Martinho
Lutero
Para os fiéis a morte já está
morta
“Para os fiéis a morte já está morta e não tem
nada de terrível, exceto a aparência e a máscara. Da mesma forma, a serpente
morta ainda tem o seu terrível aspecto anterior, mas, na verdade, ficou ali
apenas a aparência externa e um mal morto e já inócuo. Sim, da mesma forma,
como em Nm 21:8 e versículos seguintes Deus ordenou erigir uma serpente de
bronze, por cujo aspecto as serpentes vivas morriam, assim também morre a nossa
morte pela fidelíssima contemplação da morte de Cristo, e agora nada mais
aparece do que uma imagem da morte. Assim, com estas belas figuras, a
misericórdia de Deus preludia-nos a nós pessoas fracas que a morte, ainda que
não deva ser afastada, assim mesmo está tão-somente esvaziada a uma aparência
do seu poder, razão por que as Escrituras preferem chamá-la de sono em vez de
morte. O segundo bem da morte é que ela não só põe um termo aos males dos
castigos da vida, mas, o que é de proveito ainda maior, põe um fim nos vícios e
pecados, o que torna a morte bem mais desejável às almas fiéis, fiéis, como
dissemos acima, do que o bem já referido, visto que os males da alma, os pecados,
são incomparavelmente piores do que os males do corpo.”
Martinho
Lutero, Catorze Consolações para os que sofrem (In Obras Selecionadas de Lutero, volume 2, p. 25)
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