“Faça-se
a tua vontade.” (Mt 26:42)
QUEM é capaz de
cumprir esse sublime mandamento de abandonar tudo e em momento nenhum querer
que se faça a sua vontade? Respondo: por isso aprenda quão importante e
necessário, e com que seriedade e disposição deve ser feita esta oração, e como
é importante que a nossa vontade seja suprimida, para que se faça tão-somente a
vontade de Deus. E assim você precisa confessar que é pecado, que impede que a
vontade de Deus seja feita, e deve suplicar ajuda e graça, para que Deus lhe
perdoe naquilo em que você deixa a desejar, e o ajude para que possa chegar lá.
Porque, se a vontade de Deus deve ser feita, então é necessário que a nossa
deve ser suprimida, porque as duas são opostas entre si. Note bem o exemplo de
Cristo, nosso Senhor: no jardim, ele pediu a Seu Pai celeste que afastasse dele
o cálice. Não obstante ele diz: “Não se faça a minha vontade, mas sim a tua” (Lc 22:42). Se a vontade de Cristo, que, certamente, era
boa, sim, que foi a melhor de todas em todo o tempo, precisa ser suprimida para
que se faça a vontade divina, como poderíamos nós, pobres vermes, nos gloriar
em nossa vontade, que jamais está livre de maldade e sempre merece ser
impedida?
Martinho Lutero
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