por John Owen
Tradução da obra "Meditations on the Glory of
Crist" de John Owen, numa versão abreviada intitulada "The Glory of Crist".
CAPÍTULO 14
Mais diferenças entre a
contemplação presente pela fé da Glória de Cristo e o que veremos no Céu
1. No presente obtemos um entendimento espiritual
da Glória de Cristo por meio do estudo das Escrituras. Mas a luz da revelação
desta Glória está repartida através de todos os livros do Antigo e do Novo
Testamento, tal como a luz natural nos é dada através do Sol, da Lua e das
estrelas. Se toda a luz fosse concentrada numa só fonte, não seríamos capazes
de suportá-la. Assim nas Escrituras, a Glória de Cristo é descrita pouco a pouco
em diferentes maneiras. Às vezes é descrita com palavras claras, em outras
ocasiões sob tipos e figuras, os quais ilustram a Sua humildade e amor para
connosco. Diferentes verdades estão repartidas na Bíblia para que as recolhamos
como se fossem flores formosas. Nos Cantares de Salomão, a noiva considera as
muitas perfeições de Seu amado e conclui que Ele é em todo o sentido cobiçável
(Ct 5:10-16). Assim nós paulatinamente descobrimos as muitas perfeições de
Cristo e O encontramos extremamente glorioso.
Não obstante, no Céu toda a Glória de Cristo
estará diante de nós. Seremos capazes na luz desta Glória de contemplá-la toda.
Aqui não podemos imaginar qual será a beleza e a Glória desta manifestação
completa de Cristo. De repente, entenderemos tudo o que Ele fez e sofreu, a Sua
posição exaltada, a Sua união com a igreja e como todas as coisas estão
reunidas nEle. Veremos a Glória de Deus, a Sua sabedoria, a Sua justiça, a Sua
graça, o Seu amor, a Sua bondade e o Seu poder, tudo resplandecendo eternamente
em Cristo. Podemos anelar isto agora e ainda ter um vislumbre disso. Mas, todo
o conhecimento de Cristo na Sua Glória celestial está no Céu onde há águas de
vida e rios de prazer, para sempre.
2. A visão que teremos da
Glória de Cristo no Céu mudar-nos-á perfeita e completamente na Sua imagem.
“Seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é” (1Jo 3:2). Vamos
fixar-nos com mais pormenor nisto: I. Quando a alma deixa o corpo, é libertada
imediatamente de toda a debilidade, incapacidade, escuridão e temor. A natureza
pecaminosa deixará de existir. A morte foi o julgamento divino sobre o pecado,
mas por meio da morte de Cristo em nosso lugar, nós recebemos misericórdia
(veja-se 1Co 15:54). Não obstante, os incrédulos devem receber a recompensa da
sua incredulidade, as suas almas serão separadas eternamente de Deus. II. Os
crentes, tendo sido livres da carga da sua natureza pecaminosa, descobrem que o
seu espírito pode cumprir o propósito para o qual foi criado. Eles podem
desfrutar de Deus com deleite e satisfação. Além disso, na ressurreição, o novo
corpo glorificado nunca estorvará, mas antes ajudará em todas as nossas
atividades espirituais. Os nossos olhos verão o nosso Redentor e todos os
nossos sentidos serão usados para desfrutar da comunhão com Ele.
3. Ao sermos introduzidos na presença de Cristo,
um poder novo nos será dado, a capacidade celestial para vermos o Senhor Jesusm
tal como Ele é. Esta capacidade gloriosa tomará o lugar da fé, da qual
necessitamos somente nesta vida.
4. No momento em que os
crentes vejam a Glória de Cristo, imediatamente, serão transformados
completamente na Sua semelhança. Quando o pecado entrou no mundo e Adão e Eva
foram expulsos do jardim de Éden, Deus disse: “Eis que o homem é como um de nós
sabendo o bem e o mal” (Gn 3:22). Quando a obra da graça é terminada Deus pode
dizer, não com irritação mas com amor e bondade infinita: “Eis que o homem é
como um de nós”. Nesta vida a nossa fé em Cristo produz uma mudança gradual em
nós ainda que incompleta. Se queremos estar seguros de que seremos restaurados
perfeita e eternamente na imagem de Deus, devemos ter agora alguma experiência
desta mudança gradual (veja-se 2Co 3:18; 4:16-18; Fl 3:10-14).
3. Até mesmo no Céu, todas
as criaturas têm de viver eternamente numa dependência de Deus como a fonte de
vida, de bondade e de bem-aventurança. Não seremos mais auto-suficientes na
Glória do que somos agora. Pois tudo nos virá através de Cristo Jesus; todas as
coisas no Céu e na Terra serão reunidas nEle (veja-se Ef 1:10-11). O nosso estado contínuo de
felicidade e de Glória dependerão inteiramente destas comunicações de Deus
mediante Cristo. Nunca nos cansaremos de ver Cristo no Céu. O objeto infinito
da nossa visão glorificada será insondável e sempre novo para o nosso entendimento
finito. A nossa felicidade consistirá numa contínua comunicação refrescante da
infinita plenitude da natureza de Deus. Esta futura vida de Glória é muito
maior do que a vida de fé que vivemos agora. Não obstante, não há nenhuma
satisfação ou gozo deste mundo presente que possa comparar-se com a visão débil
e imperfeita que a nossa fé tem agora da Glória de Cristo. Até a pobre visão da
nossa fé nos dá agora um vislumbre da bem-aventurança futura que teremos no
desfrute de Cristo.E isto faz-nos suspirar e desejar aquele tempo quando O
veremos e estaremos para sempre com Ele e O conheceremos como Ele nos conhece.
Meditations on the Glory of Crist" de John
Owen numa versão abreviada intitulada "The Glory of Crist"
Tradução de Carlos António da Rocha
John
Owen (Stadhampton, 1616 - Ealing, 24 de agosto de 1683) é, por
consenso, o mais bem conceituado teólogo puritano, e muitos o
classificariam, ao lado de João Calvino e de Jonathan Edwards, como um
dos três maiores teólogos reformados de todos os tempos.
Nascido em 1616, entrou para o Queen's College, em Oxford, aos 12 anos de idade e completou seu mestrado em 1635 aos 19 anos de idade. Em 1637 tornou-se pastor.
Na década de 1640 foi capelão de Oliver Cromwell e, em 1651, veio a ser deão da Christ Church, a maior faculdade de Oxford. Em 1652, recebeu o cargo adicional de vice-reitor da universidade, a qual passou a reorganizar com sucesso notável.
Depois de 1660, foi líder dos Independentes (mais tarde chamados de congregacionais, até sua morte em 1683.
Nascido em 1616, entrou para o Queen's College, em Oxford, aos 12 anos de idade e completou seu mestrado em 1635 aos 19 anos de idade. Em 1637 tornou-se pastor.
Na década de 1640 foi capelão de Oliver Cromwell e, em 1651, veio a ser deão da Christ Church, a maior faculdade de Oxford. Em 1652, recebeu o cargo adicional de vice-reitor da universidade, a qual passou a reorganizar com sucesso notável.
Depois de 1660, foi líder dos Independentes (mais tarde chamados de congregacionais, até sua morte em 1683.
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