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João Calvino pregando a Palavra de Salvação
João Calvino pregando a Palavra de Salvação
João Calvino (Noyon, 10 de Julho de 1509 — Genebra, 27 de Maio de
1564), frequentemente considerado "o sistematizador da Reforma", foi um reformador protestante do século XVI que reuniu de modo sistemático a doutrina bíblica como nenhum outro antes dele tinha feito. Ao mesmo tempo, não era um estudioso encerrado numa torre de marfim, mas um pastor que pensava e escrevia as suas obras teológicas sempre tendo em vista a edificação da Igreja Cristã. Ainda que seus pontos de vista nem sempre tenham sido bem vistos e, até às vezes, tenham sido deturpados de modo grosseiro, o seu sistema de teologia tem exercido ampla influência até aos tempos actuais, conforme indica o facto de que todas as igrejas reformadas e presbiterianas o consideram o fundador da sua posição doutrinária bíblico-teológica.
As Escrituras. O princípio e a fonte formal do sistema teológico de Calvino concretiza-se na frase em latim: sola Scriptura ("somente a Escritura"). Com rigor, Calvino era primariamente um teólogo bíblico. Treinado nas técnicas da exegese gramático-histórica pelos seus estudos humanistas e jurídicos, dirigiu-se às Escrituras para ver com clareza o que realmente diziam. Rejeitou a interpretação quádrupla medieval que permitia a alegorização, a espiritualização e a moralização, insistindo em que o significado literal das palavras devia ser entendido no seu contexto histórico. Nesta base, procurou desenvolver uma teologia que demonstrasse de forma sistemática o ensino da Escritura. Não era, porém, nenhum racionalista, porque constantemente ressaltava o facto de que, embora a Bíblia nos revele Deus e os Seus propósitos, sempre há o mistério do divino Ser e do Seu conselho que nenhum pensamento humano pode penetrar. Dt 29.29 é um versículo ao qual ele se referia muitas vezes.
A ênfase que ele dava às Escrituras era resultado da sua crença de que elas eram a Palavra de Deus e, portanto, eram a derradeira autoridade para a fé e acção cristãs. Não acreditava na doutrina das Escrituras ditadas, embora ocasionalmente se referisse aos escritores como amanuenses de Deus, mas sustentava que o Espírito Santo de modos diferentes, e frequentemente misteriosos, revelava a vontade e a obra de Deus e orientava os escritores para registrá-los. Assim sendo, a Bíblia é autorizada em todas as questões das quais ela trata, mas não trata de todas as coisas, tais como a astronomia. O indivíduo chega a reconhecer a Bíblia como a Palavra de Deus, não primariamente por causa de argumentos lógicos, históricos ou outros, mas pela iluminação do "testemunho interno" do Espírito Santo.
Deus. Isto levanta a questão de como Calvino considerava o Deus que assim Se revelara. Nisto aceitou a doutrina histórica do Deus Trino e Uno, que é Pai, Filho e Espírito Santo, os mesmos em substância e iguais em poder e glória. Além disso, enfatizou grandemente o facto de que Deus é soberano. Isto significa que Deus é perfeito em todos os aspectos, detentor de todo o poder, justiça e santidade. Ele é eterno e completamente auto-suficiente. Por isso, Ele não está sujeito nem ao tempo nem a quaisquer outros seres, nem pode ser reduzido a categorias espaciais e temporais na compreensão e análise humanas. Para as Suas criaturas, Deus sempre deve ser misterioso, a não ser à medida que Ele a elas Se revela.
Este Deus soberano é a origem de tudo quanto existe. Mas não se trata de Ele ser a origem devido ao fato de que tudo que existe à parte dEle é uma emanação do Ser divino; Ele é a origem de todas as coisas, porque Ele é o Criador delas. Ele levou todas as coisas a existir, incluindo a criação do nada, tanto do tempo quanto do espaço. Nem Calvino nem seus seguidores têm procurado explicar como Ele criou tudo, porque isso está dentro do âmbito do mistério da atuação de Deus. E Deus não criou por ter sido forçado por qualquer necessidade. Ele criou livremente segundo Seu próprio plano e propósito, que resultou num universo que era bom.
Para Calvino e seus seguidores, é importante reconhecer também que o Deus Trino e Uno não abandonou a criação depois de formada, mas continua a sustentar e manter a sua existência e operação. As leis físicas que regem o universo material são o resultado da obra contínua do Espírito Santo. Esta doutrina teve influência importante no desenvolvimento da ciência física no fim do século XVI e no século XVII, pois desempenhou um papel influente no pensamento de Pierre de la Ramée, Bernard Palissy e Ambroise Paré, na França; Francis Bacon, Robert Boyle e Isaac Newton, na Inglaterra; e noutros cientistas físicos.
Assim como Deus sustenta de modo soberano toda a Sua criação, Ele também, na Sua providência, a governa e guia para a realização dos Seus propósitos finais, a fim de que todas as coisas sejam somente para a glória de Deus (soli Deo gloria). Esta soberania de Deus inclui até mesmo as ações livres do homem, de modo que a história possa alcançar o fim que Deus tem determinado desde toda a eternidade. Aqui, também, há um mistério que o calvinista está disposto a aceitar, visto que aceita o mistério supremo da existência e da actuação de Deus.
O Homem. Os seres humanos foram criados à imagem de Deus, com verdadeiro conhecimento, rectidão e santidade. O homem via-se como criatura de Deus, colocado na criação como administrador da obra das mãos de Deus. Tendo a imagem de Deus, também tinha livre arbítrio, o que significava que possuía a capacidade de livremente obedecer ou desobedecer aos mandamentos de Deus. Ao lidar com o homem, Deus celebrou com ele um relacionamento segundo a aliança, prometendo-lhe o Seu favor e a Sua bênção e, em troca disso, o homem devia dominar a natureza e subjugá-la, reconhecendo a sua posição como senhor da criação, sujeito à autoridade soberana do Deus Trino e Uno. Na teologia calvinista, esta é a chamada aliança das obras.
A despeito deste relacionamento segundo a aliança e da manifestação que Deus fez de Si mesmo, o homem preferiu pensar que poderia declarar a sua independência do Deus soberano. Tentado por Satanás, o homem afirmou-se como um ser independente, adorando a criatura ao invés do Criador, e assim colocou-se sob condenação divina. O resultado foi que Deus condenou o homem e, como consequência, o homem foi rejeitado por Deus e tornou-se totalmente corrupto, transmitindo esta corrupção aos seus descendentes no decurso da história. É somente pela graça geral ou comum de Deus que a corrupção do homem não se desenvolve completamente nesta vida.
O Deus soberano, no entanto, não permitiu que os Seus planos e propósitos fossem frustrados. Já na eternidade, como parte do Seu plano secreto, Ele tinha escolhido para Si mesmo um grande número das Suas criaturas caídas, para serem reconciliadas com Ele. Deus nunca revelou por que agiu assim; diz, apenas, que Ele escolheu fazer assim na Sua misericórdia, porque, com toda a justiça, poderia ter rejeitado a totalidade da raça humana pelos seus pecados. Na execução deste plano e propósito de redenção, o Pai enviou ao mundo o Filho, a segunda Pessoa da Trindade, a fim de receber a pena pelos pecados dos eleitos e cumprir a favor deles a justiça completa da lei de Deus. No AT, os profetas e os patriarcas antegozaram a vinda de Cristo, confiando na Sua redenção prometida, ao passo que na igreja do NT, que continua até hoje, os cristãos confiam na obra realizada no passado: aquilo que Cristo fez por eles na História.
Àqueles que são os escolhidos de Deus é enviado o Espírito Santo, não somente para iluminá-los para entenderem o Evangelho revelado nas Escrituras, como também para capacitá-los a aceitar a promessa do perdão divino. Mediante esta "chamada eficaz" vêm a ter fé em Cristo como Redentor, confiando somente nEle como Aquele que satisfez todas as exigências de Deus a favor deles. E, portanto, pela fé somente (sola fidei) que são salvos, mediante o poder regenerador do Espírito Santo. A partir de então, como povo de Deus, devem viver vidas que, embora nunca sejam perfeitamente santas, devem manifestar o facto de que são o Seu povo, procurando sempre glorificá-IO nos pensamentos, palavras e ações.
