… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Leituras Cristãs


027 - A TRISTEZA E  A ALEGRIA


A BÍBLIA é realmente o livro dos paradoxos divinos, das contradições sublimes. Abunda em pensamentos que parecem ser contrários à razão humana. Deus Mesmo diz «Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos» (Is 55:8).

Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que quiser ser o primeiro, seja o servo de todos. Quando eu sou fraco, então sou forte. Nós morremos cada dia afim de participarmos da vida eterna. Aquele que aspira à coroa deverá tomar a cruz. Tudo isto não parece loucura aos olhos do homem natural?

É assim que Jesus afirma: «A vossa tristeza se converterá, em alegria.»

O problema do sofrimento tem preocupado os homens de todos os tempos. Os filósofos e os sábios debruçam-se atentamente sobre ele, procurando em vão uma solução satisfatória.

Mas para o verdadeiro crente a solução é clara: Cristo revela-a nestas palavras: «A vossa tristeza se converterá em alegria». Com Ele a tempestade transforma-se em calma, a obscuridade em luz, a humilhação em glória.

Jacob, na sua velhice, cheio de amargura, depois de tanto sofrimento, quando julgava ter perdido o seu filho José e que seu filho Benjamim havia sido retido no Egipto, exclama: «Todas estas coisas vieram sobre mim» (Gn 42:36). A sua ideia era de que tudo estava perdido. Na realidade, pouco depois, radiante de felicidade, ele tornou a encontrar aquele que julgava morto. A sua tristeza se transformou em alegria.

Ana era uma serva fiel de Deus (1 Samuel 1). Ainda que era casada desde há muitos anos o Senhor não lhe deu filhos e isso era então um opróbrio para uma israelita. Abatida, ela suplicava constantemente a Deus que lhe desse um filho. Tal era o fervor das suas orações, que um dia, como ficasse muito tempo no templo, mortificada aos pés do Deus eterno, o sacerdote Eli julgou que ela estava embriagada. Mas Deus compreendeu-a; e por fim nasceu Samuel — «Pedido ao Senhor» — e a sua tristeza converteu-se em alegria.

O Evangelho relata o encontro de Jesus com um préstito fúnebre perto da cidade de Nain. Era conduzido ao sepulcro um jovem «filho único de sua mãe», que era viúva. Que dor havia no coração dela! O seu amparo, a sua felicidade, a sua esperança, tudo estava perdido. Mas Jesus aproxima-Se; tem compaixão dela. A Sua missão é enxugar as lágrimas e consolar os infelizes. Fala ao morto: «Levanta-te», e entrega-o vivo a sua mãe. Portanto, a tristeza foi transformada em alegria.

Algum tempo depois, Jesus foi crucificado. Os homens ímpios entregaram-no à morte mais cruel. E ao terceiro dia, dois dos Seus discípulos seguiam para Emaús comentando entre si os acontecimentos, entristecidos porque não sabiam ainda o resultado. Não lhes havia Ele falado tantas vezes da Sua ressurreição? Mas eis que se aproxima um Desconhecido que indaga da causa das suas lágrimas. E as suas lágrimas vão cessar para dar lugar à alegria. Esse Desconhecido, que agora os acompanha, é o Próprio Jesus. Tinha-lhes prometido: «Onde estiverem dois ou três [...] aí estou Eu no meio deles». Todavia eles não O conheceram. Quando pelo caminho lhes falava e abria as Escrituras, o coração deles ardia. E quando, por fim, Ele abre os seus olhos e eles O reconhecem, toda a tristeza desaparece para dar lugar à alegria.
E quarenta dias depois todos os discípulos, logo que o Mestre é elevado ao Céu de entre eles, podem tornar «com grande júbilo para Jerusalém.»

Esta é a doce experiência que teve o Salmista: «O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manha» (Salmo 30:5). Jesus é a Estrela da manhã, anunciadora da manhã eterna. Aqueles que seguem fielmente Cristo terão no porvir uma vida de completa alegria e de verdadeira felicidade: «... e não haverá mais morte, nem pranto nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas» (Ap 21:4).

Porém, enquanto aguardam na Terra eles podem gloriar-se nas tribulações (Rm 5:3), considerando-as corno grande gozo (Tiago 1:2). A tristeza é transformada em alegria, porque produz a paciência, e a paciência a esperança. É dito, com razão, que em face da dor a que estamos sujeitos neste «vale de lágrimas» o budista se submete, o muçulmano aceita, o birmane suporta, mas só o cristão se regozija. E isto porque está em Cristo.
in Leituras Cristãs, VOL. XXVII, Lisboa, 1970, Depósitos de Literatura Cristã, R. Infantaria 16, n.77, r/c. Esq.

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Muito obrigado, Carlos.

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