… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Sermão n.º 2341


C. H. Spurgeon

Sermão n.º 2341

“O Evangelho que não morre para um ano que morre” (The undying gospel for the dying year), pregado no domingo 20 de outubro de 1889, por Charles Haddon Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington, Inglaterra.

“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” (Rm 5:6, ARC, Pt)


Queridos amigos, qualquer que seja a condição de um filho de Deus, não está sem esperança. Um crente no Senhor Jesus Cristo pode ser provado duramente, de maneira que as suas aflições possam multiplicar-se e ser muito intensas; mas, até nessa condição, ele tem esperança. Não é possível que Deus o abandone —o seu Deus deverá ajudá-lo. Se lhe sobreviesse o pior e fosse completamente abandonado pelos homens, e não houvesse um caminho de saída para as suas tremendas dificuldades, mesmo assim, o seu Deus deverá ajudá-lo. Não há nenhum motivo para ter medo.



O argumento do nosso versículo é este: uma vez que o Senhor Jesus Cristo nos salvou sendo nós ainda ímpios, e veio em nosso resgate sendo nós ainda débeis, jamais poderíamos estar numa condição pior que essa; e se então fez por nós o máximo que podia fazer, quer dizer, morrer por nós, não há nada que Ele não faça por nós agora. De facto, Ele dar-nos-á tudo e tudo fará por nós, para nos guardar com segurança e para nos levar até ao fim. O argumento é que, se olharmos para trás, vemos o grande amor de Deus ao oferecer o Seu amado Filho por nós, quando não havia nada de bom em nós —e éramos ímpios, quando não tínhamos qualquer poder para fazermos nada de bom— porque éramos débeis. Numa situação como essa, até numa situação como essa, Cristo veio sobre as asas do amor —subiu ao madeiro sangrento para oferendar a Sua vida pela nossa libertação! Portanto, nós temos a confiança de que Ele não nos negará nada do que poderemos necessitar. Ele comprometeu-Se a trabalhar pela nossa eterna salvação e não Se verá impedido de obtê-la. Ele já tem feito muito por nós para arrepender-Se agora do Seu propósito; e até se se estivermos na nossa pior condição, ainda que estejamos nessa condição esta noite, podemos apelar confidencialmente para Ele, e estar completamente seguros de que Ele nos levará às alturas do gozo e da segurança! Esse é o sentido do versículo e do sermão, esta noite.



Há três grandes temas de consolação sugeridos pelo versículo. O primeiro está nas palavras “Cristo morreu pelos ímpios.” O segundo está na frase Cristo morreu por nós, “estando nós ainda fracos.” E há uma rica veia de consolo na terceira frase: Cristo morreu por nós “a seu tempo.” “A seu tempo Cristo morreu pelos ímpios.” O tempo é frequentemente um elemento muito importante quando alguém está com problemas. No momento exacto, Cristo veio para nos libertar— e isso Ele fá-lo-á novamente.



I. O primeiro ponto de consolo, no nosso versículo, é este: Se algum filho de Deus, hoje, se encontra dolorosamente consternado e dobrado por causa de algum problema, imaginando que Deus o vai abandonar —melhor é que primeiro ele medite nestas palavras: “CRISTO MORREU PELOS ÍMPIOS.”



Eu gostaria que esta frase fosse posta nas esquinas de cada rua, “Cristo morreu pelos ímpios.” Temo-me de que isso geraria muitas observações a esse respeito. Muitos a pateariam com indignação, mas haveria outros que dariam saltos de gozo ao vê-la. “Cristo morreu pelos ímpios.” Será que significa o que diz? A noção comum, que, geralmente, não se expressa em tantas palavras, mas, que se alberga em muitas mentes, é que Cristo morreu pela gente piedosa —que Cristo morreu pelos bons— mas o versículo diz “Cristo morreu pelos ímpios.” “Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar aos pecadores.” Repito que a noção comum, mas ainda que crida tacitamente, é que Cristo veio ao mundo para salvar os santos. Isto não é verdade. Ele veio ao mundo para salvar os pecadores, ou, para recorrer novamente às próprias palavras do versículo, “Cristo morreu pelos ímpios.” Lembro-me de ter lido a respeito duma jovem mulher que durante muito tempo tinha padecido angústia de consciência, mas finalmente encontrou consolo numa oração dita pelo senhor Moody Stuart, que citava as palavras do meu versículo, “Cristo morreu pelos ímpios.” Nunca antes a jovem mulher tinha entendido essa ideia— sempre tinha procurado encontrar algo de bom nela, e pensava que se pudesse identificar alguma coisa boa em si mesma, então saberia que Cristo tinha morrido por ela! Foi como uma nova revelação quando ela entendeu verdadeiramente que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, e que Ele “morreu pelos ímpios.”





