… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

quarta-feira, 3 de maio de 2017

SE CRISTO TINHA MESMO DE ENTREGAR O SEU CORPO À MORTE POR TODOS NÓS



ATANÁSIO DE ALEXANDRIA
Se cristo tinha mesmo de entregar o seu corpo à morte por todos nós

“Quando levantardes o Filho do homem, compreendereis que Eu Sou” (Jo 8:28, ARC, Pt)

Alguém poderia dizer: Se Cristo tinha mesmo de entregar o Seu corpo à morte por todos nós, porque é que não morreu normalmente, como homem? porque é que tinha de se deixar crucificar? Poder-se-ia, na verdade, dizer que era mais conveniente para Ele entregar o seu corpo de uma maneira digna do que suportar a infâmia de tal morte... Esta objeção é demasiado humana: o que aconteceu ao Salvador é verdadeiramente divino e digno da Sua divindade por várias razões.



Em primeiro lugar, porque a morte que acontece aos homens tem a ver com a fraqueza da sua natureza; não podendo durar indefinidamente, eles desagregam-se com o tempo. Chegam as doenças e, tendo perdido as suas forças, acabam por morrer. Mas o Senhor não é fraco; Ele é a Força de Deus, o Verbo de Deus, a própria Vida. Se Ele entregasse o corpo em privado, num leito, à maneira dos homens, teriam pensado... que Ele não tinha nada a mais do que os outros homens... Não convinha que o Senhor adoecesse, Ele que curava as doenças dos outros...



Então porque é que Ele não afastou a morte, tal como tinha afastado a doença? Porque Ele possuía um corpo precisamente para isso e para não pôr entraves à ressurreição... Mas, dirá talvez alguém, Ele deveria ter evitado a conjura dos Seus inimigos, para conservar o Seu corpo absolutamente imortal. Que esse aprenda, então, que também isso não convinha ao Senhor. Tal como não era digno do Verbo de Deus, por ser a Vida, dar a morte ao Seu corpo por Sua própria iniciativa, também não Lhe convinha fugir da morte que outros Lhe queriam dar... Morrer como morreu não significou de modo algum a fraqueza do Verbo, mas fê-lo ser conhecido como Salvador e Vida... O Salvador não veio experimentar a Sua própria morte mas a morte dos homens.



Atanásio, Bispo de Alexandria (Alexandria, ca. 295 — Alexandria, 2 de maio de 373)



http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_atanasio_antologia.html

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