A Igreja. A vida do povo de Deus agora é a vida do povo da aliança de Deus. Desde a eternidade, o Deus soberano tinha o propósito de fazer uma aliança com os Seus eleitos em e através do representante deles, o Filho, que os redimiu na História mediante a Sua vida imaculada e o Seu sacrifício na cruz do calvário. Por isso, como cidadãos do Seu reino, agora são chamados para servi-IO no mundo, o que fazem como igreja. Esta obrigação recai tanto sobre cristãos adultos quanto em seus filhos, porque a aliança é feita com os pais e os filhos, assim como ocorreu com Abraão e os seus descendentes, no AT, e com os cristãos e os seus descendentes, no NT. O batismo significa esta filiação ao corpo visível do povo de Deus, tanto para os filhos quanto para os adultos, embora nos dois casos os votos baptismais feitos pelos adultos possam ser posteriormente repudiados. A Ceia do Senhor é o sacramento contínuo do qual o povo de Deus participa em memória dEle e da Sua obra redentora a favor dos Seus. Mas, neste caso também, é somente à medida que os elementos são recebidos e ingeridos com fé que o Espírito Santo abençoa aqueles que recebem o pão e o vinho, tornando-os participantes espirituais do corpo e do sangue do Senhor.
Na questão de organização da igreja, os calvinistas têm concordado de modo geral em que a igreja deve ser governada por presbíteros, os que ensinam e os que regem ou supervisionam, eleitos pela igreja. Alguns, porém, crêem que uma forma episcopal de governo eclesiástico é a forma correcta, ou pelo menos permissível, de organização. Mas todos concordam que, dentro do possível, a união externa e visível da igreja deve ser mantida, porque todos os cristãos são membros de um só corpo de Cristo. Por outro lado, os calvinistas também têm levado em conta a pluralidade de formas da igreja, reconhecendo que ela não é perfeita, mas também têm insistido em que deve haver uma uniformidade ou congruência básica de doutrina.
O Calvinismo na História. Ainda que Calvino tenha sido o sistematizador da teologia da Reforma, depois dos dias dele, muitos dos que aceitaram a sua estrutura teológica têm continuado a desenvolver muitas das suas ideias. Durante a sua própria vida, ele mesmo desenvolveu os seus pensamentos nas sucessivas edições das suas Instituías da Religião Cristã. Com a redacção de várias confissões calvinistas, tais como o Catecismo de Heidelberg (1563), os Cânones do Sínodo de Dort (1618) e a Confissão de Fé de Westminster e os Catecismos anexos (1647-48) apareceram acréscimos ao pensamento teológico e desenvolvimentos do mesmo. Além disso, vários teólogos no decurso dos anos seguintes elaboraram várias considerações nas quais Calvino tinha tocado sem, porém, examiná-las totalmente. O século XIX em especial viveu uma expansão muito considerável do pensamento calvinista, sob a influência de Abraham Kuyper e Herman Bavinck, na Holanda; Auguste Lecerf, na França; e A. A. Hodge, Charles Hodge e B. B. Warfield, nos Estados Unidos. A tradição estabelecida por estes homens tem recebido continuidade no século XX por John Murray, J. Gresham Machen e Cornélius Van Til, nos Estados Unidos; Herman Dooyeweerd e D. H. Th. Vollenhoven, na Holanda; e muitos outros em vários países ao redor do mundo.
De forma alguma a influência de Calvino tem sido apenas limitada à esfera teológica, sobretudo devido ao facto de as implicações das suas crenças mesmo nos seus próprios dias terem tido ampla influência em outras áreas de pensamento. O seu conceito do estado e do direito dos súbditos e dos magistrados, quanto à deposição de um govenante opressivo, ajudou a lançar os alicerces para o desenvolvimento da democracia. As suas opiniões a respeito das artes também foram importantes por terem dado um fundamento teológico-filosófico para o desenvolvimento das artes pictoriais na Holanda, Inglaterra, Escócia e França, para mencionar só alguns países. Coisas semelhantes poderiam ser ditas em outros campos do esforço humano, tais como as ciências, as actividades económicas e a reforma social. Além disso, o seu pensamento propagou-se além dos limites do mundo ocidental, para exercer a sua influência a todas as partes do globo terrestre, aonde os calvinistas têm ido como missionários. De todas estas maneiras, o calvinismo exerceu, e continua exercendo, uma influência importante no mundo, procurando anunciar a doutrina bíblica da graça soberana de Deus.