Isto deve ser certo, já que a Escritura o estabelece claramente: “Cristo morreu pelos ímpios.” Isto deve ser certo, já que, em primeiro lugar, não havia ninguém mais por quem morrer, senão pelos ímpios! Na mesma Epístola, Paulo afirma que toda a humanidade, tanto Judeus como Gentios, estão sob o pecado. Pois está escrito: “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.” (Rm 3:10-12, ACF, Pt) O apóstolo resume tudo com uma condenação que abrange a todos: “Não há um justo, nem um sequer” portanto, se Cristo morreu por alguém, Ele deve ter morrido pelos ímpios, já que toda a raça humana degenerou para essa condição! E esse é o estado por natureza de cada homem que é nascido de mulher. Alguns são abertamente ímpios. Alguns são religiosamente ímpios, que é uma condição muito perigosa, já que é enganosa —porque tem a forma de piedade, mas nega o seu poder. Então, este primeiro ponto está muito claro —Cristo deve ter morrido pelos ímpios, já que não havia ninguém mais por quem morrer.



Seguidamente, só os ímpios necessitavam que Ele morresse por eles. Se tu és piedoso, se tu és bom, se tens guardado perfeitamente a Lei de Deus, o que tens tu que ver com Cristo? Já és salvo; de facto, não estás perdido e, portanto, não necessitas da salvação. Se tens guardado todos os Mandamentos desde a tua infância, podes dizer muito bem: “O que me faz falta?” Se és tão bom que dificilmente possas ser melhor, e tens o mais respeitável traje de justiça própria para te apresentares perante Deus, eu pergunto novamente: o que tu tens que ver com Cristo? Por que tinha Ele de morrer por um homem que não tem qualquer pecado que precise de ser lavado? Oh, vós, justos com justiça própria, olhai para as faíscas do vosso próprio fogo, já que Cristo não acenderá qualquer fogo para vós! Oh, vós que credes que o vosso próprio caráter já é o que deve ser, e cuja esperança descansa nessa falácia!, repito, por que haveria Cristo de ser Médico de quem não está doente? Por que teria de dar esmolas a quem não é pobre? Por que teria de oferendar a Sua vida pelo pecado de quem não tem qualquer pecado? “Cristo morreu pelos ímpios”, porque ninguém senão os ímpios necessitavam que Ele morresse por eles.



Há um ponto que devemos enfatizar: Cristo certamente morreu pelos ímpios. A forma da Sua morte foi precisamente a que os ímpios mereciam —Ele morreu sentenciado pela lei de Deus. Ele morreu cravado na Cruz— morreu com a morte devida a um malfeitor, no meio de dois ladrões. Morreu na escuridão, clamando: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt 27:46, ARC, Pt) Ele não morreu, por Ele mesmo ter pecado, mas morreu como os pecadores devem morrer, já que carregou sobre Si os pecados dos ímpios. E ao substitui-los, sentiu o açoite de Deus que devia ter caído sobre os ímpios. Disse o açoite? Ele sentiu a espada de Deus que devia ter acabado com os ímpios, tal como está escrito: “Oh espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Zc 13:7, ARC, Pt) Cristo certamente morreu pelos ímpios. Dizem-nos que Ele morreu para confirmar o Seu testemunho, e, a esse respeito, a Sua morte não é diferente da morte de qualquer mártir que morre para confirmar o Seu testemunho. Mas o versículo diz: “Cristo morreu pelos ímpios.” Dizem alguns que Ele morreu para completar a Sua vida, o que têm feito muitos homens bons, e nesse sentido a Cruz não tem preeminência. Mas o versículo diz: “Cristo morreu pelos ímpios”, e devemos crer firmemente que é verdade. “Levando ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro.” (1Pe 2:24, ARC, Pt) “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados.” (Is 53:5, ARC, Pt) Alguns dão a volta e dizem: “Essa é a tua teoria da Expiação.” Peço perdão —essa é a Expiação.



Não é de maneira nenhuma uma teoria e não há nenhuma outra Expiação, senão a Substituição de Cristo em lugar do ímpio! Ele morreu, o Justo pelos injustos, para nos levar a Deus. Esta é a única e verdadeira Doutrina da Expiação; e todo aquele que a receba será confortado por ela —mas todo aquele que a recuse, fá-lo com o risco da sua própria alma. “Cristo morreu pelos ímpios.” Não posso dizer palavras mais simples que as que Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, tem escrito. Ali estão elas ante nós: “Cristo morreu pelos ímpios.”



