“O
fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te
dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem
ainda como este publicano.” (Lc 12:11)
O fariseu quebra
e transgride todos os mandamentos, pois nega a Deus e também não presta serviço
algum ao próximo. Com isso, ele se arruinou, porque não cumpriu um ponto sequer
da lei. Se ele tivesse dito: “Ó Deus, nós
todos somos pecadores: aquele pobre pecador, eu também, a exemplo de outros”, e
se tivesse incluído na comunidade e dito: “Ó
Deus, tem misericórdia de nós!”, então teria cumprido o primeiro mandamento
de Deus, uma vez que teria dado honra e louvor a Deus. E se, depois, tivesse
dito: “Ó Deus, vejo que aquele ali é um pecador, presa de Satanás, ajuda-o,
bondoso Senhor!”, e o tivesse carregado nas costas e trazido diante de Deus, intercedendo
por ele, teria cumprido também cumprido o outro mandamento, o do amor Cristão,
como Paulo diz e ensina (Gl 6:2): “Levai
as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”.
Mas acontece que
ele chega e louva-se a si mesmo, diz-se justo, e todo sim-senhor, gaba-se das
suas supostas boas obras, como jejuar e dar o dízimo de tudo o que ganha. Ao
mesmo tempo, está cheio de ódio ao próximo que, se Deus lhe desse ser juiz,
empurraria o pobre publicano para o mais profundo dos infernos. Vede: Não é terrível ouvir isto e não se mostra aí
um coração perverso, querer que todos os homens sejam condenados apenas para
que eu seja louvado?
E isto nos é
apresentado para que não imitemos o exemplo do fariseu.
Martinho Lutero
Martinho Lutero
In Meditações de
Lutero, Castelo Forte - 1983
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