As Escrituras. O princípio e a fonte formal do sistema teológico de Calvino concretiza-se na frase em latim: sola Scriptura ("somente a Escritura"). Com rigor, Calvino era primariamente um teólogo bíblico. Treinado nas técnicas da exegese gramático-histórica pelos seus estudos humanistas e jurídicos, dirigiu-se às Escrituras para ver com clareza o que realmente diziam. Rejeitou a interpretação quádrupla medieval que permitia a alegorização, a espiritualização e a moralização, insistindo em que o significado literal das palavras devia ser entendido no seu contexto histórico. Nesta base, procurou desenvolver uma teologia que demonstrasse de forma sistemática o ensino da Escritura. Não era, porém, nenhum racionalista, porque constantemente ressaltava o facto de que, embora a Bíblia nos revele Deus e os Seus propósitos, sempre há o mistério do divino Ser e do Seu conselho que nenhum pensamento humano pode penetrar. Dt 29.29 é um versículo ao qual ele se referia muitas vezes.
A ênfase que ele dava às Escrituras era resultado da sua crença de que elas eram a Palavra de Deus e, portanto, eram a derradeira autoridade para a fé e acção cristãs. Não acreditava na doutrina das Escrituras ditadas, embora ocasionalmente se referisse aos escritores como amanuenses de Deus, mas sustentava que o Espírito Santo de modos diferentes, e frequentemente misteriosos, revelava a vontade e a obra de Deus e orientava os escritores para registrá-los. Assim sendo, a Bíblia é autorizada em todas as questões das quais ela trata, mas não trata de todas as coisas, tais como a astronomia. O indivíduo chega a reconhecer a Bíblia como a Palavra de Deus, não primariamente por causa de argumentos lógicos, históricos ou outros, mas pela iluminação do "testemunho interno" do Espírito Santo.
Deus. Isto levanta a questão de como Calvino considerava o Deus que assim Se revelara. Nisto aceitou a doutrina histórica do Deus Trino e Uno, que é Pai, Filho e Espírito Santo, os mesmos em substância e iguais em poder e glória. Além disso, enfatizou grandemente o facto de que Deus é soberano. Isto significa que Deus é perfeito em todos os aspectos, detentor de todo o poder, justiça e santidade. Ele é eterno e completamente auto-suficiente. Por isso, Ele não está sujeito nem ao tempo nem a quaisquer outros seres, nem pode ser reduzido a categorias espaciais e temporais na compreensão e análise humanas. Para as Suas criaturas, Deus sempre deve ser misterioso, a não ser à medida que Ele a elas Se revela.
Este Deus soberano é a origem de tudo quanto existe. Mas não se trata de Ele ser a origem devido ao fato de que tudo que existe à parte dEle é uma emanação do Ser divino; Ele é a origem de todas as coisas, porque Ele é o Criador delas. Ele levou todas as coisas a existir, incluindo a criação do nada, tanto do tempo quanto do espaço. Nem Calvino nem seus seguidores têm procurado explicar como Ele criou tudo, porque isso está dentro do âmbito do mistério da atuação de Deus. E Deus não criou por ter sido forçado por qualquer necessidade. Ele criou livremente segundo Seu próprio plano e propósito, que resultou num universo que era bom.
Para Calvino e seus seguidores, é importante reconhecer também que o Deus Trino e Uno não abandonou a criação depois de formada, mas continua a sustentar e manter a sua existência e operação. As leis físicas que regem o universo material são o resultado da obra contínua do Espírito Santo. Esta doutrina teve influência importante no desenvolvimento da ciência física no fim do século XVI e no século XVII, pois desempenhou um papel influente no pensamento de Pierre de la Ramée, Bernard Palissy e Ambroise Paré, na França; Francis Bacon, Robert Boyle e Isaac Newton, na Inglaterra; e noutros cientistas físicos.
