… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Sermão n.º 73


C. H. Spurgeon
Sermão n.º 52

“A chamada eficaz” (Effectual calling), pregado na manhã de domingo, 30 de março de 1856, por C. H. Spurgeon na capela de New Park Street, Southwark, Londres, Inglaterra.

E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.” (Lc 19:5, ARC, Pt)

Não obstante o nosso firme convencimento de que vós, em geral, estais bem instruídos nas doutrinas do Evangelho eterno, nas nossas conversações com jovens convertidos damo-nos conta de quão absolutamente necessário é repetir as nossas primeiras lições, e afirmar e demonstrar repetidamente essas doutrinas que se encontram na base da nossa santa religião. Portanto, os nossos amigos, a quem a grandiosa doutrina da “Chamada Eficaz” foi ensinada há já muito tempo atrás, hão-de compreender visto que eu prego de maneira muito simples, nesta manhã, que o sermão é dirigido àqueles que são jovens no temor do Senhor, para que entendam melhor este grandioso ponto de partida de Deus no coração, a Chamada Eficaz dos homens, por meio do Espírito Santo. Vou usar o caso de Zaqueu como uma grande ilustração da doutrina da “Chamada Eficaz.” Recordais-vos da história. Zaqueu tinha curiosidade de ver o maravilhoso Homem Jesus Cristo, o qual estava virando o mundo de cabeça para baixo, e causando uma imensa excitação nas mentes dos homens. Algumas vezes parece-nos que a curiosidade não é algo de bom, e afirmamos que é pecado vir à casa de Deus motivado pela curiosidade; porém, não estou muito seguro que devamos aventurar uma afirmação dessa natureza. O motivo não é pecaminoso, ainda que, certamente, não seja virtuoso; todavia, tem sido frequentemente comprovado que a curiosidade é uma das melhores aliadas da Graça. Zaqueu, movido por esse motivo, desejava ver Cristo; mas dois obstáculos interpunham-se-lhe no caminho: o primeiro, havia uma multidão tão grande de pessoas que ele não podia aproximar-se do Salvador; e o segundo, ele era tão excessivamente baixo de estatura que não tinha a menor esperança de poder vê-Lo por cima das cabeças das outras pessoas. Que fez ele, então? Fez o mesmo que alguns garotos estavam fazendo —pois os garotos daquela época eram, sem dúvida, iguais aos garotos do tempo presente— que se empoleiraram nos ramos das árvores para ver a Jesus, enquanto Ele passava. Ainda que Zaqueu fosse um homem adulto, sobe a uma árvore e ali se acomoda no meio dos garotos. Os miúdos estavam muito temerosos deste velho publicano severo, temido também pelos seus próprios pais, para poderem deitá-lo abaixo com um empurrão ou para lhe causar qualquer tipo de inconveniência. Observai-o lá em cima. Com que ansiedade espreita para baixo, para ver quem é Cristo —pois o Salvador não possuía nenhuma distinção pomposa; na frente dEle não caminhava nenhum bedel, levando uma maça de prata; não levava nas Suas mãos nenhum báculo de ouro: não estava vestido com nenhum traje pontifical; de facto, ia vestido como todos os que O rodeavam. Possuía uma túnica igual à de qualquer comum camponês, feita de uma só peça, de cima a baixo; e Zaqueu tinha dificuldade em distingui-Lo. De qualquer modo, antes que Zaqueu tivesse visto Cristo, Cristo havia fixado os Seus olhos em Zaqueu, e detendo-Se debaixo da árvore, Ele olha para cima, e diz-lhe: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa.” Zaqueu desce rapidamente; Cristo vai para dele casa; Zaqueu torna-se seguidor de Cristo, e entra no Reino dos Céus.



