… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

quarta-feira, 31 de maio de 2017

“Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam.” (Sl 55:4)


“Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam.” (Sl 55:4)

      O pior martírio e sofrimento é aquele que ataca e tortura o coração. Os sofrimentos que atacam o corpo são suportáveis. Neles, o coração pode, até, alegrar-se e fazer pouco caso delas. Trata-se de um sofrimento só pela metade. Afinal, somente o corpo sente dores, enquanto que o coração e a alma podem estar repletos de alegria. Quanto, porém, toca ao coração levar toda a carga, nesse momento, para aguentar, é preciso disposição notável, acima do normal, bem como graça e força toda especial.

      Agora, por que permite Deus que os Seus amados passem por tudo isso?

      Em primeiro lugar, para guardar o Seu povo do orgulho. Para que os grandes santos, que receberam de Deus graça e dons especiais, não venham a depositar a sua confiança em si mesmos. Por isso precisam passar por apertos e apuros, para que não experimentem tão-somente e de contínuo o poder do Espírito, mas que, vez por outra, a sua fé esperneie e o coração desanime e, assim, reconheçam o que realmente são e confessem que nada seriam não fosse Deus a sustentá-los graciosamente.

      Por outro lado, Deus permite que isso lhes suceda como exemplo para os demais, tanto para abalar os autoconfiantes quanto para consolar os amedrontados.

      Em terceiro lugar, o grande e principal motivo por que Deus age assim é este: deseja mostrar aos seus santos como procurar consolo real e a contentar-se em encontrar e ter a Cristo.

 Martinho Lutero    

In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983

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