José Fontoura
O Habitante dos nossos corações
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós.” (João 1:1-14, ARC, Pt)
Quem poderá esquecer o Amor quando na mansão celeste Se despiu da glória, e na terra Se vestiu de nossa pobre humanidade, mas sem pecado? Entremos no recôndito de Seu coração; refugiemo-nos na profundidade de Seus ferimentos, e Ele, o Verbo, nos exprimirá o pensamento do Eterno.
«Habitou
entre nós». Isto nos revela muito. «Pois que Deus olhou desde os céus para os
filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse
a Deus. Porém, desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos». Pelo que
disse: «toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé
até à cabeça, não há neles coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas
podres». E o mundo de hoje é o mesmo! Jesus, o Santo, o Amado de Deus, desceu
até nós, enfermos, trazendo-nos dos céus o que o pecado nos havia roubado.
A
Sua vinda mostra-nos Deus vindo ao encontro do pecador; os céus ao encontro da
terra; a glória ao encontro do pó; a Salvação ao encontro da alma. Deus.
Jesus
habita entre a humanidade enferma. Ele cuida de nós, minora nossos sofrimentos,
traz-nos o bálsamo que nos suaviza e cura. E, ao mesmo tempo, a Sua mensagem é
outro lenitivo que nos mitiga a dor.
«O
Espírito do Senhor é sobre Mim, diz Ele, pois que Me ungiu para evangelizar os
pobres, enviou-Me a curar os quebrantados do coração». Assim no vale tenebroso
do mundo, onde pairavam as sombras da morte, brilhou a Luz da Vida que se
tornou, para o crente, a estrela mais alta no firmamento da fé.
Oh,
na Sua promessa temos a nossa esperança; em Sua vinda a nossa paz; em Seu
sofrimento o nosso refrigério; em Sua sepultura a nossa ressurreição!
Apesar
de estarmos num mundo de dor, temos gozo, pois que «pelas Suas pisaduras fomos
sarados». Há enfermos cujas esperanças de cura se dissiparam, mas vão tomando
sempre remédios afim de, irem passando.
Semelhantemente,
o homem que não confia no sangue do Filho de Deus para a sua salvação, é um
enfermo que vai passando com um pouco de religião, mas talvez que se não livra
da morte eterna.
Oh,
pára, medita; não transponhas os umbrais da Eternidade sem o Salvador! No Seu
sofrimento tens o refrigério; na Sua morte tens a vida. Foi Ele Quem te
substituiu no altar da Cruz; aquilo que a Justiça divina exigia de ti, só Ele o
pôde satisfazer; a tua alma, que por causa do pecado tem sido a tristeza de
Deus, pelo Seu sangue ficará mais alva que a neve. Tem-LO bem próximo de ti:
«Ele habitou entre nós». Ninguém conhece a nossa penúria senão Ele; e ninguém
está tão perto que ouça os nossos gemidos e nos possa socorrer senão Ele, pois
«veio para que tenhamos vida e a tenhamos com abundância».
Mas
a missão de Jesus não consiste só nisto. Ele veio para salvar os pecadores, mas
precisa habitar na nossa vida como prova de que tudo que somos e temos Lhe
pertence por direito.
O
grande apóstolo diz: «Que Cristo habite pela fé nos vossos corações: fim de,
estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com
todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e altura, e a
profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para
que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”.
Cristo,
como um homem que compra uma casa em segunda mão, também nos libertou daquele a
quem Adão nos vendeu, comprando-nos com o preço de Seu próprio sangue.
O
novo dono não encontra a casa como quer, e por isso tira dela tudo que não lhe
agrada, limpa-a bem, e dá-lhe um aspecto diferente do anterior.
«E
o sangue de Jesus que nos purifica de todo o pecado» que ocupa os nossos
corações; e, em cooperação com o Espírito Santo, nos faz novas criaturas.
Aquele
dono, depois de esvaziar a casa não vai deixá-la sempre assim. Arranjará
mobília a seu gosto, e conforme precisa, e a porá na sua casa. Assim, Jesus,
nunca deixa uma vida que Ele salva, vazia; mas enche-a do Seu Espírito, do Seu
amor, da Sua graça, da Sua mansidão e da Sua alegria, fim de que Ele mesmo
possa ter alegria em nós.
Mas
agora falta alguma coisa que não é a menos importante. Este dono fez sacrifício
para comprar a casa, para a limpar e mobilar. Portanto, agora, tem o direito de
procurar sempre nela: conforto, descanso e alegria.
Não
é da vontade do Senhor que nós, depois de salvos, continuemos a dar-Lhe
trabalhos e tristezas; mas que nos ponhamos ao Seu dispor para ter nos nossos
corações: verdadeira habitação, conforto, e alegria.
«Eis
que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta,
entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo», diz o Senhor, nosso
Salvador.
José
Fontoura (14/XI/1921 – 29/XII/1996)
Obreiro
a tempo integral entre os Irmãos, na Região da Beira-Vouga.
http://www.refrigerio.net/images/stories/pdf/refrigerio118.pdf
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