“Pobres, mas
enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.” (2Co 6:10)
Cada cristão é uma pessoa que, a exemplo do
próprio Senhor Jesus Cristo, quando esteve na Terra, realiza coisas grandiosas.
Assim, em se tratando de coisas divinas, pode governar o mundo inteiro, servir
e ajudar a todos e fazer as maiores obras que se podem realizar sobre a face da
Terra. Pois, também diante de Deus, ele vale mais do que o mundo inteiro, assim
que, por sua causa, Deus dá e preserva tudo que há no mundo. De tal sorte que,
se não houvesse cristãos no mundo, cidade ou país algum, teria paz; sim, num só
dia, tudo o que o que há no mundo seria destruído pelo diabo. O facto de o milho
ainda estar crescendo nos campos e as pessoas recuperarem a saúde, terem o seu
sustento, paz e proteção, tudo isso deveriam agradecer aos cristãos.
Somos, é bem verdade, pobres mendigos, e
mesmo assim, enriquecemos a muitos. Somos aqueles que nada têm, mas tudo
possuem. Também é verdade que tudo o que os reis, príncipes, senhores, cidadãos
ou camponeses do mundo têm, tudo se deve, não aos seus cabelos loiros, mas a
Cristo e a Seus cristãos.
Os cristãos têm o Evangelho, o batismo e o
sacramento (do altar), por meio dos quais as pessoas são convertidas, almas são
libertadas do domínio do diabo, arrancadas do inferno e da morte, e conduzidas
ao Céu. Com esses meios, também se consola, fortalece e sustenta a consciência
que sente a sua miséria, está aflita e é acossada pela tentação. Os cristãos
podem, igualmente, ensinar, instruir e aconselhar pessoas que se encontram nos
mais diferentes estados da vida, como devem viver uma vida cristã e santa cada
um em sua situação.
Essas são obras que nenhum rei ou
imperador, poderoso ou rico, letrado ou sábio deste mundo pode realizar, muito
menos adquirir. Pois nenhum deles é capaz de consolar ou reanimar uma só
consciência oprimida e atribulada pelo pecado.
Martinho Lutero
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
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