Agora, pois, quero que vós, que sois o povo de Deus, tomeis o argumento que há nesta Verdade de Deus. Se Cristo levou a cabo este acto de coroação ao morrer pelos ímpios, pensais que Ele rejeitaria alguma vez ao homem que tem paz com Deus? Lede o primeiro versículo novamente: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1, ARC, Pt) Pois bem, se Ele morreu por ti quando não tinhas paz com Deus, quando, de facto, não tinhas nada a ver com Deus —quando eras ímpio, isto é, sem a influência de Deus —quando eras inimigo de Deus fazendo obras perversas. Se Cristo morreu por ti então, não te salvará agora? Se sentes dentro do teu coração, hoje, uma doce reconciliação com Deus, o teu Pai celestial, então, não importa qual seja o teu problema, não penses que Deus te possa abandonar. Não importa a profunda depressão do teu espírito, não penses que Deus possa abandonar-te! Ele, que morreu por ti quando eras ímpio, certamente te salvará agora que tens paz com Deus por meio dEle.



Mais ainda, quando tiveres lido essas palavras do primeiro versículo, “Temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1, ACF, Pt), continua lendo o segundo: “Pelo qual também temos entrada pela fé.” (Rm 5:2 ARC, Pt) Então, tu és um desses que podem ir a Deus quando quiseres e falar-Lhe como um homem fala com o seu amigo! Pela fé, tens a permissão de ir a Deus em oração e em louvor, e caminhar com Deus na Luz, como Ele na Luz está! Por favor, querido amigo, se Cristo morreu por ti quando estavas morto, quando eras ímpio, deixar-te-á, poderá deixar-te agora que te tem permitido o acesso ao Pai por meio dEle mesmo? Entras e sais da Sua casa como o filho nascido nela— e se Ele te amou de tal maneira que morreu por ti quando eras um estranho para Deus —pensas que te abandonará agora que tens acesso a Deus, por meio dEle?



Prossegue e encontrarás que está escrito: “E nos glorificamos na esperança da Glória de Deus.” Ainda recentemente, tu o sabes, não tinhas esperança da Glória— não tinhas qualquer expectativa de alguma vez chegares ao Céu. Que pobre alma eras, a tua glória era a tua vergonha! A tua glória era o prazer e os lucros do mundo. Mas agora, tu “regozijaste na esperança da Glória de Deus.” Deus te tem dado essa boa esperança através da Graça! Algumas vezes, quando tudo te sai bem, sobes ao topo do Monte Claro, e olhando para a Cidade Celestial, parece-te que quase vês a sua luz. Algumas vezes, quando tens o vento a teu favor, escutaste algumas notas perdidas das harpas dos anjos— e desejaste estar entre eles! Alguns de vós sabeis que a esperança do Céu frequentemente se acendeu nos vossos corações; então, pois, Amados, se o Senhor vos deu essa esperança, poderá desapontar-vos? Se Cristo morreu por vós quando não tínheis qualquer esperança, quando não queríeis ter uma esperança, quando éreis ímpios —pensai no peso deste argumento para que vós vos deleiteis na esperança da Glória de Deus. É mais poderosa do que milhares de poderosos martelos, porque converte em pedacinhos qualquer dúvida! Ele que morreu pelos ímpios certamente salvará aqueles que têm uma boa esperança do Céu!



