“Ora, se já morremos com Cristo, cremos
que também com ele viveremos.” (Rm 6:8)
Veja,
desta maneira, Paulo relaciona a vida dos cristãos neste mundo com a morte de
Cristo e os apresenta como pessoas que já morreram e estão sepultadas num
caixão, ou seja, morreram para o pecado e não têm mais nada a ver com ele. E
isso significa que o pecado morreu para eles e eles, por sua vez, morreram para
o pecado, pois não andam mais nos caminhos pecaminosos do mundo. Na verdade,
morreram duas vezes ou de duas maneiras. Uma é a morte espiritual para o
pecado. Este é um morrer gracioso, consolador e bem-aventurado (embora seja
dolorido e amargo para a carne e sangue). Esta morte é doce e amável, pois traz-nos
nada mais e nada menos do que a celeste, pura e perfeita vida eterna. A outra é
corporal; que não é morte, e sim, muito mais um puro e suave sono imposto a
esta carne porque, enquanto vivermos neste mundo, ela não cessa de resistir ao
Espírito e à vida que ele dá.
É
assim que a carne age enquanto vive neste mundo: expande-se e traz o pecado de
arrasto; resiste e não quer morrer. Razão por que, no final, Deus tem de executá-la,
para que também morra para o pecado. Também esta é uma morte tranquila e suave;
na verdade, outra coisa não é senão um sono. Pois o corpo não ficará na morte
(porque a alma e o espírito já não estão mais na morte), mas no dia do juízo
reaparecerá, limpo e purificado, e se reunirá ao espírito, para ser um corpo
puro, obediente, livre de todo pecado e de mau desejo.
Martinho Lutero
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