1. Agora, em primeiro lugar, a “Chamada Eficaz” é uma verdade muito graciosa. Vós podeis deduzir isso pelo facto de que Zaqueu era uma personagem que suporíamos ser o último a ser salvo. Ele pertencia a uma cidade má —Jericó—, uma cidade que havia recebido uma maldição(Josué 5:13;6-27), e ninguém suspeitaria que alguém poderia sair de Jericó para ser salvo. Foi perto de Jericó que aquele homem caiu nas mãos de ladrões (Lc 10:30); confiamos que Zaqueu não tenha participado naquele assalto; porém, há quem, além de ser publicano (Lc 19:2), também possa ser ladrão. Da mesma maneira, também nós podemos esperar convertidos de St. Giles, ou dos bairros mais humildes de Londres, dos piores e mais vis esconderijos da infâmia, assim como de Jericó naqueles dias. Ah! Meus irmãos, não importa de donde tenhais saído; podeis ter vindo de uma das ruas mais sujas, de um dos piores bairros marginalizados de Londres, porém, se a Graça eficaz vos chama, é uma Chamada Eficaz que não faz distinção alguma de lugares. Zaqueu tinha também uma ocupação extremamente má, e provavelmente enganava o povo para se enriquecer. Na verdade, quando Cristo foi a sua casa, gerou-se um murmúrio geral, pois tinha ido para ser hóspede de um homem que era um pecador. Mas, a Graça, meus irmãos, não faz qualquer distinção, a Graça não respeita as pessoas, mas Deus chama a quem quer, e Ele chamou a este homem, o pior dos publicanos, na pior das cidades, ocupado na pior das profissões. Além do mais, Zaqueu era um dos candidatos menos prováveis para ser salvo, pois era rico. Na verdade, tanto os ricos como os pobres são bem-vindos; ninguém tem a menor desculpa para desesperar devido à sua condição; contudo, é um facto que “não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos” que são chamados, mas “Deus escolheu os pobres deste mundo —ricos na fé “(1Co 1:26-28). Porém, a Graça não faz nenhuma distinção aqui. O rico Zaqueu é chamado da árvore; e ele desce, e é salvo. Sempre me pareceu que uma das grandes mostras da condescendência de Deus é que Ele olhe para baixo, para os homens; mas dir-vos-ei também que houve uma maior condescendência que essa, quando Cristo olhou para cima, para ver Zaqueu. Que Deus Se digne olhar para baixo, para as Suas criaturas —isso é misericórdia; mas, que Cristo Se humilhe de tal maneira que tenha de olhar para cima, para uma das Suas criaturas, isso revela uma misericórdia maior. Ah! Muitos de vós tendes subido à árvore das vossas boas obras, e tende-vos empoleirado nos ramos das vossas santas ações, e confiado no livre-arbítrio das pobres criaturas, ou descansais nalguma máxima mundana; não obstante, Jesus Cristo eleva ainda os Seus olhos para olhar para os pecadores orgulhosos, e convida-os a descer. “Desce”, diz Ele, “pois me convém ficar hoje em tua casa.” Se Zaqueu tivesse sido um homem de mente humilde, sentado junto ao caminho, ou aos pés de Cristo, então, ainda assim deveríamos admirar a misericórdia de Cristo; porém, vemo-lo num lugar elevado, e Cristo olha para cima, para ele, e ordena-lhe que desça.



2. Continuando, diremos que foi uma chamada pessoal. Na árvore também estavam uns garotos, juntamente com Zaqueu, porém, não havia a menor dúvida acerca da pessoa que foi chamada. Foi “Zaqueu, desce depressa.” A Escritura menciona outras chamadas. É dito especialmente: “Porque muitos são chamados, e poucos escolhidos” (Mt 20:16). Observai que essa não é a “Chamada Eficaz” a que se referia o Apóstolo, quando disse: “E aos que chamou, a esses também justificou.” (Rm 8:30) Essa é uma “chamada geral”, que, muitos homens, ou melhor, todos os homens recusam, a menos que venha acompanhada da chamada pessoal, particular, que nos faz cristãos. Vós próprios podeis dar testemunho de que foi a chamada pessoal que vos trouxe ao Salvador. Talvez fosse algum sermão o que vos conduziu a sentirdes que vós éreis, sem dúvida, uma das pessoas a quem era dirigida a Chamada Eficaz. Talvez o versículo fosse “Tu és Deus que me vê” (Gn 16:13); e o ministro pôs uma ênfase especial na palavra “me”, de tal forma que pensaste que o olho de Deus estava posto sobre ti; e antes que terminasse o sermão, pensaste que viste Deus abrindo os livros para te condenar, e o teu coração sussurrou: “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor” (Jr 23:24, ARC, Pt). Talvez estivesses empoleirado numa janela, ou de pé, junto à multidão, no corredor; porém, tiveste a sólida convicção de que o sermão foi pregado para ti, e para ninguém mais. Deus não chama o Seu povo em multidões, mas um a um. “Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre)!” (Jo 20:16, ARC, Pt). Jesus viu Pedro e João pescando no lago, e disse-lhes: “Segui-me” (Mc 1:17). Ele viu Mateus sentado na coletoria [1] e disse-lhe: “Levanta-te e segue-me” (Mt 9:9), e Mateus assim o fez. Quando o Espírito Santo vem a algum homem, a flecha de Deus penetra no seu coração: ela não arranha somente o seu capacete, ou deixa um pequeno sinal na sua armadura, mas penetra por entre as juntas do seu arnês e chega ao mais profundo da alma. Tendes sentido, queridos amigos, essa “chamada pessoal”? Recordai-vos quando uma voz vos disse: “Levanta-te, Ele chama-te? (Mc 10:49) Podeis recordar quando há algum tempo atrás dissestes: “Senhor meu, Deus meu”? (Jo 20:28) Quando sabíeis que o Espírito estava operando em vós, e dissestes: “Senhor, eu venho a Ti, pois sei que Tu me chamas”? Eu poderia chamar-vos durante toda a eternidade, sem qualquer resultado, mas se Deus chama a alguém, haverá mais resultado por meio da Sua chamada pessoal a uma pessoa do que pela minha chamada geral a uma multidão.



