ATANÁSIO DE ALEXANDRIA
Seguir
a cristo pelo caminho certo
“E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para
trás, é apto para o reino de Deus.” (Lc 9:62, ARC, Pt)
Um dia, os monges vieram ter com Antão
e pediram-lhe que lhes dirigisse a palavra. Ele respondeu-lhes: Eis que
começámos a avançar pela estrada da virtude; continuemos agora em frente, a fim
de atingirmos a meta (Fl 3: 14). Que ninguém olhe para trás como a mulher de
Loth (Gn 19:26), porque o Senhor disse: “Ninguém,
que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.”
Olhar para trás mais não é do que alterar o próprio objectivo e retomar o gosto
pelas coisas deste mundo. Nada receeis quando ouvirdes falar da virtude, nem
vos espanteis com esta palavra. Porque a virtude não está longe de nós, nem
nasce fora de nós; é coisa que nos diz respeito, e é simples, desde que o
queiramos.
Os pagãos deixam o seu país e
atravessam os mares para irem estudar letras. Nós não temos necessidade de
abandonar o nosso país para ir para o Reino dos Céus, nem de atravessar o mar
para adquirir a virtude. Porque o Senhor disse: “O Reino de Deus está dentro de
vós” (Lc 17:21). A virtude apenas precisa, pois, do nosso querer, dado que está
em nós e nasce de nós. Se a alma conserva a parte inteligente que é conforme à
sua natureza, a virtude pode nascer. A alma encontra-se no seu estado natural
quando permanece tal como foi feita; e foi feita muito bela e muito reta. Era
por isso que Josué, filho de Nun, dizia: “Inclinai os vossos corações para o
Senhor, Deus de Israel” (Js 24:23). E João Batista: “Endireitai as vossas
veredas” (Mt 3:3). Para a alma, o ser recta consiste em manter a sua
inteligência tal como foi criada. Quando, pelo contrário, se desvia do seu
estado natural, nessa altura fala-se do vício da alma. Não se trata, pois, de
uma coisa difícil. […] Se tivéssemos de a procurar fora de nós, seria realmente
difícil; mas, visto que está em nós, evitemos os pensamentos impuros e
guardemos a alma para o Senhor, como se tivéssemos recebido um depósito, a fim
de que Ele reconheça a nossa obra, encontrando a nossa alma tal como a fez.
Atanásio, Bispo de Alexandria (Alexandria, ca. 295 — Alexandria, 2
de maio de 373)
In
Vida de Santo Antão, 19-20
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/s_atanasio_antologia.html
Sem comentários:
Enviar um comentário