Uma vez mais, estais agora tão longe de ser ímpios, que o amor de Deus é derramado abundantemente nos vossos corações por meio do Espírito Santo que vos foi dado. Vós sabeis que isto é assim— sentis que Deus vos ama. Se não o sentis hoje, havei-lo sentido antes. Deste-vos conta do amor de Deus nos vossos corações, como se tivesse sido aberto um frasco de perfume de essências de rosas e o perfume houvesse enchido todo o vosso espírito. Já dissestes a vós mesmos: “Jesus ama-me.” E sentiste-vos cheios de alegria com esse pensamento, e também dissestes: “Eu sei que O amo.” Tendes sentido os movimentos dos vossos espíritos como o gelo fundente que se derrete na primavera. Todo o pequeno regato que tinha estado congelado dentro da vossa natureza, deu saltos de graciosa liberdade sob a luz do Sol do Divino Amor. Agora, pois, pensai que o Senhor vos ensinou alguma vez a amá-Lo —e que vos mostrou o Seu amor— e ainda assim vos há-de esquecer? Dir-me-eis: “Oh senhor, não sabe quão terrível é minha a prova!” Não, na verdade não o sei; mas o vosso Pai celestial sabe-o, e se Ele vos amou quando ainda éreis ímpios, rejeitar-vos-á agora que derramou com plenitude o Seu amor no vosso coração? “Oh, mas perdi o meu sustento de pão! Não sei do que vou viver.” Não, mas tens o Deus vivo do qual depender; e, depois de dar-vos o Seu Filho para salvar-vos, certamente Ele dar-vos-á o pão; não vos deixará morrer de fome. “Ah, mas, meu prezado senhor, o amado do meu coração morreu! No cemitério está enterrado quem foi o objeto de todos os meus amores.” É realmente, assim? Eu pensei que quem foi objecto dos teus amores foi para acima, à mão direita do Pai. Não é assim? “Ah, isso não é o que quero dizer, senhor! Quero dizer que perdi a alguém a quem amava ternamente.” Sei que o perdeste, mas, pensas que o Senhor te virou as costas porque permitiu que te sobreviesse esta prova? Como poderia Ele abandonar alguma vez aqueles por quem morreu? E se morreu por eles, quando éreis ímpios, não viverá agora por aqueles em cujos corações derramou abundantemente o Seu amor por meio do Espírito Santo?! Não posso resolver isto por vós; quero que vades para casa e vós mesmos o resolvais. Se algum de vós se encontra abatido, aqui está a primeira fonte que conforta, onde podeis beber grandes sorvos do Divino consolo— “Cristo morreu pelos ímpios.” Certamente, Ele ajudará aqueles que confiam nEle.



II. Agora vamos a uma segunda fonte, para ver se também podemos extrair águas de consolo dela. De conformidade com o nosso versículo, CRISTO MORREU POR NÓS “SENDO NÓS AINDA DÉBEIS.”



Aqui somente devo mencionar uma palavra ou duas, já que o tempo não permitirá alongar-me mais. Primeiro, encontrávamo-nos naturalmente numa condição perdida em consequência da Queda, quando nascemos neste mundo, e vivemos nele durante muitos anos “sendo débeis” para fazer o que é justo. Quando começamos a despertar um pouco para os pensamentos de Deus e para as coisas Divinas, escutámos a pregação da Verdade de Deus, mas ainda não tínhamos sequer poder de nos aproximarmos ao Evangelho. Exortavam-nos ao arrependimento, mas o nosso duro coração não produzia as águas do arrependimento. Exortavam-nos a acreditar em Cristo —mas era o mesmo como se o pregador houvesse ordenado aos mortos que ressuscitassem das suas sepulturas! Cristo tinha-nos sido apresentado em toda a Sua beleza, mas a nossa cegueira era tal, que não conseguíamos apreciar o Seu encanto. O Pão da Vida estava servido na mesa em frente de nós, mas era tal a nossa obstinação que não críamos que fosse Pão e, portanto, não comíamos dEle. “Éramos débeis.”



E mais adiante, quando já tivemos vontade e o Senhor começou a trabalhar em nós pela Sua Graça, tivemos a vontade de nos arrependermos e de ir a Cristo— ainda, não tínhamos as Graças que são agora a nossa fortaleza. Recordo-me muito bem do tempo de quando tinha de dizer: “O querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.” (Rm 7:18. ACF, Pt) “Quero, mas não posso arrepender me; quero, mas não posso acreditar.” Tinha uma rocha no meu coração —uma pedra estava colocada sobre a boca do poço do consolo! Nós éramos “débeis.” Mas, quando nos encontrávamos nesse lamentável estado, sem nenhuma dessas Graças que agora são a nossa fortaleza, sem nenhum desses santos frutos do Espírito que são agora a fonte do nosso consolo— mesmo então, “quando ainda éramos débeis”, Cristo morreu por nós. Quando cada tendão e cada osso estavam quebrados, e todo o poder aniquilado, e a própria vida se tinha evaporado —pois estávamos mortos em delitos e pecados—, mesmo então Cristo morreu por nós! Pois bem, irmãos e irmãs, isto é verdade. Credes isso assim? Quero que entendais o argumento desta verdade: se o Senhor Jesus nos amou suficientemente para morrer por nós quando estávamos totalmente sem qualquer força, então certamente nos salvará agora que nos deu forças.



Olhai apenas e vede que espécie de força Ele nos deu. De acordo com o versículo, Ele deu-nos paz. Quanta força possuem aqueles que têm paz com Deus! Tudo posso, quando sei que Deus está do meu lado. Pois bem, se Ele me deu a força que provém da confiança depositada nEle e da perfeita reconciliação com Ele —e permitirá Ele agora que o inimigo me destrua? Não pode ser.



