… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Leituras Cristãs

“BILLY” BRAY, PRÍNCIPE DE DEUS

Deus serve-se, às vezes, de vasos muito débeis, e usa-os de um modo maravilhoso. “Billy” Bray, o famoso mineiro de Cornwall, foi sem dúvida um dos mais estranhos vasos que o Senhor usou para fazer uma obra muito grande no mundo. Antes de converter-se a Cristo, era um pobre mineiro bêbado e dissipador, mas depois que o Espírito de Deus tomou posse dele, veio a ser uma luz tão brilhante para Cristo que o seu nome tornou-se conhecido por toda a Terra. De um extremo ao outro de Cornwall ninguém era mais conhecido nem mais popular que Billy Bray.


Billy nasceu 1 de junho de 1794, em Doze Cabeças, uma vila próxima a Truro, Cornwall, Inglaterra. O seu avô tinha-se unido aos Metodistas nos dias de Wesley. Seu pai era também cristão, mas morreu quando seus filhos eram muito pequenos.

Billy converteu-se, ou melhor, foi convencido do seu pecado pela leitura das “Visões do Céu e do Inferno” de João Bunyan. Quando estava procurando o Senhor caminhou, num domingo, uma milha para assistir a uma reunião de cristãos. O tempo estava chuvoso e só ele é que foi à reunião. Por isso, sentiu um grande desalento. Depois de estar procurando a salvação por muito tempo, o Diabo tentou-o fortemente a crer que não havia nenhuma misericórdia para ele. «Mas», disse ele ao diabo, «‘Tu és mentiroso’ e logo que disse isto, senti que um grande peso se tirou de minha mente e dava louvores ao Senhor por isso». Nesse mesmo dia, pela tarde, ao ir para sua casa e encerrar-se no seu quarto, ele disse a Deus: “Tu disseste ‘aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre.’ Eu tenho fé em Tuas palavras e creio nelas de verdade”.

Isto trouxe gozo ao seu coração. “Num instante”, disse ele, “o Senhor me fez tão feliz que não pude descrever nem explicar o que senti de puro gozo”.

Depois da sua conversão Billy tornou-se um cristão contente, e um consagrado operário que se esforçava por ver a salvação de pecadores, principalmente depois de que foi guiado para uma vida mais rica na fé e a uma experiência espiritual mais profunda que a obtida em sua conversão a Cristo. A sua profunda piedade e sua segurança constante do favor divino, foram o segredo de seu grande utilidade no serviço de Deus. “A água que Eu lhe der,” diz o Senhor, “se fará nele uma fonte de água que salte para vida eterna”. Ser santificado por completo, como escreveu São Paulo, Billy estimava-o desde muito cedo na sua vida religiosa como um dever e um privilégio. Conta-nos: “Recordo-me bem que estava numa reunião que foi presidida por um irmão visitante, num domingo de manhã, na capela do Hick’s Mill. Ele, então, perguntou a um dos membros da classe se podia dizer com toda a certeza que Deus o tinha limpo de todo o pecado. Ele não pôde responder. ‘Falam’, pensei eu, ‘da santificação. Eu tenho de conseguir essa bênção do Senhor’. Caindo de joelhos pedi ao Senhor aos gritos que me santificasse, no corpo, na alma e no espírito. E o Senhor me disse: ‘Tu já és limpo pela palavra que Te falei’. Então, eu respondi a Deus: ‘Eu acredito de todo coração, Senhor’”. Ao dizer isto, um gozo tão grande encheu o seu coração que ele não pôde achar palavras para o descrever.

Anos depois dizia: “Não posso calar-me nem estar quieto. Sinto que tenho o gozo de Deus e que O devo louvar. Quando vou pela rua, levanto um pé que muito claramente diz: ‘Glória’, e levanto o outro, que grita ‘Ámen’, e assim vão os dois dizendo enquanto eu ando no meu caminho”.

Billy não viveu mais para si, senão para o Senhor que morreu por ele e Se levantou de entre os mortos. Sempre punha o Senhor em primeiro lugar. A sua vereda atalho estava cheio de luz, a luz da aurora, que ia em aumento, até que o dia chegou à sua perfeição, como ele estava acostumado a repeti-lo na sua figura retórica favorita. Justificado, santificado e selado foram os passos sucessivos na sua experiência cristã, mais definidos para ele do que para outros crentes possivelmente. A sua fé não fraquejou, pelo contrário, fez-se mais e mais forte, e o seu amor pelo Salvador aumentou em intensidade até que chegou a ser a paixão absorvente da sua alma; e sua esperança brilhava com o resplendor e a refulgência do alto. A frescura, a delicadeza e a fragrância de uma experiência rica em Cristo foram suas, sempre.

Billy não teve essa religião desanimada e triste que professam alguns cristãos. Ele vivia sempre alegre. A sua experiência era de completa vitória e dessa vida feliz do crente que atrai os pecadores a Cristo, como o mel atrai as abelhas. Os pecadores querem uma religião que lhes dê vitória sobre o pecado e quando esta classe de religião se prega, as almas são ganhas para Cristo. Na Igreja Metodista de São Blasey, Billy ouvia as pessoas queixar-se das suas provas e das suas dificuldades.

Levantou-se e disse-lhes: “Pois bem, meus amigos, eu também tenho bebido vinagre e mel, mas graças ao Senhor, o vinagre tomo-o com colher de chá, porém o mel com concha de sopa”. O seu testemunho foi sempre de gozo e de vitória. Falando do Senhor, dizia: “Ele dá-me gozo e ninguém me pode tirar isso. Faz-me saltar e dançar e ninguém me pode fazer sentar. Sinto tanto do amor de Deus em meu coração que creio que embora me cortassem os pés, continuaria dançando nos cotos”.

Alguns criticaram-no, mas ele dizia: “Chamam-me louco, mas querem dizer que sou alegre”.

Como todos os grandes ganhadores de almas, Billy passava muitas horas em oração. Se ia de viagem a alguma parte pedia sempre ao Senhor não permitisse ao diabo que o arranhasse. “Deste modo” dizia ele, “ainda que tenho medo ao diabo, corto-lhe as suas unhas”. O diabo era para ele uma viva realidade. Dizia Billy que ele trabalhava para uma companhia forte, uma empresa cuja razão social era “O Pai, o Filho e o Espírito Santo”, e que confiava de todo coração nEles.

Billy era mau cantor mas cantava sempre. Dizia que o Senhor gostava de o ouvir. “Sim, glória a Deus, eu posso cantar”, repetia ele com entusiasmo. “A meu Pai Celestial agrada ouvir as outras pessoas que cantam melhor do que eu. Mas deveis saber que meu Pai Se deleita em ouvir o grasnido do corvo tanto como os doces gorjeios do rouxinol”.

A sua última palavra ao morrer foi “Glória”. Pouco antes havia dito: «Temo a morte? Ou que eu me perca? Não pode ser, porque o meu Salvador conquistou a morte. E se eu fosse para o Inferno, gritaria ‘glória, glorifica’ ao meu Senhor, fazendo ressoar o Seu santo Nome no abismo infernal. Então o miserável Satanás me diria: ‘Billy, Billy, este não é lugar para ti. Vai-te! Retira-te daqui!’ E sairia voando para o Céu gritando: ‘Glória, glória. Louvado seja Deus’».

Billy dormiu no Senhor em 25 do maio de 1868.

William Trewartha Bray (01 de junho de 1794 - 25 do Maio de 1868)

 Artigo de Carlos António da Rocha

Sem comentários: