“Preciosa é aos olhos do Senhor a
morte dos seus santos.” (Sl 116:15)
EM si, a morte é o castigo do pecado e provém da ira e do
desfavor de Deus. A morte dos cristãos, porém, especialmente dos que sofrem e
morrem por amor de Cristo, é preciosa. É bem verdade que o corpo sofre, mas não
leva prejuízo, visto que Deus recompensa tal morte com a vida eterna. Nesse
caso, a morte já não é castigo, mas remédio, um doce sono e descanso, porta e
entrada para a vida eterna. Pois em Cristo quebrou os dentes, ficaram gastos e
inúteis, já não consegue abrir os maxilares; as articulações estão aleijadas. A
sua boca está aberta e gostaria de devorar a todos. No entanto, já não consegue
escancarar a bocarra para morder. O mesmo acontece com o Inferno, e assim os
cristãos têm grande privilégio, na vida e na morte, pois, vivendo ou morrendo,
somos do Senhor. Se isto é verdade, os santos que crêem, falam ou confessam e
são perseguidos por isso, terão outra opinião sobre morte do que a multidão do
mundo descrente. Verão nela uma despedida bem-aventurada, uma partida desta
miséria e vale de lamentos no qual o Diabo é rei e deus, para a vida na qual
reina alegria indizível e maravilhosa, eterna bem-aventurança.
Martinho Lutero
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
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