Além de paz, Ele permitiu-nos o acesso a Si mesmo. De que força somos capazes quando vamos a Deus em oração! Por meio da fé, podemos ir a Deus em qualquer momento de necessidade! E estou eu capaz de ir ao meu Pai celestial, e contar-Lhe todos os meus problemas e lançar as minhas cargas sobre Ele —e se o Seu Filho morreu por mim quando eu ainda era débil, abandonar-me-á Ele agora que recorro a Ele em oração? Oh amados, isso é impossível! Não posso imaginar que Ele se vire contra nós.



Mais ainda, de conformidade com o terceiro versículo, Ele agora deu-nos paciência. Temos tido muitas preocupações, mas estas produziram-nos paciência. O Senhor sabe que nessa época não tínhamos nenhuma paciência; Do mesmo modo que os bois não estão acostumados ao jugo, vós pateáveis cada vez que Ele vos golpeava, mas agora controlais frequentemente a vossa língua e com quietude recebeis a vara do castigo. A paciência é uma grande fortaleza para o homem, ou para a mulher —se vós podeis ser pacientes, então vós sois fortes. Pois, se Cristo vos amou de tal maneira que vos comprou com o Seu sangue quando ainda éreis impacientes, Ele deu-vos esta fortaleça para poderdes ser pacientes sob a Sua mão, e pensais que Ele vos destruirá?



E além da paciência, Ele deu-vos muita experiência. Dirijo-me a tantos e tantos do povo de Deus aqui presentes que são experimentados cristãos; vós tendes subido ao monte e descido ao vale, vós tendes provado e comprovado a fidelidade de Deus —tendes conhecido por experiência as vossas próprias debilidades e a vossa própria loucura— mas também conheceis a fidelidade e a fortaleza de Deus. Credes que o Senhor vos tem dado toda esta experiência e que depois Ele tenha em mente comportar-Se tolamente convosco? Pensais que Deus dá para depois tirar, como os garotinhos fazem nos seus jogos? O quê? Pôr-vos no meio de todas estas marchas e exercitou-vos desta maneira, e agora vai expulsar-vos a toque de caixa do Seu exército? Não, não! Não penseis nada disso. Ele, que vos tem dado a paciência e a experiência, preservar-vos-á até ao fim.



E além disso, Ele deu-vos a esperança, já que a paciência engendra experiência; e a experiência, esperança; uma esperança que não envergonha. Deu-te Deus realmente uma esperança? “Oh!”, diz alguém, “às vezes é uma esperança muito débil.” Sim, mas é esperança em Cristo? Esperas na Sua misericórdia? Então recorda este versículo: “O SENHOR Se agrada dos que o temem e dos que esperam na Sua misericórdia.” (Sl 147:11, ARC, Pt) A menor esperança, se vier de Deus, sem importar quão fraca seja, é melhor que a presunção mais orgulhosa que provenha da justiça própria! Se o Senhor Jesus te tem dado uma esperança no Seu sangue, uma esperança na Sua intercessão, uma esperança na Sua fidelidade eterna, ah, crê-me, se Ele te amou quando não tinhas qualquer esperança, Ele nunca te rejeitaria agora que tens uma esperança que Ele mesmo te tem dado!



Somente algo mais sobre este mesmo ponto. Lemos no quinto versículo: “o Espírito Santo que nos foi dado.” Escutai-me por favor. Se quando ainda estávamos débeis, Cristo morreu por nós, não nos salvará agora, que nos tem dado o Espírito Santo? Pensa nisso, Cristão. O Espírito Santo tem vindo a morar em ti! Pobre e desprezado, ou ignorante e desconhecido, mas apesar disso em ti mora o Espírito de Deus! Esse teu corpo é um templo —essa é a Palavra de Deus, não a minha: “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que mora em vós?” Agora, pois, se Cristo te comprou com o Seu sangue quando ainda não eras templo, mas um lugar manchado —não sei a que coisa vil comparar-te, permitirá Ele que sucumbas agora que Ele te converteu num templo, e o Espírito Santo veio morar em ti? Sei que devo estar-me dirigindo a alguém com graves problemas hoje; estou seguro que assim é, a minha alma sabe que me estou dirigindo a um verdadeiro filho de Deus à beira do precipício, levado aos limites da dor. Querido amigo, crê no teu Deus! Não permitas que te invada qualquer dúvida a respeito dEle. O Filho de Deus morreu por ti na Cruz quando eras ímpio e débil— e não pode ser, nem deve ser, nem chegará a ser, que Ele tenha o menor desejo de te abandonar, ou qualquer possibilidade de mudança no Seu amor para contigo. Meus irmãos e irmãs, eu dir-vos-ia sobre o vosso problema de hoje, o que Esperança disse a Cristão quando Ele se encontrava no Rio da Morte e gritava “Afundo-me em águas profundas.” Esperança disse-lhe: “Mantém o teu bom ânimo, meu Irmão, porque posso tocar no fundo e isso é bom.” Eu posso tocar no fundo hoje, meu Irmão, minha Irmã, ainda que tu não podes fazê-lo— é bom o fundo, e nunca poderias ser arrastado mais para diante, se tu estás confiando em Jesus. Ele, que te trouxe para a água, se fizer que a maré suba até ao teu queixo, também te ensinará a nadar. Quando já não puderes caminhar mais para diante, encontrarás água onde poderás nadar, e não existem águas suficientemente profundas para que um filho de Deus se afogue nelas. Poderás baixar até à sepultura, mas nunca poderias ir mais abaixo. “Abaixo estão os braços eternos.” Há sempre alguém que está preparado para te levantar quando estás submerso nas piores circunstâncias e provas. Portanto, anima-te! Glorifica a Deus no fogo e tem a certeza absoluta de que Quem Se entregou a Si mesmo à morte por ti, nunca te vai perder, mas preservar-te-á até ao fim.



