UMA RECORDAÇÃO
H. E. Alexander
Quando Deus, no Seu amor, me revelou o Seu
Filho e me levou a aceitá-Lo como Salvador pessoal, eu tinha somente dezassete
anos.
As décadas passaram, mas a precisão e a simplicidade
da experiência daquela noite permanecem na minha memória com todo o frescor. No
decorrer do serão, estando em oração no meu quarto, pude tomar à letra as
palavras do Senhor no Evangelho segundo João, capitulo 6, versículo 37: «O que
vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora». Naquele momento exato, aceitei
Jesus Cristo como meu Salvador. Segundo os termos de Efésios 1:13, depois de
ter ouvido a Palavra da verdade, o Evangelho da minha Salvação, tendo crido em
Cristo, fui selado com o Espírito Santo da promessa.
Nada pôde apagar esta recordação, nada pôde enfraquecer
este facto preciso da minha conversão a Deus. Foi Ele próprio que interveio, a
partir de então foi a Sua Palavra que se tornou o alicerce, a fonte da minha
vida, não os meus sentimentos, não os meus esforços, nem mesmo as minhas resoluções,
mas a obra de Cristo e a Palavra que permanece eternamente - estes dois
alicerces objectivos da fé, que são os mesmos para todos quantos querem crer em
Cristo para terem paz com Ele. Não há outros.
Os anos podem correr, nós podemos falhar, mas
este rochedo permanece inabalável, este Salvador jamais muda. É o mesmo ontem,
hoje e eternamente (Hebreus 1 :12; 13:8). Neste mundo em que tudo muda, o único
meio de salvação será sempre a fé alicerçada em Cristo e na Sua Palavra.
Contudo, algum tempo após esta experiência fui
abalado ao constatar que não experimentava a alegria e as sensações que eu
pensara terem de seguir-se à minha conversão. Isto afetou-me a ponto de uma
certa obscuridade me envolver até ao dia em que, com a mesma clareza e a mesma
simplicidade que acompanharam a minha conversão, uma outra palavra do Senhor me
tocou e me libertou imediatamente das minhas incertezas: «Eu roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça, e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos»
(Lucas 22:32). Compreendi logo que a fé é elo que nos une a Deus, e não os
nossos sentimentos. «A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus»
(Romanos 10:17). O sangue de Jesus Cristo é o remédio divino contra o pecado; a
Palavra escrita é o remédio divino contra a dúvida.
Desde então, pela bondade de Deus e graças a
esta lição salutar, nunca mais tive dúvidas quanto a minha salvação e a minha relação
com Deus. Dúvidas de outra espécie, tentações diferentes assaltaram-me, mas a dúvida
sobre a obra de Cristo e a minha relação com Ele, ou sobre a Palavra de Deus,
nunca mais. «Quem crê no Filho de Deus em si mesmo tem o testemunho; quem a
Deus não crê mentiroso o fez; porquanto não creu no testemunho que Deus de Seu
Filho deu) (I João 5:10). Os grandes feitos da Salvação apelam para a
simplicidade da nossa fé. São imutáveis; e os anos que vão passando, em vez de
os desgastar, firmam-nos e tornam-nos ainda mais luminosos.
In “Alicerçado
na rocha”, H. E. Alexander (1884-1957)
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