“Simeão
tomou o menino nos braços e louvou a Deus.” (Lc 2:28)
O
inocente Rei e Sacerdote jaz sob a lei; o Senhor torna-Se escravo e servo de
todos nós; queira Deus que vejamos este Rei com a mesma fé que teve o santo
Simeão.
Este
homem idoso tomou a criança em seus braços, alegrou-se e o seu coração renovou-se
nessa imensa alegria; alegrou-se tanto que não conseguiu nem escreve nem falar.
Pois, vendo esta criancinha, foi o seguinte que passou no seu coração: tenho nos
meus braços uma pequena criança, de apenas seis semanas, desconhecida do mundo;
no entanto, é o verdadeiro Salvador, o verdadeiro Tesouro que há muito
esperava.
Nem
príncipe, nem imperador, nem rei repararia nesta criança. O seu coração, porém,
que a conhecia muito bem, alegrou-se tanto que ninguém se admiraria se tivesse
morrido de alegria. Pois o seu desejo foi cumprido de tal modo que não apenas
pôde ver a criança, mas também pôde tomá-la nos braços. Essa alegria fá-lo
dizer:
-
Este é o tesouro que alegra e me torna a morte amena.
Vejam
o que se passa no coração deste ancião. Ele sabe que chegou a hora da morte e
quer partir em paz. Esta é a grande palavra, cheia de conforto, palavra
maravilhosa – morrer alegre e em paz. De onde se consegue uma morte agradável
assim? Isso provém unicamente da criança. Quem já viu uma morte assim?
Repare-se naqueles que confiam nas obras – será que também morrem em paz?
Martinho Lutero
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