C. H. Mackintosh
Breves Meditações
026 - O Cristão e as armas
(O serviço militar)
O nosso Senhor Jesus Cristo deixou-nos o exemplo para que sigamos nas Suas pegadas. Podemos seguir nas Suas pegadas dentro de um campo de batalha? Somos chamados a andar tal como Ele andou. É andar como Ele andou, o facto de irmos à guerra?
É verdade que falhamos em muitas coisas, mas se nos perguntassem se é correcto que um cristão vá à guerra, só podemos responder a essa pergunta fazendo referência a Cristo. Como actuou Cristo? O que ensinou? Tomou alguma vez a espada? Acaso não disse: “todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mt 26:52, ARC, Pt)? E também: “eu vos digo: não resistais ao mal” (Mateus 5:39). Como conciliamos estas palavras com o facto de ir à guerra? Mas talvez alguns digam: «O que seria de nós se fôssemos adoptar esses princípios?» Ao que respondo: Se fôssemos adoptar esses princípios celestiais, não haveria mais guerras, e não teríamos, pois, necessidade de brigar. Mas não nos compete raciocinar a respeito dos resultados da obediência; a única coisa que temos de fazer é obedecer à Palavra do nosso bendito Senhor e seguir nas Suas pegadas. Se o fizermos, certamente que não nos veremos indo à guerra.
Há pessoas que citam, às vezes, as palavras do Senhor: “quem não tem espada, venda a sua capa e compre uma” (Lc 22:36), como se Ele aprovasse com isso, o facto de ir-se à guerra, mas, qualquer um pode dar-se conta de que essas palavras não têm nada que ver com a questão. Referem-se à alterada condição de coisas pelas quais os discípulos teriam de passar uma vez que o Senhor subisse para o Céu. Enquanto Ele estava com eles, não lhes faltava nada, mas, depois, durante a Sua ausência, teriam de enfrentar o mais forte embate da oposição do mundo. Em conclusão, estas palavras têm uma aplicação inteiramente espiritual. Por outro lado, também se busca fazer muito uso do facto de que ao centurião de Atos 10 não se lhe ordena que abandone a sua comissão. Mas, o Espírito Santo não obra de tal maneira que ponha as pessoas debaixo de jugo. Ele não diz à alma recém convertida: «deve abandonar isto ou aquilo.» A graça de Deus encontra uma pessoa na posição onde se encontre, com uma salvação plena. Só depois lhe ensina o caminho que deve andar, apresentando-lhe as palavras e os caminhos de Cristo com todo o Seu poder santificante e formativo.
Também se ouve arguir: «Acaso o Apóstolo não nos diz em 1Co 7 que permaneçamos na condição na qual somos chamados?» Sim, mas com esta cláusula poderosamente qualificativa: “permaneça com Deus.” (1Co 7:24) Isto marca uma grande diferença. Suponhamos que um verdugo se converte, pode permanecer na sua condição? Poder-se-ia dizer que este é um caso extremo. De acordo, mas, é um exemplo que vem bem para demonstrar a falácia do raciocínio sobre 1Co 7. Prova que há condições nas quais possivelmente ninguém não possa “permanecer com Deus”; de modo que, quanto à sua explicação, querido amigo, temos simplesmente de perguntarmo-nos do seguinte: «O facto de ir à guerra, implica permanecer com Deus ou andar nas pegadas de Cristo?». Se assim for, então que os crentes o façam; em caso contrário, o que, pois, terão que fazer?
Só resta que se formule uma pergunta: «A profissão das armas, é uma profissão em que um discípulo de Cristo pode seguir correctamente?» Se não é assim, o caminho que tem de seguir está claro. Certamente você não pensaria em pôr o seu filho numa posição na qual tenha de abandonar a sua marcha atrás de um Cristo rechaçado. Certamente há muitos amados filhos de Deus dentro do exército, mas a pergunta não é: «Posso ser salvo e estar no exército?» Milhares de pessoas que foram para o Céu, viveram e morreram dentro dessa profissão. Mas a verdadeira pergunta para todo coração leal a Ele é: «eu posso seguir as pisadas do meu Senhor, enquanto isso, permaneço numa posição na qual, a qualquer momento, poderia ser chamado a tirar a vida do meu semelhante e a enviar uma alma para a eternidade, sem que esteja preparada para isso?» Esta, querido amigo, tem de ser a sua única pergunta. Não posso pôr o meu filho, quer seja convertido ou não, onde eu mesmo não poderia estar. Quanto a que a disciplina do exército é boa para modelar o carácter, devemos confessar que não cremos muito nisso. O refeitório dos soldados ou o salão dos oficiais, não é um lugar para aonde nós gostaríamos de enviar os nossos jovens para que aprendam disciplina ou recebam algum tipo de treino.
http://www.verdadespreciosas.com.ar/index.html
Tradução de Carlos António da Rocha
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Esta tradução é de livre utilização, desde que a sua ortografia seja respeitada na íntegra porque já está traduzida no Português do Novo Acordo Ortográfico e que não seja nunca publicada nem utilizada para fins comerciais; seja utilizada exclusivamente para uso e desfruto pessoal.
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