… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

domingo, 16 de julho de 2017

“Arrepia-se-me a carne com temor de ti, e temo os teus juízos.” (Sl 119:120)



“Arrepia-se-me a carne com temor de ti, e temo os teus juízos.” (Sl 119:120)

      Quem pode vangloriar-se de possuir um espírito puro e estar livre da carne que se opõe ao Espírito, mesmo que esteja livre da sensualidade, da ganância e de outras tolices? Porque, enquanto você tem carne, está na carne, está em você aquele orgulho, e você nele, até que este corpo se torne inteiramente espírito. Pois pecamos sempre e permanecemos impuros toda a vida. Carne e espírito formam o homem. Por isso não há dúvida de que é culpa do homem o facto de a carne ser tão má e de se comportar de modo tão ruim. E assim estamos sempre a caminho, sempre no estado da justificação, justamente nós, os que somos justos. É por isso que toda a justiça que realizamos no momento, é, ao mesmo tempo, pecado para a justiça que teremos de fazer em seguida. É, pois, com razão que afirma São Bernardo: “Quando se começa a deixar de ambicionar o melhor, deixa-se de ser bom.” Por esta razão não existe parada no caminho de Deus, pois reter-se um momento já é pecado. Quem, portanto, neste instante se fia no facto de ser justo, esse já perdeu a justiça, como mostra a ilustração do movimento: o ponto que estamos tentando alcançar no momento, logo passa a ser ponto de partida para o próximo alvo. Esse ponto de partida, do qual sempre temos de partir, é o pecado. O alvo, porém, que buscamos sempre é a justiça.

Martinho Lutero

In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983

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