Leituras Cristãs
“BILLY”
BRAY, PRÍNCIPE DE DEUS
Deus serve-se, às vezes, de
vasos muito débeis, e usa-os de um modo maravilhoso. “Billy” Bray, o famoso
mineiro de Cornwall, foi sem dúvida um dos mais estranhos vasos que o Senhor
usou para fazer uma obra muito grande no mundo. Antes de converter-se a Cristo,
era um pobre mineiro bêbado e dissipador, mas depois que o Espírito de Deus
tomou posse dele, veio a ser uma luz tão brilhante para Cristo que o seu nome
tornou-se conhecido por toda a Terra. De um extremo ao outro de Cornwall
ninguém era mais conhecido nem mais popular que Billy Bray.
Billy nasceu 1 de junho de
1794, em Doze Cabeças, uma vila próxima a Truro, Cornwall, Inglaterra. O seu
avô tinha-se unido aos Metodistas nos dias de Wesley. Seu pai era também
cristão, mas morreu quando seus filhos eram muito pequenos.
Billy converteu-se, ou melhor,
foi convencido do seu pecado pela leitura das “Visões do Céu e do Inferno” de
João Bunyan. Quando estava procurando o Senhor caminhou, num domingo, uma milha
para assistir a uma reunião de cristãos. O tempo estava chuvoso e só ele é que
foi à reunião. Por isso, sentiu um grande desalento. Depois de estar procurando
a salvação por muito tempo, o Diabo tentou-o fortemente a crer que não havia
nenhuma misericórdia para ele. «Mas», disse ele ao diabo, «‘Tu és mentiroso’ e
logo que disse isto, senti que um grande peso se tirou de minha mente e dava
louvores ao Senhor por isso». Nesse mesmo dia, pela tarde, ao ir para sua casa
e encerrar-se no seu quarto, ele disse a Deus: “Tu disseste ‘aquele que pede
recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre.’ Eu tenho fé em Tuas
palavras e creio nelas de verdade”.
Isto trouxe gozo ao seu
coração. “Num instante”, disse ele, “o Senhor me fez tão feliz que não pude descrever
nem explicar o que senti de puro gozo”.
Depois da sua conversão Billy
tornou-se um cristão contente, e um consagrado operário que se esforçava por
ver a salvação de pecadores, principalmente depois de que foi guiado para uma
vida mais rica na fé e a uma experiência espiritual mais profunda que a obtida
em sua conversão a Cristo. A sua profunda piedade e sua segurança constante do
favor divino, foram o segredo de seu grande utilidade no serviço de Deus. “A
água que Eu lhe der,” diz o Senhor, “se fará nele uma fonte de água que salte
para vida eterna”. Ser santificado por completo, como escreveu São Paulo, Billy
estimava-o desde muito cedo na sua vida religiosa como um dever e um
privilégio. Conta-nos: “Recordo-me bem que estava numa reunião que foi presidida
por um irmão visitante, num domingo de manhã, na capela do Hick’s Mill. Ele,
então, perguntou a um dos membros da classe se podia dizer com toda a certeza
que Deus o tinha limpo de todo o pecado. Ele não pôde responder. ‘Falam’,
pensei eu, ‘da santificação. Eu tenho de conseguir essa bênção do Senhor’.
Caindo de joelhos pedi ao Senhor aos gritos que me santificasse, no corpo, na
alma e no espírito. E o Senhor me disse: ‘Tu já és limpo pela palavra que Te
falei’. Então, eu respondi a Deus: ‘Eu acredito de todo coração, Senhor’”. Ao
dizer isto, um gozo tão grande encheu o seu coração que ele não pôde achar
palavras para o descrever.
Anos depois dizia: “Não posso
calar-me nem estar quieto. Sinto que tenho o gozo de Deus e que O devo louvar.
Quando vou pela rua, levanto um pé que muito claramente diz: ‘Glória’, e
levanto o outro, que grita ‘Ámen’, e assim vão os dois dizendo enquanto eu ando
no meu caminho”.
