“Se
ministério, dediquemo-nos ao ministério.”
(Rm 12:7)
Já deixei claro
que, entre si e para si, os Cristãos não precisam de tribunais ou do poder da
espada, pois, para eles, isso não é necessário e não tem serventia alguma. Mas,
uma vez que o Cristão vive neste mundo, não para si mesmo, mas para servir ao
próximo, ele está disposto a fazer aquilo de que ele mesmo não precisa, mas que
é necessário e proveitoso para o seu próximo. A espada é uma grande necessidade
no mundo, para manter a paz, castigar o pecado e refrear os maus. Por isso, o Cristão
de boa vontade se submete ao poder da espada, paga os impostos, honra a
autoridade, serve, ajuda e faz o que pode para fortalecer esse poder, assim que
exerça as suas funções e seja honrado e temido.
Assim sendo, as
duas coisas combinam perfeitamente: exterior e interiormente você satisfaz as
exigências tanto do reino de Deus quanto do reino do mundo, suportando maldade
e injustiça e, ao mesmo tempo, castigando a maldade e a injustiça; não
resistindo ao mal e, ao mesmo tempo, resistindo-lhe. Porque, no primeiro caso,
você cuida de si e dos seus interesses; no segundo caso, do próximo e dos
interesses dele. Onde se trata de você mesmo e dos seus interesses, você se
orienta pelo Evangelho e, como verdadeiro Cristão, sofre a injustiça; quando se
trata do próximo e dos interesses dele, você segue a lei do amor e não tolera
que o seu próximo seja injustiçado. Isto o Evangelho não o proíbe; pelo
contrário, ordena-o numa outra passagem bíblica. É nesse sentido que, desde o
início do mundo, todos os santos fizeram uso da espada.
Martinho Lutero
In Meditações de
Lutero, Castelo Forte - 1983
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