Leituras
Cristãs
ALGUMAS PERPLEXIDADES
(texto de “O Estandarte”, Ano 02, nº 1, 06/I/1894, Jornal Oficial d “A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil”)
(texto de “O Estandarte”, Ano 02, nº 1, 06/I/1894, Jornal Oficial d “A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil”)
«Dirigi-me, Senhor, na tua verdade e ensina-me os teus caminhos; porque tu és o meu Deus e Salvador, em quem tenho esperado todo o dia Lembra-te, Senhor, das tuas comiserações e das tuas misericórdias, que têm sido desde o princípio».
Esta prece é evidentemente de um homem cujas forças e luzes se esvaem. Não sabe que «caminho deve tomar, seus pés estão no laço». Está aflito fala de «angústias que se têm aumentado» e de mágoas de que deseja livrar-se. Tem «inimigos» e lembranças que o acusam. A sua alma está, numa palavra, em estado de «trabalho».Quando tudo isto se encontra, que fazer?
Apresentar-se simplesmente a Deus tal qual como se é: pedir, suplica e... esperar.Felizes aqueles que, em semelhante situação, não perdem a coragem e lembram-se, seja qual for o estado em que estejam, que «o Senhor é o Deus da redenção, e nenhum dos que nEle confiam serão confundidos»!
Todo o Salmo XXIV é a linguagem de um homem que luta, e que luta com fé.Uma pequena fé é ainda fé. O Senhor disse que «não extinguirá a torcida que fumega».
Quando a nossa alma passa por penosos combates, asseguremo-nos logo da nossa «sinceridade» e «integridade» Indaguemos si não há em nós alguma coisa do equivoco ou de dissimulado.
Se pudermos provar que não há, em nosso coração cousa semelhante, tenhamos então a certeza de as que grandes nuvens dissipar-se-ão, «ainda que estejamos agora abatidos por um pouco de tempo, por diversas provações».
Estes combates da nossa fé tornar-se-ão em «ouro puro» e «grangear-nos-ão louvor, honra e glória, quando Jesus Cristo aparecer».
Seria por uma agonia material ou por uma agonia espiritual que o salmista se lançara aos pés de Deus?Não o sabemos. Podia ser por uma ou por outra causa.
É difícil que a consciência não tenha de lutar a braços com a adversidade, além de que o sofrimento espiritual influi também quase sempre na nossa vida material.Somos compostos de corpo e de espírito. Cada golpe ocasiona um contra golpe: «um abismo chama outro abismo».
A breve prece do salmista mostra-nos também o segredo de nossa força, qualquer que seja a nossa situação. «Senhor! Diz ele, mostra-me os teus caminhos e ensina-me as tuas veredas».Eis a verdadeira prece, porque o reconhecimento dos caminhos de Deus é também o reconhecimento da regra de conduta que devemos seguir.
Quando conhecemos esta primeira luz, fácil nos é, e nada mais resta que acrescentar: « Faz-me andar na tua verdade.» Eu vejo a «tua verdade», dá-me, pois, coragem de seguir o caminho que ela me indica, e não procurar mais outro. Ensina-me fortalecendo-me e fortalece-me ensinando-me.
Repete-me que Tu és «o Deus da minha salvação», e que esta salvação espera-me no fim do combate, e se devo esperar até a noite, oh! Meu Deus! «esperarei em Ti todo o dia».Não somos nós que assim falamos, é o salmista.Os embaraços da vida são numerosos e variados, mas Deus é sempre igualmente poderoso. Não lhe é mais difícil tirar-nos de uma grande aflição que de uma pequena.
A prece do salmista convém sobre tudo em três espécies de perplexidades que aqui encontrámos muitas vezes: as perplexidades de posição, de consciência e do prece, Examinemo-las sucessivamente e vejamos o que é preciso fazer quando formos a elas expostos.
In “O Estandarte”, Ano 02, nº 1, 06/I/1894, Jornal Oficial d “A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil”, fundado em 1893. (Grafia actualizada por Carlos António da Rocha)
http://interdocs.com.br/ipibdig/oestandarte/digital/1894/ano_02_n01_06-01-1894.PDF
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