Billy não viveu mais para si,
senão para o Senhor que morreu por ele e Se levantou de entre os mortos. Sempre
punha o Senhor em primeiro lugar. A sua vereda atalho estava cheio de luz, a
luz da aurora, que ia em aumento, até que o dia chegou à sua perfeição, como
ele estava acostumado a repeti-lo na sua figura retórica favorita. Justificado,
santificado e selado foram os passos sucessivos na sua experiência cristã, mais
definidos para ele do que para outros crentes possivelmente. A sua fé não
fraquejou, pelo contrário, fez-se mais e mais forte, e o seu amor pelo Salvador
aumentou em intensidade até que chegou a ser a paixão absorvente da sua alma; e
sua esperança brilhava com o resplendor e a refulgência do alto. A frescura, a
delicadeza e a fragrância de uma experiência rica em Cristo foram suas, sempre.
Billy não teve essa religião
desanimada e triste que professam alguns cristãos. Ele vivia sempre alegre. A
sua experiência era de completa vitória e dessa vida feliz do crente que atrai
os pecadores a Cristo, como o mel atrai as abelhas. Os pecadores querem uma
religião que lhes dê vitória sobre o pecado e quando esta classe de religião se
prega, as almas são ganhas para Cristo. Na Igreja Metodista de São Blasey,
Billy ouvia as pessoas queixar-se das suas provas e das suas dificuldades.
Levantou-se e disse-lhes: “Pois
bem, meus amigos, eu também tenho bebido vinagre e mel, mas graças ao Senhor, o
vinagre tomo-o com colher de chá, porém o mel com concha de sopa”. O seu
testemunho foi sempre de gozo e de vitória. Falando do Senhor, dizia: “Ele
dá-me gozo e ninguém me pode tirar isso. Faz-me saltar e dançar e ninguém me
pode fazer sentar. Sinto tanto do amor de Deus em meu coração que creio que
embora me cortassem os pés, continuaria dançando nos cotos”.
Alguns criticaram-no, mas ele
dizia: “Chamam-me louco, mas querem dizer que sou alegre”.
Como todos os grandes
ganhadores de almas, Billy passava muitas horas em oração. Se ia de viagem a
alguma parte pedia sempre ao Senhor não permitisse ao diabo que o arranhasse.
“Deste modo” dizia ele, “ainda que tenho medo ao diabo, corto-lhe as suas
unhas”. O diabo era para ele uma viva realidade. Dizia Billy que ele trabalhava
para uma companhia forte, uma empresa cuja razão social era “O Pai, o Filho e o
Espírito Santo”, e que confiava de todo coração nEles.
Billy era mau cantor mas
cantava sempre. Dizia que o Senhor gostava de o ouvir. “Sim, glória a Deus, eu
posso cantar”, repetia ele com entusiasmo. “A meu Pai Celestial agrada ouvir as
outras pessoas que cantam melhor do que eu. Mas deveis saber que meu Pai Se
deleita em ouvir o grasnido do corvo tanto como os doces gorjeios do rouxinol”.
A sua última palavra ao morrer
foi “Glória”. Pouco antes havia dito: «Temo a morte? Ou que eu me perca? Não
pode ser, porque o meu Salvador conquistou a morte. E se eu fosse para o Inferno,
gritaria ‘glória, glorifica’ ao meu Senhor, fazendo ressoar o Seu santo Nome no
abismo infernal. Então o miserável Satanás me diria: ‘Billy, Billy, este não é
lugar para ti. Vai-te! Retira-te daqui!’ E sairia voando para o Céu gritando:
‘Glória, glória. Louvado seja Deus’».
Billy dormiu no Senhor em 25 do
maio de 1868.
William Trewartha Bray (01 de
junho de 1794 - 25 do Maio de 1868)
Artigo de Carlos António da Rocha

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