3. Em terceiro lugar, é uma chamada urgente. “Zaqueu, desce depressa.” O pecador, quando é chamado mediante um ministério ordinário, replica: “Amanhã.” Escuta um sermão poderoso e diz: “Vou voltar-me para Deus em tal dia.” As lágrimas rolam pela sua face, mas são logo limpas. Alguma bondade aparece, mas, como a nuvem matutina, é dissipada pelo Sol da tentação. Diz: “Eu prometo solenemente converter-me num homem reformado desde este momento em diante. Depois de gozar uma vez mais do meu amado pecado, vou renunciar aos meus desejos e decidir-me por Deus.” Ah! Essa é somente a chamada dum ministro, e não serve para nada. Dizem que o caminho para o Inferno está pavimentado com boas intenções. Estas boas intenções são geradas por chamadas gerais. O caminho para a perdição está cheio de ramos de árvores sobre as quais os homens estavam sentados, pois frequentemente eles arrancam os ramos das árvores, mas, eles mesmos, não descem. A palha colocada diante da porta de um enfermo amortece o ruído das rodas das carruagens. Assim também há alguns que enchem o seu caminho de promessas de arrependimento, e assim avançam mais facilmente e sem ruído até à perdição.



Porém, a chamada de Deus não é uma chamada para amanhã: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação.” (Sl 95:8; Hb 3:7-8) A Graça de Deus chega sempre com rapidez; e se vós sois atraídos por Deus, então íde a correr atrás dEle, e não estareis falando de esperar. O amanhã— não está escrito no almanaque do tempo. O amanhã —está escrito no calendário de Satanás, e em nenhuma outra parte. O amanhã —é uma rocha esbranquiçada pelos ossos dos marinheiros que naufragaram nela; é o farol dos destruidores, que brilha na costa, atraindo os pobres barcos para a sua destruição. O amanhã —é a taça na qual o néscio finge encontrar o sopé do arco-íris, mas que ninguém jamais encontrou. O amanhã —é a ilha flutuante de Loch Lomond [2], que jamais alguém viu. O amanhã — é um sonho. O amanhã —é um engano. O amanhã, ah!, o amanhã pode ser que abras os teus olhos no Inferno, no meio dos tormentos. Aquele relógio diz: “hoje”; todas as coisas clamam “hoje”; e o Espírito Santo une-Se a estas coisas e diz: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação.” Pecadores, sentis agora a necessidade de buscar o Salvador? Estais sussurrando uma oração? Estais dizendo: “Agora ou nunca! Devo ser salvo agora?” Se é assim, então espero que seja uma Chamada Eficaz, pois Cristo, quando faz uma Chamada Eficaz, diz: “Zaqueu, desce depressa.”



4. Trata-se de uma chamada que humilha. “Zaqueu, desce depressa.” Muitas vezes os ministros têm feito chamadas para o arrependimento dos homens com uma chamada que os tem deixado orgulhosos, que os tem exaltado na sua própria estima, e que os leva a dizer: “Posso voltar-me para Deus quando quiser; e posso fazê-lo sem a influência do Espírito Santo.” Eles têm sido chamados para subir, e não para descer. Deus humilha sempre o pecador. Não posso recordar-me quando Deus me disse para descer? Um dos primeiros passos que tive de dar foi descer imediatamente das minhas próprias obras; e oh!, que tremenda queda foi essa! Logo descansei sobre a minha própria suficiência, e Cristo disse: “Desce! Derrubei-te das tuas boas obras, e agora derrubo-te da tua própria suficiência.” Tive outra queda, e estava seguro de ter tocado o fundo, porém Cristo disse “desce!”, e fez-me descer mais ainda, mas, a um ponto onde eu ainda sentia que era salvável. “Desce, amigo! Desce ainda mais!” E desci até que tive de soltar todos os ramos da árvore das minhas esperanças, cheio de desespero: e então disse, “Eu não posso fazer nada; estou perdido.” As águas envolveram a minha cabeça e fui privado da luz do dia e pensei que era um estranho no meio da nação de Israel. “Desce ainda mais, amigo! Tu és demasiadamente orgulhoso para ser salvo.” Então fui abatido ainda mais, até ver a minha corrupção, a minha maldade e a minha sujidade. “Desce”, diz Deus, quando Ele quer salvar. Agora, pecadores orgulhosos, ser orgulhoso não vos serve de nada, nem tampouco o agarrar-vos às árvores; Cristo pede-vos que desçais. Oh, tu, que moras com a águia na rocha escarpada, tens de descer da tua elevação; tu, por meio da Graça, cairás, ou de outra maneira cairás um dia sob a vingança. Ele “derribou do Seu trono os poderosos, e exaltou os humildes” (Lc 1:52).



