Comentário
Completo de Matthew Henry sobre a Bíblia
(Matthew Henry’s Complete Commentary on the Bible)
Génesis 1
Versículo 31
A
Criação
Temos
aqui a aprovação e a conclusão de toda a obra da criação. Para Deus, a Sua obra
é perfeita. E se Ele a começa, também Ele lhe trará um fim, em providência e
graça, como também aqui na criação. Observe:
I
A revisão que Deus fez da Sua obra: Ele
viu todas as coisas que havia feito. Ele ainda faz assim. Todas as obras
das Suas mãos estão sob o Seu olhar. Aquele que fez tudo, vê tudo. Aquele que
nos fez, vê-nos, Sl 139:1-16. A omnisciência não pode ser separada da
omnipotência. Conhecidas (por) de Deus
são todas as Suas obras, At 15:18. Mas esta era a
reflexão solene da
Mente Eterna sobre as cópias da Sua própria sabedoria e dos produtos do Seu
próprio poder. Aqui, Deus deu-nos um exemplo para que possamos rever os nossos
trabalhos. Tendo-nos dado um poder de reflexão, Ele espera que usemos este
poder, que vejamos o nosso caminho (Jr 2:23), e pensemos nele, Sl 119:59.
Quando tivermos terminado um dia de trabalho, e estamos entrando no descanso da
noite, devemos ter uma comunhão com os nossos próprios corações pensando sobre
o que fizemos naquele dia. Assim, da mesma forma, quando tivermos terminado uma
semana de trabalho, e estamos entrando no descanso do sábado, devemos,
portanto, preparar-nos para nos encontrarmos com o nosso Deus. E, quando
estivermos terminando o trabalho da nossa vida, e entramos no nosso descanso na
sepultura, que é um tempo para trazermos (tudo) à lembrança, a fim de que
possamos morrer arrependidos, e, assim partamos da terra para o Céu.
II. A complacência que Deus teve na Sua obra. Quando
passamos a rever os nossos trabalhos descobrimos, para a nossa vergonha, que
boa parte foi feita muito mal. Mas, quando Deus reveu a Sua obra, tudo estava
muito bom. Ele não disse ela que estava boa até que Ele a tinha visto, para
assim nos ensinar a não respondermos a um assunto antes de o ouvirmos. A obra
da criação foi uma obra muito boa. Tudo o que Deus fez foi bem feito, e nela
não houve nenhuma imperfeição nem defeito. 1. Era bom. Bom, porque tudo estava
de acordo com o pensamento do Criador, exatamente como Ele queria que fosse.
Quando a transcrição veio a ser comparada com o grande original, foi achada
exata, sem errata nela, nenhum traço fora do lugar. Bom, porque correspondia à
finalidade da sua criação, e é adequado para o propósito para o qual foi
criado. Bom, porque era útil ao homem, a quem Deus havia designado senhor da
criação visível. Bom, porque tudo é para a glória de Deus. Esta avaliação está
presente em toda a criação visível, que é uma demonstração da existência e da
perfeição de Deus, e que tende a gerar, na alma do homem, um respeito religioso
pelo Senhor, a veneração dEle. 2. Era muito bom. Da obra de cada dia (exceto o
segundo) é dito que era bom. Mas agora, era muito bom. Porque: (1) Agora o
homem estava feito, aquele que era o principal dos meios de Deus, que foi
designado para ser a imagem visível da glória do Criador e a boca da criação
nos seus louvores. (2) Agora tudo estava feito. Todas as partes eram boas, mas
todas juntas eram muito boas. A glória e a bondade, a beleza e a harmonia das
obras de Deus, tanto da providência como da graça, como estas da criação,
manifestar-se-ão melhor quando forem aperfeiçoadas. Quando a primeira pedra é
trazida nós aclamamos: Graça, graça a ela, Zc 4.7, por isso, não julguemos nada
antes do tempo.
III. O tempo em que esta obra foi concluída: Foi a tarde e a manhã o dia sexto
assim que então em
seis dias Deus fez o mundo. Nós não podemos deixar de pensar que Deus poderia
ter feito o mundo num instante. Ele que disse: Haja luz, e houve luz.
Ele poderia ter dito: “Haja um mundo”, e teria havido um mundo, num momento,
num abrir e fechar de olhos,
como na ressurreição, 1Co 15:52. Mas o Senhor fê-lo em seis dias, para que Ele
Se pudesse revelar como um agente livre, fazendo tanto a Sua própria obra do
Seu próprio modo como no Seu próprio tempo, para que a Sua sabedoria, o Seu
poder e a Sua bondade nos pudessem ser reveladas a nós, e serem meditadas por
nós, o mais distintamente (claramente, da maneira mais perspicaz), e também
para que Ele pudesse dar-nos um exemplo de trabalhar seis dias e descansar no
sétimo. Portanto, assim temos o motivo do quarto mandamento. O dia de repouso
contribuiria tanto para manter a religião no mundo, que Deus lhe deu atenção no
momento da sua criação. E agora, visto que Deus reviu a Sua obra, revisemos nós
as nossas meditações acerca dela, e descobriremos que são muito imperfeitas e
defeituosas, e que os nossos louvores são frágeis e insípidos. Despertemo-nos,
portanto, com tudo o que está dentro de nós, para adorar Aquele que fez o céu, a terra, o mar, e as fontes de águas,
de acordo com o teor do Evangelho eterno, que é anunciado a todas as nações, Ap
14:6, 7. Que todas as Suas obras, em todos os lugares do Seu domínio, O
bendigam e, portanto, bendize, ó
minha alma, ao Senhor!
http://www.studylight.org/commentaries/mhm/view.cgi?bk=0&ch=1
Tradução de Carlos
António da Rocha
****
Esta tradução é de
livre utilização, desde que a sua ortografia seja respeitada na íntegra porque
já está traduzida no Português do Novo Acordo Ortográfico e que não seja nunca
publicada nem utilizada para fins comerciais; seja utilizada exclusivamente
para uso e desfruto pessoal.
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