Lewis Sperry
Chafer
Três espécies
de homens
Entre o caráter e o género
de vida diária dos Cristãos existe uma manifesta diferença. Esta diferença é reconhecida
e definida no Novo Testamento. Há uma possibilidade de aperfeiçoamento tanto nesse
caráter como nesse género ele conduta diária de muitos Cristãos, sendo esse aperfeiçoamento
experimentado por todos aqueles Cristãos que cumprem certas condições. Estas
constituem, também, um tema importante na Palavra de Deus.
O Apóstolo Paulo, inspirado
pelo Espírito, dividiu toda a família humana em três classes: 1) O “homem natural”,
aquele que não “nasceu de novo”, o homem que nunca se mudou espiritualmente; 2)
O “homem carnal”, aquele que é “menino em Cristo” e que anda “conforme o homem”;
e 3) o homem “espiritual”. Estes grupos são classificados pelo Apóstolo segundo
a sua capacidade em compreender e receber uma certa forma de Verdade, que nos é
“revelada” dos fatos pelo Espírito. Os homens são bem diferentes uns dos outros
quanto ao fato do novo nascimento e da vida de poder e da bênção divina; todavia
a classificação desses indivíduos é revelada claramente pela atitude que tomam
perante os fatos revelados.
Em 1Co 2:9 a 3:4 está estabelecida
esta tripla classificação, cuja passagem começa como se segue: “Mas, como está escrito:
As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do
homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo
seu Espírito.” Apresenta-se, assim, bem clara, a distinção entre os assuntos
gerais do conhecimento humano que são adquiridos pela faculdade de observação,
pela percepção auditiva ou pelo “coração” (o poder racional)! e aqueles outros assuntos
que se afirma, serem-nos “revelados” pelo Seu Espírito. Aqui não há qualquer
outra referência senão aquela que já está incluída nas Escrituras da Verdade, e
esta revelação é ilimitada, como nos prova a continuação da passagem citada. “Porque
o Espírito(Aquele que revela) penetra todas as coisas, ainda as profundezas de
Deus”.
Portanto, os homens são
classificados conforme a sua capacidade para compreender e receber as “profundezas
de Deus”. Mas ninguém, por si só, pode chegar ao âmago destas “profundezas de
Deus”, “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem,
que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de
Deus” (que as conhece). No entanto, é possível a uma pessoa, mesmo sem auxílio (quer
dizer, conduzida só por si), penetrar nos assuntos do seu semelhante, porquanto
nele existe “o espírito do homem”. Mas não pode estender ou sair da sua esfera.
Não lhe é possível conhecer, por experiência própria, as coisas do reino animal
que é inferior a ele; tão pouco pode entrar numa esfera mais elevada e experimentar
as coisas de Deus. Mesmo que o homem, só por si, não possa compreender os mistérios
de Deus, o Espírito conhece-os, e, por isso, todo aquele que estiver intimamente
relacionado com esse Espírito, poderá também atingir o conhecimento desses
mistérios. E a passagem bíblica
continua: “Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém
de Deus, para que pudéssemos conhecer o que
(“as profundezas de Deus”, aquelas que o olho não viu, etc.) nos é dado gratuitamente
por Deus”. “Nós, (isto é, todos os salvos sem exceção) recebemos o Espírito que
provém de Deus”. Eis aqui uma grande possibilidade. Ficando nós tão vitalmente relacionados
com o Espírito de Deus, a tal ponto que Ele passa a habitar dentro de nós, é
possível, devido a essa circunstância, virmos a conhecer “o que nos é dado
gratuitamente por Deus”. Só por nós, porém, jamais poderíamos alcançar esse
conhecimento, porque o Espírito é que sabe, Ele é que habita em nós e é Ele que
tudo nos revela.
Esta revelação divina
é-nos transmitida em “palavras” que só o Espírito Santo ensina, como o Apóstolo
continua expondo: “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana,
mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais”. O Livro de Deus é um
Livro de palavras, e as mesmas palavras que exprimem a “sabedoria humana”
exprimem também as coisas que “o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram
ao coração do homem.” Todavia, aquele que não é ajudado pelo Espírito, não pode
compreender estas “profundezas de Deus”, ainda que expressas nas palavras mais familiares
ao homem, a não ser, repetimos, que elas sejam “reveladas” por esse Espírito de
verdade. Mesmo assim, e avançando no conhecimento destas coisas reveladas, o
progresso só é alcançado quando as coisas espirituais forem comparadas com
outras espirituais. Os segredos espirituais devem ser comunicados por meios espirituais.
Fora do Espírito não pode haver compreensão espiritual.
In “O homem espiritual”, Lewis Sperry Chafer, Inprensa Batista Regular.
1980
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