5. Continuando, é uma chamada afetuosa. “Pois me convém ficar hoje em tua casa.” Podeis imaginar-vos facilmente como mudaram os rostos da multidão! Eles consideravam a Cristo o mais santo e o melhor dos homens, e estavam prontos para O faz rei. Mas Ele disse: “Hoje convém-me ficar em tua casa.” Havia um pobre judeu que tinha estado dentro da casa de Zaqueu; ele tinha “sido repreendido”, como se diz na linguagem popular quando as pessoas são levadas perante a justiça, e este homem recordava que tipo de casa era a de Zaqueu; ele recordava como foi levado para lá, e os seus conceitos dessa casa eram parecidos aos que uma mosca teria tido acerca de uma teia de aranha, após ter escapado. Havia outro homem que tinha sido desempossado de quase todas as suas propriedades; e a ideia que ele tinha acerca de ir à casa de Zaqueu era como entrar na cova dos leões. “Como”, diziam eles, “este santo varão vai entrar nessa cova, onde nós, pobres infelizes, fomos roubados e maltratados? Já era suficientemente mau que Cristo falasse a Zaqueu na árvore, mas, que tremenda ideia ir à casa dele!” Todos eles murmuravam, dizendo que Ele Se “hospedava com homem um pecador.” Bom, eu sei o que pensaram alguns dos Seus discípulos: eles pensaram que isso era algo muito imprudente; poderia prejudicar a Sua reputação, e ofender o povo. Pensaram que Ele deveria ir à noite ver esse homem, como Nicodemos, e dar-lhe uma audiência quando ninguém O visse; mas, reconhecer um homem assim publicamente, era o acto mais imprudente que Ele poderia fazer. Mas, por que razão, Cristo fez o que fez? Porque queria fazer a Zaqueu uma chamada afetuosa. “Não irei e permanecerei na entrada da tua casa, nem olharei o interior através de tua janela, mas entrarei em tua casa —essa mesma casa, onde o pranto das viúvas tem chegado aos teus ouvidos, sem que tu o ouvisses; vou à tua sala, onde o lamento dos órfãos nunca moveu a tua compaixão; vou lá, onde tu, como um leão faminto, tens devorado a tua presa; vou aí, onde tu tens manchado a tua casa e a fizeste infame; vou ao lugar onde os gritos se têm elevado ao céu, arrancados das bocas de todos aqueles a quem tens oprimido; vou entrar na tua casa para te abençoar.” Oh! Quanto afeto havia nisso!



Pobre pecador, o meu Senhor é um Senhor mui afetuoso. Ele quer ir à tua casa. Que tipo de casa tens tu? Uma casa que tu tens tornado miserável com as tuas bebedeiras —uma casa que tens envilecido com a tua impureza —uma casa que tens desonrado com as tuas maldições e blasfémias —uma casa donde manejas negócios sujos, dos quais estarias feliz se te livrasses deles. Cristo diz: “Quero ir a tua casa.” Eu conheço certas casas, agora, que uma vez foram guaridas do pecado, mas onde Cristo vem a cada manhã; o marido e a esposa que antes discutiam e pelejavam, dobram os seus joelhos, unidos, em oração. Cristo chega à hora do jantar, quando o trabalhador chega para comer. Alguns dos meus ouvintes terão escassamente uma hora para comer, mas eles a dispõem para orar e ler as Escrituras. Cristo vem para eles. Ali onde as paredes estavam emplastradas de quadros lascivos e frívolos, agora está colocado um almanaque cristão; na cómoda há uma Bíblia; e ainda que a casa tenha somente um aposento, se um anjo entrasse e Deus perguntasse: “O que viste nessa casa?”, o anjo responderia: “Vi bons móveis, porque há lá uma Bíblia; livros religiosos em abundância; os quadros com imundícies foram destruídos e queimados; e já não há cartas (de baralho) no armário desse homem; Cristo entrou na casa dele.” Oh, que bênção, que possamos ter o nosso Deus no nosso lar, assim como os Romanos tinham nos lares os seus deuses falsos! O nosso Deus é o Deus do lar. Ele vem para habitar com o Seu povo; Ele ama as tendas de Jacob. Agora, pobre pecador maltrapilho, tu que vives nos antros mais imundos de Londres, se me estás lendo hoje, Jesus diz-te: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa.”



