Martinho Lutero
A morte dos Seus santos
“Amo ao Senhor, porque Ele ouviu a minha voz e
a minha súplica. Porque inclinou para mim os seus ouvidos; portanto,
invocá-lo-ei enquanto viver. Cordéis da morte me cercaram, e angústias do
inferno se apoderaram de mim: encontrei aperto e tristeza. Então invoquei o
nome do Senhor, dizendo: Ó Senhor, livra a minha alma. Piedoso é o Senhor e
justo: o nosso Deus tem misericórdia. O Senhor guarda aos símplices: estava
abatido, mas Ele me livrou. Volta, minha alma, a teu repouso, pois o Senhor te
fez bem. Porque tu, Senhor, livraste a minha alma da morte, os meus olhos das
lágrimas e os meus pés da queda. Andarei perante a face do Senhor, na terra dos
viventes. Cri, por isso falei; estive muito aflito. Eu dizia, na minha precipitação:
Todo o homem é mentira. Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me
tem feito? Tomarei o cálix da salvação, e invocarei o nome do Senhor. Pagarei
os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo. Preciosa é, à
vista do Senhor, a morte dos seus santos. Ó Senhor, deveras sou teu servo: sou
teu servo, filho da tua serva; soltaste as minhas ataduras. Oferecer-te-ei
sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do Senhor. Pagarei os meus votos ao
Senhor; que eu possa fazê-lo na presença de todo o meu povo, nos átrios da casa
do Senhor, no meio de ti, ó Jerusalém! Louvai ao Senhor.” (Salmo 116, ARC, Pt)
“Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos
seus santos.” (v. 15)
Em
si, a morte é o castigo do pecado e provém da ira e do desfavor de Deus. A
morte dos cristãos, porém, especialmente dos que sofrem e morrem por amor de
Cristo, é preciosa. É bem verdade que o corpo sofre, mas não leva prejuízo,
visto que Deus recompensa tal morte com a vida eterna. Nesse caso, a morte já
não é castigo, mas remédio, um doce sono e descanso, porta e entrada para a
vida eterna. Pois em Cristo quebrou os dentes, ficaram gastos e inúteis, já não
consegue abrir os maxilares; as articulações estão aleijadas. A sua boca está
aberta e gostaria de devorar a todos. No entanto, já não consegue escancarar a
bocarra para morder. O mesmo acontece com o inferno, e assim os Cristãos têm
grande privilégio, na vida e na morte, pois, vivendo ou morrendo, somos do
Senhor. Se isto é verdade, os santos que crêem, falam ou confessam e são
perseguidos por isso, terão outra opinião sobre morte do que a multidão do
mundo descrente. Verão nela uma despedida bem-aventurada, uma partida daquela
miséria e vale de lamentos no qual o diabo é rei e deus, para a vida na qual
reina alegria indizível e maravilhosa, eterna bem-aventurança.
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