Assim como Deus sustenta de modo soberano toda a Sua criação, Ele também, na Sua providência, a governa e guia para a realização dos Seus propósitos finais, a fim de que todas as coisas sejam somente para a glória de Deus (soli Deo gloria). Esta soberania de Deus inclui até mesmo as ações livres do homem, de modo que a história possa alcançar o fim que Deus tem determinado desde toda a eternidade. Aqui, também, há um mistério que o calvinista está disposto a aceitar, visto que aceita o mistério supremo da existência e da actuação de Deus.
O Homem. Os seres humanos foram criados à imagem de Deus, com verdadeiro conhecimento, rectidão e santidade. O homem via-se como criatura de Deus, colocado na criação como administrador da obra das mãos de Deus. Tendo a imagem de Deus, também tinha livre arbítrio, o que significava que possuía a capacidade de livremente obedecer ou desobedecer aos mandamentos de Deus. Ao lidar com o homem, Deus celebrou com ele um relacionamento segundo a aliança, prometendo-lhe o Seu favor e a Sua bênção e, em troca disso, o homem devia dominar a natureza e subjugá-la, reconhecendo a sua posição como senhor da criação, sujeito à autoridade soberana do Deus Trino e Uno. Na teologia calvinista, esta é a chamada aliança das obras.
A despeito deste relacionamento segundo a aliança e da manifestação que Deus fez de Si mesmo, o homem preferiu pensar que poderia declarar a sua independência do Deus soberano. Tentado por Satanás, o homem afirmou-se como um ser independente, adorando a criatura ao invés do Criador, e assim colocou-se sob condenação divina. O resultado foi que Deus condenou o homem e, como consequência, o homem foi rejeitado por Deus e tornou-se totalmente corrupto, transmitindo esta corrupção aos seus descendentes no decurso da história. É somente pela graça geral ou comum de Deus que a corrupção do homem não se desenvolve completamente nesta vida.
O Deus soberano, no entanto, não permitiu que os Seus planos e propósitos fossem frustrados. Já na eternidade, como parte do Seu plano secreto, Ele tinha escolhido para Si mesmo um grande número das Suas criaturas caídas, para serem reconciliadas com Ele. Deus nunca revelou por que agiu assim; diz, apenas, que Ele escolheu fazer assim na Sua misericórdia, porque, com toda a justiça, poderia ter rejeitado a totalidade da raça humana pelos seus pecados. Na execução deste plano e propósito de redenção, o Pai enviou ao mundo o Filho, a segunda Pessoa da Trindade, a fim de receber a pena pelos pecados dos eleitos e cumprir a favor deles a justiça completa da lei de Deus. No AT, os profetas e os patriarcas antegozaram a vinda de Cristo, confiando na Sua redenção prometida, ao passo que na igreja do NT, que continua até hoje, os cristãos confiam na obra realizada no passado: aquilo que Cristo fez por eles na História.
Àqueles que são os escolhidos de Deus é enviado o Espírito Santo, não somente para iluminá-los para entenderem o Evangelho revelado nas Escrituras, como também para capacitá-los a aceitar a promessa do perdão divino. Mediante esta "chamada eficaz" vêm a ter fé em Cristo como Redentor, confiando somente nEle como Aquele que satisfez todas as exigências de Deus a favor deles. E, portanto, pela fé somente (sola fidei) que são salvos, mediante o poder regenerador do Espírito Santo. A partir de então, como povo de Deus, devem viver vidas que, embora nunca sejam perfeitamente santas, devem manifestar o facto de que são o Seu povo, procurando sempre glorificá-IO nos pensamentos, palavras e ações.