6. Além do mais, não foi somente uma chamada afetuosa, mas uma chamada permanente, também. “Pois me convém ficar hoje em tua casa.” Uma chamada comum é mais ou menos assim: “Hoje entrarei em tua casa por uma porta, e sairei por outra.” A chamada geral que o Evangelho oferece a todos os homens é uma chamada que opera sobre eles durante um tempo, e depois desaparece; porém, a chamada salvadora é uma chamada permanente. Quando Cristo fala, não diz: “Zaqueu, desce depressa, pois só vim fazer-te uma visita rápida”; mas, “Pois Me convém ficar em tua casa; venho para Me sentar, e comer e beber contigo; venho para Me alimentar contigo; é necessário que fique hoje em tua casa.” “Ah!”, diz alguém, “é difícil dizer quantas vezes tenho ficado impressionado, senhor, tenho frequentemente tido uma série de solenes convicções, e pensei que era realmente salvo, porém tudo se desvaneceu; como num sonho, quando alguém desperta, tudo que se sonhou desaparece, assim sucedeu comigo.” Ah! mas, não te desesperes, pobre alma. Sentes os esforços da Graça Todo-Poderosa no teu coração, mandando-te que te arrependas hoje? Se tu o fazes, será uma chamada permanente. Se Jesus está obrando na tua alma, Ele virá e permanecerá no teu coração, e consagrar-te-á para Ele eternamente. Ele diz: “Virei e morarei contigo para sempre. Virei e direi:



Aqui estabelecerei a Minha pousada permanente,

Já não andarei de cima para baixo;

Não serei mais um estranho, nem um convidado,

Mas o Senhor desta casa.



“Oh!”, dizes tu, “isso é o que necessito; necessito de uma chamada permanente, algo que perdure; eu não quero uma religião que desbote, mas uma religião de cores perduráveis.” Pois bem, Cristo faz esse tipo de chamada. Os Seus ministros não podem fazê-lo; porém, quando Cristo fala, Ele fala com poder, e diz: “Zaqueu, desce depressa, pois Me convém ficar hoje em tua casa.”



7. Há mais uma coisa, sem embargo, que não posso esquecer, e é que foi uma chamada necessária. Vamos ler a passagem novamente: “Zaqueu, desce depressa, pois Me convém ficar hoje em tua casa.” Não era algo que poderia fazer, ou não fazer; mas era uma chamada necessária. A salvação de um pecador é para Deus um assunto tão necessário, como o cumprimento do Seu pacto de que a chuva não voltará a criar um dilúvio no mundo.



