Gregório de Narek
“No mesmo instante, ela
endireitou-se e começou a dar glória a Deus”
Eu não tinha orado, e Tu, Tu fizeste-me.
Eu não tinha ainda vindo à luz, e no entanto viste-me.
Eu não tinha aparecido, e no entanto tiveste piedade de mim.
Eu não Te tinha invocado, e no entanto tomaste-me ao Teu
cuidado.
Eu não Te tinha feito qualquer sinal, e no entanto olhaste
para mim.
Eu não Te tinha dirigido qualquer súplica, e no entanto
tiveste misericórdia para comigo.
Eu não tinha articulado o mínimo som, e no entanto
ouviste-me.
Eu não tinha sequer suspirado, e no entanto a tudo estiveste
atento.
Sabedor do que ia acontecer-me neste tempo presente
Não me votaste ao desprezo.
Considerando, com Teus previdentes olhos,
Os erros deste pecador que eu sou,
Vieste contudo a modelar-me.
Sou agora este ser que Tu criaste,
Que salvaste,
Que foi alvo de tanta solicitude!
Que a ferida do pecado, suscitada pelo Acusador,
Não me perca para sempre! […]
Presa, paralisada,
Curvada como a mulher que sofria,
A minha alma infeliz, impotente, não consegue reerguer-se.
Sob o peso do pecado, ela fixa-se à terra,
Com as pesadas cadeias de Satã […]
Inclina-Te, ó Misericordioso único, sobre mim,
Esta pobre árvore que pensa que caiu.
A mim, que estou seco, faz-me reflorir
Em beleza e esplendor,
Segundo as palavras divinas do santo profeta (Ez 17: 22-24)
[…]
Tu, Protector único,
Digna-Te lançar sobre mim um olhar
Vindo da solicitude do Teu indizível amor […]
E do nada criarás em mim a própria luz (cf. Gn : 3).
Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge e poeta arménio
Livro de Orações, n.°18 (a partir da trad. SC 78, p. 123
rev.)
Fonte: Evangelho Cotidiano
http://ecclesia.com.br/biblioteca/sophia/?p=2188
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