“Mantendo a fé e boa consciência.”
(1Tm 1:19)
QUANDO se trata da diversidade de pecados
que continuam dentro dos santos, nesta vida, não devemos voltar os nossos olhos
para a secreta eleição, ou providência, ou predestinação, como também é
chamada. Pois as discussões em torno disso só levam à dúvida, à autoconfiança
ou ao desespero. Se você é eleito, assim se argumenta, nenhuma queda pode
fazer-lhe mal, e você permanece sempre na graça, e não pode perecer. Se você
não foi eleito, seu caso está perdido. Essas são palavras terríveis, e é
injusto fazer com que alguém pense assim. O Evangelho, ao contrário, aponta-nos
a palavra expressa de Deus, na qual Ele revela a Sua vontade e por meio da qual
Ele deseja ser conhecido e agir. É indiscutível que a Palavra de Deus castiga
os pecados e faz distinção de pecados e nos aponta o Salvador Jesus Cristo.
Esta palavra expressa deve ser levada em conta e por meio dela devemos chegar à
conclusão se estamos na graça ou não.
Pois onde existe fé, ali também deve haver
boa consciência. É totalmente impossível que estas duas coisas existam lado a
lado: a fé que confia em Deus e os maus propósitos, ou, como também se diz, a
má consciência. A fé e a invocação de Deus são coisas muito sensíveis, e pode,
facilmente, uma pequena ferida da consciência abalar a fé e a invocação,
situação muito frequente de todo cristão experimentado.
Portanto, onde existe fé e boa
consciência, ali, certamente, habita o Espírito Santo. Todavia, essa confiança
não se baseia na nossa dignidade pessoal ou numa boa consciência, e sim, em
Cristo. Disso se conclui que estamos no estado da graça por causa de Cristo,
devido à Sua promessa. E assim pode haver verdadeira invocação, como escreve
São João: “Se o nosso coração não nos acusar,
temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos, dele recebemos” (1Jo
3:21,22).
Martinho Lutero
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