A salvação de cada filho comprado com o sangue é algo necessário por três razões; é necessário porque é o propósito de Deus; é necessário porque é a compra que Cristo realizou; é necessário porque é a promessa de Deus. É necessário que os filhos de Deus devam ser salvos. Alguns teólogos pensam que é muito errado colocar uma ênfase na palavra “devam [3]“, especialmente nessa passagem que diz: “E era-lhe necessário passar por Samaria.” “Bem”, dizem eles, “era-lhe necessário passar por Samaria, pois não tinha outra alternativa, e, portanto, viu-se forçado a ir por esse caminho.” Sim, senhores, nós respondemos, sem dúvida; porém, poderia ter ido por outro caminho. A Providência estabeleceu que Lhe era necessário passar por Samaria, e que Samaria ficaria na rota que Ele tinha escolhido. “E era-lhe necessário passar por Samaria.” A Providência guiou os homens para que edificassem Samaria diretamente no caminho, e a Graça moveu o Salvador para que fosse nessa direcção. Não foi: “Zaqueu, desce depressa, pois poderia pousar hoje em tua casa”, mas “Me convém [4].” O Salvador sentiu uma forte necessidade. Uma necessidade tão inevitável como a morte de cada homem, uma necessidade tão rígida como a necessidade de que o Sol nos ilumine de dia e a Lua de noite, e uma necessidade tão grande como a de que todos os filhos de Deus comprados pelo sangue deverão ser salvos. “Me convém ficar hoje em tua casa.” E oh! Quando o Senhor chega a este ponto, que deve e que quer, que coisa tão grande é esta para o pecador! Em outras ocasiões perguntávamos: “Deixá-lo-ei entrar, sequer? Há um estranho à porta; está batendo agora; já bateu antes; deixá-lo-ei entrar?” Mas, agora é: “Me convém ficar hoje em tua casa.” Não houve nenhuma chamada à porta, senão que a porta se desintegrou em pequenos átomos e Ele entrou: “Devo fazê-lo, quero fazê-lo e fá-lo-ei; não Me importam os teus protestos, a tua vileza, nem a tua incredulidade; devo fazê-lo e quero fazê-lo, é necessário que fique em tua casa.” “Ah”, diz alguém, “eu não creio que Deus me leve a crer como tu crês, ou a tornar-me cristão, de forma alguma.” Ah! Mas, se Ele somente diz: “Me convém ficar hoje em tua casa”, não poderás apresentar nenhuma resistência. Alguns de vós desprezaríeis a própria ideia de vos converterdes em alguns religiosos hipócritas [5] “Como, senhor? Supõe que me posso converter num dos seus religiosos?” Não, meu amigo, não o suponho; sei-o, com toda a certeza. Se Deus diz “devo fazê-Lo”, não poderá haver qualquer oposição. Quando Ele diz “devo”, assim se fará. Vou contar-vos uma anedota para vos demonstrar isto. “Um pai estava para enviar o seu filho para a universidade; mas, como conhecia a influência à qual estaria exposto, tinha uma profunda e ansiosa preocupação pelo bem-estar espiritual e eterno do seu filho favorito [6]. Temendo que os princípios da fé cristã, que o pai se havia esforçado por instilar na mente do seu filho, fossem rudemente atacados, mas, também confiando na eficácia dessa Palavra que é viva e poderosa, comprou-lhe, sem que o seu filho o soubesse, um elegante volume da Bíblia, e colocou-o no fundo do baú. O jovem começou a sua carreira universitária. As bases de uma piedosa educação logo foram quebradas, e o jovem passou da especulação às dúvidas, e das dúvidas passou a negar a realidade da religião. Depois de se converter, na sua auto-estima, em alguém mais sábio do que o seu pai, descobriu um dia com grande surpresa e indignação, enquanto inspeccionava o seu baú, o depósito sagrado.



Tirou-o e enquanto deliberava acerca do que faria com o livro, determinou que o usaria como papel velho com o qual limparia a sua navalha, ao barbear-se. De acordo com isto, cada vez que ia barbear-se, arrancava uma página ou duas do santo livro, e usava-as até que quase meio livro já tinha sido destruído. Mas enquanto levava a cabo este ultraje contra o sagrado livro, fixava-se em algum texto, de vez em quando, que penetrava como a aguda ponta de uma flecha no seu coração. Ao fim de algum tempo, escutou um sermão, que lhe revelou o seu próprio carácter, e como se encontrava sob a ira de Deus, e gravou na sua mente a impressão que ele tinha recebido da última página arrancada ao bendito, ainda que insultado, volume. Se tivesse tido mundos ao seu dispor, tê-los-ia dado todos gostosamente, se isso lhe tivesse servido para desfazer o que tinha feito. Finalmente encontrou o perdão aos pés da cruz. As folhas que tinha arrancado ao volume sagrado trouxeram-lhe a salvação à sua alma; pois essas folhas tinham-no guiado a descansar na misericórdia de Deus, que é suficiente para o principal dos pecadores [7]. Digo-vos que não há um réprobo caminhando pelas ruas e conspurcando o ar com as suas blasfémias, não há nenhuma criatura tão depravada para estar quase a ser tão má como o próprio Satanás, se é filho da vida, que não possa ser alcançado pela misericórdia. E se Deus diz: “Hoje é necessário que eu pouse em tua casa [8],” então seguramente o fará. Escutas tu, querido leitor, agora mesmo, algo na tua mente que parece dizer-te que tens resistido ao Evangelho durante muito tempo, mas que hoje já não podes resistir mais? Sei que sentes que uma mão muito forte se agarrou fortemente a ti, e ouves uma voz que diz: “Pecador, é necessário que eu pouse em tua casa; amiúde desprezaste-me, amiúde riste-te de mim, amiúde cuspiste no rosto da misericórdia, amiúde blasfemaste o meu Nome, mas pecador, devo pousar em tua casa; ontem bateste com a porta na cara do missionário e queimaste o livro que ele te deu, riste-te do ministro, amaldiçoaste a casa de Deus, violaste o dia de descanso [9]; mas, pecador, Eu devo pousar em tua casa, e fá-lo-ei!” “Como, Senhor!” respondes “Pousar em minha casa! Mas se ela está toda coberta de iniquidade. Pousar em minha casa! Mas se não há nem uma cadeira, nem uma mesa que não gritem contra mim. Pousar em minha casa! Mas as vigas e as colunas e o piso levantar-se-iam e dir-Te-iam que não sou digno de beijar a orla do Teu vestido. Como, Senhor! Pousar em minha casa!” “Sim,” diz Ele, devo fazê-Lo; há uma necessidade muito poderosa; o Meu poderoso amor Me constrange, e quer queiras deixar-Me entrar, quer não queiras, estou decidido a fazer com que queiras, e tu deixar-Me-ás entrar.” Não te surpreende isto, pobre pecador trémulo; tu, que pensavas que o dia da misericórdia já tinha passado, e que o sino da destruição já tinha tangido no funeral da tua morte? Oh!, não te surpreende isto, que Cristo não só te está pedindo que venhas a Ele, mas também Ele mesmo Se tem convidado para a tua mesa, e mais ainda, quando tu O querias rechaçar, amavelmente diz: “É necessário, tenho de entrar.” Pensa somente em Cristo, caminhando atrás dum pecador, clamando atrás dele, rogando ao pecador que Lhe permita salvá-lo; e isso é exatamente o que Jesus faz com os Seus eleitos. O pecador foge dEle, porém a Graça imerecida persegue-o dizendo: “Pecador, vem a Cristo”; e se os nossos corações estão fechados, Cristo põe a Sua mão na porta, e se não O recebemos, mas se O rechaçamos com frieza, Ele diz: “É necessário, devo entrar”; Ele chora sobre nós até que as Suas lágrimas nos ganhem; Ele chama atrás de nós até que a Sua voz prevaleça; e finalmente, na hora que Ele tem determinado, entra no nosso coração, e ali mora. “Convém-Me ficar hoje em tua casa”, disse Jesus.