Agora vou tocar o último ponto, que também está cheio de consolação. Penso que acabo de escutar a alguém suspirar profundamente e dizer: “Ah! Pode ser como tu dizes, tudo isso pode ser verdade, e confio que assim seja, mas encontro-me com tal problema que, se não consigo ajuda direta, estarei arruinado. Tenho de gritar: «‘Apressa-te, oh Deus, apressa-Te em minha ajuda!’ Quero um Deus que possa fazer o que fez o Deus de David quando ‘cavalgou sobre um querubim e voou; remontou-se sobre as asas do vento’». Esse é o tipo de Deus que necessitas; sim, e esse é o tipo de Deus que tens. Virá voando para libertar-te, tal como to demonstrarei agora.



III. Eis aqui a terceira fonte de consolação: CRISTO MORREU POR NÓS A SEU TEMPO. “A seu tempo Cristo morreu pelos ímpios.”



Não vos posso dizer quanta medula encontrei neste osso: “a seu tempo Cristo morreu pelos ímpios.” Parece-me que o ensino deste versículo é algo como isto. Em primeiro lugar, significa que Cristo morreu por nós quando a justiça requereu a Sua morte. Suponhamos que eu devesse algo; graças a Deus não devo nada, mas suponhamos que tivesse uma dívida muito grande, a qual deve ser paga —digamos— na terça-feira da próxima semana pela manhã. Tenho um amigo que tomou a responsabilidade de pagá-la por mim. A letra de câmbio vence às doze horas do dia, e ele diz-me que o pagará por mim. Agora suponhamos que o meu amigo vai na quarta-feira pela manhã e paga-a. Que bom da sua parte! Não obstante, eu perco a minha reputação, já que os débitos não foram pagos “a seu tempo.” Não pude cumprir com o vencimento da letra de câmbio às doze horas do dia da terça-feira. Certo, foi só um atraso de vinte e quatro horas; mas mesmo assim, já não tenho a reputação que tinha na atividade em que me ocupo; converti-me num pagador moroso (defaulter-deliquente). Agora, eu gosto de pensar neste facto, que eu, um pobre pecador, completamente afundado em dívidas frente à Justiça de Deus, não somente Lhe paguei tudo por meio do meu grande Fiador, mas paguei-Lhe a tempo! “A seu tempo” o meu Fiador veio e pagou a minha dívida por mim. “A seu tempo Cristo morreu pelos ímpios.”



Este versículo também quer dizer que Cristo morreu a Seu tempo por cada crente. No Livro dos Crentes de Deus não há nenhuma reclamação por demoras ou atrasos contra qualquer crente pecador. Não há qualquer nota ali que diga “o Fiador deste pecador morreu fora de tempo.” Não, mas, quando a justiça demandou o pagamento da dívida, a justiça recebeu o pagamento total da amada mão que foi cravada na Cruz por mim. “A seu tempo Cristo morreu pelos ímpios.” Foi o tempo estabelecido no decreto eterno, foi o tempo acordado no eterno conselho da Graça— e Cristo estava ali à hora exacta. Subiu à Cruz no dia prefixado para terminar com a transgressão e pôr fim ao pecado— e para trazer a justiça eterna! Ele fez Expiação pelos ímpios e morreu por eles, “a seu tempo.”



Bem, dão-se conta para onde me dirijo? Queremos ajuda, dizeis vós, precisamos de salvamento; muito bem. A maior ajuda de que vós alguma vez haveis necessitado é que alguém se levante e sirva de Intercessor a vosso favor —e pague todas as vossas dívidas à Justiça Infinita, tal como o Senhor o fez,— e fê-lo no momento preciso! “A seu tempo.” Por consequência, não vos há-de libertar no “seu devido tempo”?



