmando
que não somos criminosos, outros que somos culpados, mas que em troca das obras
meritórias e dos socorros da igreja (católica) temos ou teremos a remissão de
todas as nossas culpas. Outros ainda entendem que os anjos de Deus nos podem
valer para nosso bem com Deus. Ora, em Jesus crucificado temos a verdadeira
resposta a todas essas teorias.
Se o homem pudesse curar-se a si
mesmo, Jesus não teria vindo como nosso médico. Se nós não estivéssemos
perdidos, Jesus não houvera vindo para nos buscar e salvar. Se a salvação das
nossas almas fosse coisa tão fácil que as nossas obras pudessem merecer a graça
de Deus, ou se a igreja nos pudesse facilitar os socorros precisos, ou se a
vinda de qualquer anjo ou coro de anjos pudesse ter alcançado a remissão dos
nossos pecados, Jesus, o Filho de Deus, não teria baixado à terra e Se
humilhado a ponto de fazer-Se homem e morrer sobre a cruz. Perante a cruz não
tem lugar qualquer destas teorias. A morte de Cristo é uma resposta formal a
todas elas, pois importa que a raça humana estava perdida, e tão criminosa que
fora de Deus não havia remédio possível. Vede o Salvador prostrado sobre a
terra, pedindo que o cálice passasse, se fosse possível. Porém o cálice não
passou [...]. Só havia uma alternativa. A maldição de Deus provocada pelo
pecado pesava sobre o género humano. Nenhum homem ou anjo podia intervir entre
Deus e as criaturas rebeldes. [...] Porque todo homem é pecador. Nenhum anjo o
podia fazer, pois os anjos são também criaturas finitas e limitadas [...]. Só o
Filho de Deus estava nas condições de intervir, tomando sobre Si a maldição do
pecado. Era justo, santo e inocente, e, por ser pessoa divina, tinha o direito
de dispor de Si mesmo, tomando a nossa natureza e a nossa responsabilidade
perante a lei insultada e ultrajada por nossos delitos. Ele o fez, morrendo em
expiação dos nossos pecados.
In
“Sermões
Escolhidos de Simonton”, Ashbel Green Simonton, páginas 204, 205, São Paulo: Cultura
Cristã, 2008
Ashbel Green Simonton (West
Hanover, 20 de janeiro de 1833 — 9 de dezembro
de 1867) foi um pastor presbiteriano e missionário norte-americano, fundador da
Igreja Presbiteriana do Brasil.
Sem comentários:
Enviar um comentário