… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

segunda-feira, 18 de abril de 2016

“No mesmo instante, ela endireitou-se e começou a dar glória a Deus”



Gregório de Narek

“No mesmo instante, ela endireitou-se e começou a dar glória a Deus”

Houve um tempo em que eu não estava presente, e Tu criaste-me.

Eu não tinha orado, e Tu, Tu fizeste-me.

Eu não tinha ainda vindo à luz, e no entanto viste-me.

Eu não tinha aparecido, e no entanto tiveste piedade de mim.

Eu não Te tinha invocado, e no entanto tomaste-me ao Teu cuidado.

Eu não Te tinha feito qualquer sinal, e no entanto olhaste para mim.

Eu não Te tinha dirigido qualquer súplica, e no entanto tiveste misericórdia para comigo.

Eu não tinha articulado o mínimo som, e no entanto ouviste-me.

Eu não tinha sequer suspirado, e no entanto a tudo estiveste atento.



Sabedor do que ia acontecer-me neste tempo presente

Não me votaste ao desprezo.

Considerando, com Teus previdentes olhos,

Os erros deste pecador que eu sou,

Vieste contudo a modelar-me.

Sou agora este ser que Tu criaste,

Que salvaste,

Que foi alvo de tanta solicitude!

Que a ferida do pecado, suscitada pelo Acusador,

Não me perca para sempre! […]



Presa, paralisada,

Curvada como a mulher que sofria,

A minha alma infeliz, impotente, não consegue reerguer-se.

Sob o peso do pecado, ela fixa-se à terra,

Com as pesadas cadeias de Satã […]

Inclina-Te, ó Misericordioso único, sobre mim,

Esta pobre árvore que pensa que caiu.

A mim, que estou seco, faz-me reflorir

Em beleza e esplendor,

Segundo as palavras divinas do santo profeta (Ez 17: 22-24) […]

Tu, Protector único,

Digna-Te lançar sobre mim um olhar

Vindo da solicitude do Teu indizível amor […]

E do nada criarás em mim a própria luz (cf. Gn : 3).


Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge e poeta arménio

Livro de Orações, n.°18 (a partir da trad. SC 78, p. 123 rev.)

Fonte: Evangelho Cotidiano

http://ecclesia.com.br/biblioteca/sophia/?p=2188

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