A Igreja. A vida do povo de Deus agora é a vida do povo da aliança de Deus. Desde a eternidade, o Deus soberano tinha o propósito de fazer uma aliança com os Seus eleitos em e através do representante deles, o Filho, que os redimiu na História mediante a Sua vida imaculada e o Seu sacrifício na cruz do calvário. Por isso, como cidadãos do Seu reino, agora são chamados para servi-IO no mundo, o que fazem como igreja. Esta obrigação recai tanto sobre cristãos adultos quanto em seus filhos, porque a aliança é feita com os pais e os filhos, assim como ocorreu com Abraão e os seus descendentes, no AT, e com os cristãos e os seus descendentes, no NT. O batismo significa esta filiação ao corpo visível do povo de Deus, tanto para os filhos quanto para os adultos, embora nos dois casos os votos baptismais feitos pelos adultos possam ser posteriormente repudiados. A Ceia do Senhor é o sacramento contínuo do qual o povo de Deus participa em memória dEle e da Sua obra redentora a favor dos Seus. Mas, neste caso também, é somente à medida que os elementos são recebidos e ingeridos com fé que o Espírito Santo abençoa aqueles que recebem o pão e o vinho, tornando-os participantes espirituais do corpo e do sangue do Senhor.
Na questão de organização da igreja, os calvinistas têm concordado de modo geral em que a igreja deve ser governada por presbíteros, os que ensinam e os que regem ou supervisionam, eleitos pela igreja. Alguns, porém, crêem que uma forma episcopal de governo eclesiástico é a forma correcta, ou pelo menos permissível, de organização. Mas todos concordam que, dentro do possível, a união externa e visível da igreja deve ser mantida, porque todos os cristãos são membros de um só corpo de Cristo. Por outro lado, os calvinistas também têm levado em conta a pluralidade de formas da igreja, reconhecendo que ela não é perfeita, mas também têm insistido em que deve haver uma uniformidade ou congruência básica de doutrina.
O Calvinismo na História. Ainda que Calvino tenha sido o sistematizador da teologia da Reforma, depois dos dias dele, muitos dos que aceitaram a sua estrutura teológica têm continuado a desenvolver muitas das suas ideias. Durante a sua própria vida, ele mesmo desenvolveu os seus pensamentos nas sucessivas edições das suas Instituías da Religião Cristã. Com a redacção de várias confissões calvinistas, tais como o Catecismo de Heidelberg (1563), os Cânones do Sínodo de Dort (1618) e a Confissão de Fé de Westminster e os Catecismos anexos (1647-48) apareceram acréscimos ao pensamento teológico e desenvolvimentos do mesmo. Além disso, vários teólogos no decurso dos anos seguintes elaboraram várias considerações nas quais Calvino tinha tocado sem, porém, examiná-las totalmente. O século XIX em especial viveu uma expansão muito considerável do pensamento calvinista, sob a influência de Abraham Kuyper e Herman Bavinck, na Holanda; Auguste Lecerf, na França; e A. A. Hodge, Charles Hodge e B. B. Warfield, nos Estados Unidos. A tradição estabelecida por estes homens tem recebido continuidade no século XX por John Murray, J. Gresham Machen e Cornélius Van Til, nos Estados Unidos; Herman Dooyeweerd e D. H. Th. Vollenhoven, na Holanda; e muitos outros em vários países ao redor do mundo.
De forma alguma a influência de Calvino tem sido apenas limitada à esfera teológica, sobretudo devido ao facto de as implicações das suas crenças mesmo nos seus próprios dias terem tido ampla influência em outras áreas de pensamento. O seu conceito do estado e do direito dos súbditos e dos magistrados, quanto à deposição de um govenante opressivo, ajudou a lançar os alicerces para o desenvolvimento da democracia. As suas opiniões a respeito das artes também foram importantes por terem dado um fundamento teológico-filosófico para o desenvolvimento das artes pictoriais na Holanda, Inglaterra, Escócia e França, para mencionar só alguns países. Coisas semelhantes poderiam ser ditas em outros campos do esforço humano, tais como as ciências, as actividades económicas e a reforma social. Além disso, o seu pensamento propagou-se além dos limites do mundo ocidental, para exercer a sua influência a todas as partes do globo terrestre, aonde os calvinistas têm ido como missionários. De todas estas maneiras, o calvinismo exerceu, e continua exercendo, uma influência importante no mundo, procurando anunciar a doutrina bíblica da graça soberana de Deus.
W. S. REID
Bibliografia. W. Williams, Welsh CalvinisticMethodism; JCMHS.
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