Além disso, Ele deu-vos paciência—”A tribulação produz perseverança.” Ele ajudar-vos-á antes de que se acabe a vossa paciência. “Não posso aguentar mais”, diz alguém. Não tens necessidade de aguentar mais. O Senhor vem no caminho para te libertar; e antes de que se acabe toda a paciência que a Graça te deu, Ele virá a ti!



Lê a seguinte frase: “E a perseverança produz experiência.” A tua experiência, para que te seja útil, tem de ser dolorosa; se não é dolorosa, não será já mais uma experiência benéfica para ti. Recorda como Paulo escreve na mesma carta: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm 8:28, ARC, Pt); e se Ele te chamou, permitirá que sofras tanto até que a tua experiência do sofrimento te seja para bem, mas não mais; a seu tempo Ele tirar-te-á dessa experiência dolorosa.



E Ele tirar-te-á dali antes que a tua esperança seja envergonhada. Lê de novo essas palavras: “E o caráter provado produz esperança. E a esperança não conduz à vergonha.” O Senhor não permitirá que o teu problema se prolongue tanto que devas dizer “eu fui enganado; devo deixar de ser Cristão.” Deus não te abandonará na hora da necessidade. Ele tirar-te-á “a seu devido tempo”, antes que a tua esperança moribunda exale o seu último suspiro. Tem ânimo a respeito disto!



E Ele virá e ajudar-te-á enquanto o teu amor ainda permaneça. Não te escutei a dizer “Ainda que me mate, mesmo assim confiarei nEle. Pode açoitar-me, mas ainda sou Seu filho, e O amo, e vou beijar a Sua mão, e também a Sua vara”? Bem, bem, se essa é a tua linguagem, Ele tem de vir para te ajudar “a seu tempo!” Ele tem de te libertar antes que esse amor seja apagado do teu coração.



Sim, e deixa-me dizer-te que, ainda que estejas fraco agora, Ele, que morreu por ti quando ainda eras fraco no pleno sentido da palavra, virá para te ajudar. Dou graças a Deus hoje, como o tenho feito tantas vezes, por me trazer tão grandes tribulações. Às vezes, a minha vida tem sido muito tranquila durante anos. Recordo-me de haver dito a mim mesmo alguma vez: “Bem, antigamente, durante as grandes necessidades do Colégio de Pastores e do Orfanato, experimentei milagres maravilhosos de libertação. Nesse tempo parecia andar, como um gigante, do cume de uma montanha para outra, passando sobre os vales; e agora caminho simples e tranquilamente pelos vales.” Quase desejei ver outra grande montanha e outro grande precipício aberto em baixo, para poder ver o que Deus vai fazer— e o que me aconteceu! Durante os dois últimos anos, ainda que tenha falado muito pouco a respeito disto, tive muitas fendas abertas à minha frente. Dava a impressão que o gelo se ia partir, e olhei para baixo, para as profundidades azuis; mas segui adiante com passo firme, e Deus, na Sua mercê, tem tornado o meu caminho tão fácil, como se tivesse sido um caminho sobre um terreno com o pasto recém segado. É algo glorioso ter um grande problema, uma gigantesca onda do Atlântico, que te levanta pelos pés e te arrasta pelo mar dentro —e te atira para as profundidades, para as cavernas mais escondidas do velho oceano, até chegares ao fundo das montanhas —e ver ali a Deus, e depois sais à superfície e proclamas quão grande é Deus, e com quanta graça Ele liberta o Seu povo! Ele libertar-te-á, Ele deve liberar-te! O argumento do versículo é este: “a seu tempo Cristo morreu pelos ímpios”; portanto, “a seu tempo” Ele deve ajudar o piedoso.



