CREDO DE ATANÁSIO
O Credo de Atanásio, subscrito pelos
três principais ramos da Igreja Cristã, é geralmente atribuído a Atanásio,
Bispo de Alexandria (Alexandria, ca. 295 — Alexandria, 2 de maio de 373), mas alguns
estudiosos hodiernos do assunto conferem-lhe uma data posterior (século V). A Sua
forma final teria sido alcançada apenas no século VIII. O texto grego mais
antigo deste credo provém de um sermão de Cesário, no início do século VI.
O credo de Atanásio, com quarenta
artigos, é texto um tanto longo para um credo, mas é considerado “um majestoso
e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto aos grandes mistérios
da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da dualidade de naturezas
de um único Cristo.” [1]
TEXTO DO CREDO DE ATANÁSIO*
1. Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo,
que sustente a fé universal. [2]
2. A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável,
certamente perecerá para sempre.
3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em
Trindade, e a Trindade em unidade.
4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.
5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do
Espírito Santo outra.
6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma
divindade, igual em glória e co-eterna majestade.
7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é
não criado.
9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é
ilimitado.
10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno.
12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados,
mas um não criado e um ilimitado.
13. Do mesmo modo, o Pai é omnipotente, o Filho é omnipotente, o
Espírito Santo é omnipotente.
14. Contudo, não há três omnipotentes, mas um só omnipotente.
15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.
17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo
é Senhor.
18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar
cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela
religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.
20. O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.
21. O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas
gerado.
22. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem
criado, nem gerado, mas procedente.
23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três
Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.
24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior
ou menor.
25. Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si;
de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a
trindade em unidade deve ser cultuada.
26. Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo
com relação à Trindade.
27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia
fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.
28. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.
29. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem
nascido no tempo da substância da sua mãe.
30. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma
racional e carne humana.
31. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai
com relação à sua humanidade. 32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois
mas um só Cristo. 33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas
por sua divindade haver assumido sua humanidade.
34. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela
unidade de pessoa.
35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só
homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.
36. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou
dos mortos ao terceiro dia.
37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai omnipotente, de
onde virá para julgar os vivos e os mortos.
38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e
prestarão conta de sua obras.
39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna;
aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia
firmemente nela, não pode ser salvo.[3]
Atanásio, Bispo de Alexandria (Alexandria, ca. 295 — Alexandria, 2
de maio de 373)
NOTAS
* Extraído de Paulo Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada
das Escrituras (São Paulo: Os Puritanos, 1998), 180-82.
[1] A. A. Hodge, The
Confession of Faith (Edinburgh & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust,
1992), 7.
[2] O termo universal traduz a palavra católica, a qual também
poderia ser traduzida por geral.
[3] Traduzido a partir
do inglês de A. A. Hodge, Outlines of
Theology (Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991),
117-118.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Credo_de_Atan%C3%A1sio
http://pt.wikisource.org/wiki/Credo_de_Atan%C3%A1sio
http://www.arpav.org.br/arpav/index.php?option=com_content&view=article&id=54:o-credo-de-atanasio&catid=41:credos-cristaos&Itemid=70
http://pt.wikipedia.org/wiki/Atan%C3%A1sio_de_Alexandria
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