“Estremece-me
no peito o coração, terrores de morte me salteiam.” (Sl 55:4)
O pior martírio e
sofrimento é aquele que ataca e tortura o coração. Os sofrimentos que atacam o
corpo são suportáveis. Neles, o coração pode, até, alegrar-se e fazer pouco
caso delas. Trata-se de um sofrimento só pela metade. Afinal, somente o corpo
sente dores, enquanto que o coração e a alma podem estar repletos de alegria.
Quanto, porém, toca ao coração levar toda a carga, nesse momento, para aguentar,
é preciso disposição notável, acima do normal, bem como graça e força toda
especial.
Agora, por que permite
Deus que os Seus amados passem por tudo isso?
Em primeiro
lugar, para guardar o Seu povo do orgulho. Para que os grandes santos, que
receberam de Deus graça e dons especiais, não venham a depositar a sua
confiança em si mesmos. Por isso precisam passar por apertos e apuros, para que
não experimentem tão-somente e de contínuo o poder do Espírito, mas que, vez
por outra, a sua fé esperneie e o coração desanime e, assim, reconheçam o que
realmente são e confessem que nada seriam não fosse Deus a sustentá-los
graciosamente.
Por outro lado,
Deus permite que isso lhes suceda como exemplo para os demais, tanto para
abalar os autoconfiantes quanto para consolar os amedrontados.
Em terceiro
lugar, o grande e principal motivo por que Deus age assim é este: deseja
mostrar aos seus santos como procurar consolo real e a contentar-se em
encontrar e ter a Cristo.
Martinho Lutero
In Meditações de
Lutero, Castelo Forte - 1983
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