8. E agora, por último, essa chamada foi uma Chamada Eficaz, pois vemos os frutos que produziu. A porta de Zaqueu foi aberta; a sua mesa foi servida; o seu coração era generoso; as suas mãos foram lavadas; a sua consciência foi aliviada; a sua alma estava gozosa. “Senhor”, disse ele, “eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.” E Zaqueu despoja-se de outra parte de seus bens. Ah! Zaqueu, tu irás para cama esta noite estando muitíssimo mais pobre que quando te levantaste esta manhã —mas, infinitamente mais rico também—, pobre, muito pobre, em bens deste mundo, comparado com o que tinhas quando subiste a esse sicómoro [10]; porém mais rico —infinitamente mais rico— em tesouros celestiais. Pecador, nisto saberemos se Deus te chama— se Ele chama, será uma Chamada Eficaz; não uma chamada que tu escutas e logo esqueces. Mas uma chamada que produz boas obras. Se Deus te tem chamado esta manhã, cairá no chão o teu copo de bêbado, e elevar-se-ão as tuas orações; se Deus te chamou esta manhã, todas as persianas da tua loja estarão fechadas, e porás um letreiro que diz: “Esta casa está fechada no dia do Senhor [11], e nunca voltará a estar aberta neste dia.” Amanhã haverá estes e aqueles divertimentos mundanos, porém, se Deus te chamou, não irás. E se roubaste alguém (e quem sabe se não há um ladrão aqui), se Deus te chama, restituirás o que roubaste; abandonarás tudo para poder seguir a Deus de todo o teu coração. Não cremos que um homem se tenha convertido, a menos que renuncie aos erros dos seus caminhos; a menos que, de maneira prática, chegue ao conhecimento de que o próprio Cristo é Senhor da sua consciência e que a Sua lei é a sua delícia. “Zaqueu, desce depressa, pois Me convém ficar hoje em tua casa.” E Zaqueu desceu depressa e recebeu-O cheio de gozo. “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.”



ele abate os que habitam em lugares sublimes; a cidade exaltada humilhará até ao chão, e a derribará até ao pó



