… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

sábado, 15 de julho de 2017

“A mulher cananeia, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então lhe disse Jesus: Ó, mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mt 15:27.)



“A mulher cananeia, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então lhe disse Jesus: Ó, mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres.” (Mt 15:27)

      Não é esta uma obra-prima? Ela apanha a Cristo nas Suas próprias palavras. Cristo a compara a um cachorro. Ela concorda e simplesmente pede que lhe permita ser um cachorro, como Ele próprio dissera. Que é que ela podia fazer a essa altura? Não tinha saída. Para um cachorro a gente deixa as migalhas debaixo da mesa; é isso que lhe toca. Por isso, Cristo dá atenção à mulher e faz-lhe a vontade, para que não seja cachorro, mas uma filha de Israel.

      Isto está escrito para nosso consolo e ensino, para que saibamos a que profundidade Deus esconde de nós a Sua graça e como não devemos julgá-Lo com base nos nossos sentimentos e pensamentos, mas exclusivamente pela Sua palavra. Pois ali você pode notar que, embora Cristo Se mostre rude, essa ainda não é a Sua palavra final, como se tivesse dito não. Pelo contrário, a Sua resposta de facto soa como um não, mas não é não, e, sim, uma resposta indefinida que fica no ar.

      Com isto mostra-se como o nosso coração se comporta no meio da tentação: como o coração sente, tal qual Cristo Se apresenta aqui. Aparentemente temos um não bem seco. Mas isso não é verdade. Por isso, o coração precisa de deixar de lado esses sentimentos e, com fé inabalável na Palavra de Deus, perceber e agarrar-se ao profundo e secreto sim debaixo e além do não, a exemplo desta mulher. Além disso, devemos concordar com a sentença que Deus pronuncia contra nós e, assim, saímos vitoriosos e o apanhamos em Suas próprias palavras.
Martinho Lutero

In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983

Sem comentários: