“Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre seus ombros; e
o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz.” (Is 9:6)
Este menino é-nos
enviado com o objetivo único de nos encher o coração. E quando o coração assim
se entrega por meio da fé, experimenta que ele é um “doce Jesus”. Em seguida, o coração eleva-se ao Pai, que é tão
grande a ponto de ter enviado o Menino ao coração. Foge à nossa compreensão e
não há palavras para exprimir o facto de que algo tão pequeno contenha um
tesouro tão grande. E assim se renova o grande e maravilhoso sinal, e o coração
torna-se doce, alegre, consolado, destemido e tem paz mesmo no meio do
sofrimento que lhe pode sobrevir. Pois que de ruim lhe poderia acontecer? Onde
está o Menino, tudo estará bem. O coração e o Menino são inseparáveis.
Agora, também é
verdade que o coração não pode receber o Menino e provar a sua doçura sem antes
derramar fora toda aquela alegria terrena que não procede de Cristo. O Menino
não pode tolerar que o coração acolha uma outra coisa qualquer. Ele deseja
morar no coração com exclusividade. Devemos deixar que se vá tudo aquilo que
nos parece bom: os prazeres sensuais, a cobiça de bens materiais, a honra, a nossa
vida, a piedade, a sabedoria, e todas as nossas virtudes. Se abandonarmos tudo
isso por completo, o Menino vem. Agora, Ele traz consigo tudo aquilo que mata a
nossa velha natureza.
A gente deve
apresentar ao Menino uma alma livre, não comprometida. Por isso, ninguém é mais
indicado para tanto do que a pessoa que está sobrecarregada de muita miséria,
tristeza e sofrimento, e não tem nada do que gostaria de ter, de tal sorte que aguenta
firme e de bom grado suporta a contrariedade. Cristo jamais lhe será doce se
você, primeiramente, não se tornou amargo para si mesmo. E quem não se sente
assim, pode, muito bem, manter<-se> < a, ou à> distância.
Martinho Lutero
In Meditações de
Lutero, Castelo Forte - 1983
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