Agora, uma ou duas lições. Uma lição para o orgulho. Descei, corações orgulhosos, descei! A misericórdia corre nos vales, porém não sobe aos picos das montanhas. Descei, descei, espíritos altivos! “Porque ele abate os que habitam em lugares sublimes; a cidade exaltada humilhará até ao chão, e a derribará até ao pó.” (Is 26:5 ARC, Pt) E logo a constrói outra vez. Além do mais, uma lição para ti, pobre alma desesperada: dá-me gosto ver-te na casa de Deus, nesta manhã; é um bom sinal. Não me importa por que vieste. Talvez tenhas ouvido que há um tipo estranho que prega aqui. Não te preocupes com isso. Tu és tão estranho quanto [12] ele. É necessário que haja homens estranhos para que nos possamos reunir a outros homens estranhos. Agora, eu tenho uma multidão de pessoas congregadas aqui; e se me permitis usar uma figura de linguagem, eu poderia compar-vos a um grande montão de cinzas entremeadas com limalhas de aço. Porém, se o meu sermão tiver o apoio da Graça divina, servirá como um tipo de íman: não atrairá as cinzas; elas ficarão onde estão; porém, terá a capacidade de atrair as limalhas de aço. Tenho aqui um Zaqueu; aqui em cima está uma Maria, e um João está ali em baixo, e a Sara, ou o Guilherme, ou o Tomé. Ali estão —os escolhidos de Deus— as limalhas de aço no meio da congregação de cinzas, e o meu Evangelho, o Evangelho do Deus bendito, como um grandioso íman, extraí-los-á das cinzas. Ei-los que vêm, ei-los que vêm. Por quê? Porque existiu um poder magnético entre o Evangelho e os seus corações.



Ah! Pobre pecador, vem a Jesus, crê no Seu amor, confia na Sua misericórdia. Se tu tens o desejo de vir, se estás abrindo caminho entre as cinzas para vir a Cristo, então, é porque Cristo te está chamando. Oh! Todos vós que vos reconheceis a vós mesmos como pecadores —quer sejais homens, quer sejais mulheres, ou crianças— sim, vós, pequeninos (porque Deus tem me dado muitos de vós, para que sejais a minha recompensa), sentis-vos pecadores? Então, crede em Jesus e sereis salvos. Vieste aqui por pura curiosidade, muitos de vós viestes. Oh! Que sejais encontrados e salvos. Preocupo-me convosco, para que não vos afundeis no fogo do Inferno. Oh! escutai a Cristo, enquanto Ele vos fala. Cristo diz, “desce”, nesta manhã.



Ide para casa e humilhai-vos ante o rosto de Deus: ide e confessai as vossas iniquidades com as quais tendes pecado contra Ele; ide para casa e dizei-Lhe a Ele que estais na miséria e na ruína sem a Sua Graça soberana; e logo olhai para Ele, pois tende a certeza de que Ele olhou para vós primeiro. Tu podes dizer: “Oh, senhor! Eu quero verdadeiramente ser salvo, porém temo que Ele não me queira salvar.” Alto aí! Alto aí! Basta! Sabes que isso é quase uma blasfémia— Quase.



Se não fosses um ignorante, eu dir-te-ia que é uma blasfémia parcial. Não podes olhar para Cristo antes que Ele tenha olhado para ti. Se queres ser salvo, é porque Ele pôs em ti esse desejo. Crê no Senhor Jesus Cristo, e recebe o batismo e serás salvo. Confia que o Espírito Santo te está chamando. Jovem, que estás aí em cima, tu, também que estás na janela, desce depressa! Desce! Ancião que estás sentando nesse banco, desce. Comerciante que estás naquele corredor, desce depressa. Dama e jovem que não conheceis a Cristo, oh, que Ele olhe para vós. Velha avó, ouça esta chamada de Graça imerecida; e tu, jovem rapaz, Cristo pode estar olhando para ti —e confio que assim é— está-te dizendo: “desce depressa, pois Me convém ficar hoje em tua casa.”


[1] Recebedoria – repartição onde se recebem impostos
[2] O Loch Lomond é um lago de água doce na Falha das Highlands, a fronteira entre a parte ocidental das Terras baixas da Escócia, na Escócia Central, e o sul das Terras altas da Escócia.
[3] “must’, na KJV “he must needs go through Samaria” Jo 4:4 “E era-lhe necessário passar por Samaria.”(Jo 4:4, ARC, Pt)
[4] “É necessário” “ter de ficar” em algumas outras traduções.
[5] Spurgeon usa a expressão “canting methodist”
[6] favourite adj. & n. preferido, favorito, predilecto.
[7] Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”(1Tm 1:15 ACF)
[8] “hoje me convém pousar em tua casa’
[9] Spurgeon usa Sabbath (lit.) n. sábado dos judeus, sábado; dia de descanso; período de descanso, domingo.
[10] sicómoro - s. m. (bot.) espécie de figueira;  nome por que alguns autores designam as árvores também conhecidas por amargoseira e figueira-de-faraó. (Do gr. sykómoros, «id.», pelo lat. sycomòru-, «id.»)
[11] Sabbath day (lit.)
[12] como


Notas e Tradução de Carlos António da Rocha

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Esta tradução é de livre utilização, desde que a sua ortografia seja respeitada na íntegra porque já está traduzida no Português do Novo Acordo Ortográfico e que não seja nunca publicada nem utilizada para fins comerciais; seja utilizada exclusivamente para uso e desfruto pessoal.

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