Agora vou terminar fazendo duas observações. A primeira é que o Evangelho dos pecadores é o consolo dos santos. Se alguma vez, vós os santos quiserdes um pouco de verdadeiro consolo, somente deveis ir a Deus como pecadores. Não penso que haja nada melhor ou mais sábio, quando quiserdes ser solidamente alegrados, que começar de novo onde começastes a primeira vez. Quando o Diabo me diz “tu não és um santo”, eu respondo-lhe “tu tampouco o és.” “Ah!”, diz-me ele, “tu és um enganador”; eu contesto-lhe “tu também.” “Ah!”, volta-me ele a dizer, “mas tu estás equivocado, a tua experiência foi um engano, tu não és um filho de Deus.” “O que sou, então? Diz-me, já que sabes tanto a meu respeito.” “Tu és um pecador”, diz ele. “Muito bem, Satanás! Agradeço-te por estas palavras, porque Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores.” Assim começo eu de novo— e se tu começares de novo da mesma maneira, encontrarás frequentemente que este é um bom atalho para chegares ao consolo. Se se trata de um questão entre o Diabo e tu a respeito de se és um santo ou não, terás uma dura batalha que travar, deixa que eu te diga. Algum de vós poderá dizer “eu sei que sou um santo.” Bem, bem, bem, “deixa que outro homem te louve e não a tua própria boca; um estranho, e não os teus próprios lábios.” “Oh!, mas eu sei-o”, diz outro. Muito bem, segue adiante com essa crença; mas se o Diabo te coloca alguma vez na mesma peneira na qual cirandou a Pedro, pergunto-me se saberás onde estão os teus pés ou a tua cabeça! Sob uma forte tentação, muito rapidamente começarás a duvidar até da tua própria existência! Em vez de discutir o tema da tua santidade com Satanás, que é um velho advogado e conhece muitas coisas que tu desconheces, era melhor que dissesses “Não vou discutir se sou um santo ou não; sou um pecador, e Jesus Cristo veio ao mundo para salvar pecadores.”



Crente, quando tu eras um menino, tinhas o costume de beber água num certo poço. Que fria e refrescante era essa água! Quando tenhas muita sede e as cisternas estejam sem água, vai outra vez a esse velho poço e ali sorve as Águas Vivas. Eu descobri que preciso fazer isso, de vez em quando. Enquanto dou graças a Deus pelos gozos presentes e pelas doces experiências de comunhão com Ele mesmo, eu gosto de voltar ao velho poço e simplesmente beber dele como bebi ao princípio. Recordo como bebi a primeira vez desse poço, “Olhai para mim e sede salvos, todos os limites da terra!” Penso que bebi tanto nessa vez que eu era como behemot, que confiava em poder absorver todo o rio Jordão na sua boca. Havia muito nesse versículo; mas não havia muito para mim, e eu parecia sorvê-lo completamente. Recomendo-vos que façais o mesmo!; tomai um grande sorvo da Graça de Deus hoje, sedentos filhos de Deus! Inclinai-vos, com as vossas bocas sobre a boca do poço, já que as Águas Vivas virão directamente para os vossos lábios! E em seguida bebei como as vacas bebem no verão, tudo o que possam tragar; e prossegui o vosso caminho jubilosos!



O Evangelho dos pecadores é o consolo dos santos! Essa é uma observação. A outra é esta —o consolo dos santos é o Evangelho dos pecadores, já que, se o Senhor tiver feito grandes coisas por qualquer um do Seu povo, que razão há, pobre pecador, para que não possa fazer o mesmo por ti? Se o Senhor Jesus Cristo tiver amado a John Smith, por que não amaria a Mary Smith. E se o Senhor Jesus Cristo tiver salvo a Tom Jones, por que não salvara ao Harry Jones? Falo a sério, já que Ele não nos ama porque haja qualquer merecimento em nós, mas simplesmente porque Ele decidiu amar-nos, como está escrito: “Terei misericórdia de quem tem misericórdia, e me compadecerei de quem me compadeça.” Portanto, vós podeis vir, vós, os culpados da vossa culpa, ao Soberano Doador da misericórdia não merecida, e tocar o cetro de prata da Sua Graça, e ser salvos hoje! Que o Seu doce Espírito vos traga! Que nenhum de nós pergunte se somos santos ou pecadores, mas vamos todos juntos, vamos em massa à Cruz! Voemos todos para o Calvário, e estejamos ali e olhemos para Ele, o eterno Filho de Deus, sangrando e morrendo sobre a Cruz! E creiamos todos, agora, que Ele pode, que Ele quer e que Ele salva; mais ainda, que Ele salvou as nossas almas. Que o Senhor nos conceda a Sua graça para obtê-la, para glória do Seu nome! Ámen.





ORAI AO ESPÍRITO SANTO PARA QUE USE ESTE SERMÃO A FIM DE TRAZER MUITOS AO CONHECIMENTO SALVÍFICO DE JESUS CRISTO.


http://www.spurgeon.com.mx/sermon2708.html

Adapted from The C. H. Spurgeon Collection, Ages Software, 1.800.297.4307



Tradução de Carlos António da Rocha

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Esta tradução é de livre utilização, desde que a sua ortografia seja respeitada na íntegra porque já está traduzida no Português do Novo Acordo Ortográfico e que não seja nunca publicada nem utilizada para fins comerciais; seja utilizada exclusivamente para uso e desfruto pessoal.

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