“Assim como
oferecestes os vossos membros para escravidão da impureza, e da maldade para a
maldade, assim oferecei agora os vossos membros para servirem à justiça.” (Rm 6:19)
Até mesmo a razão lhes ensina que, em virtude
do facto de vocês não mais estarem sujeitos ao pecado e à injustiça, não devem
mais servi-los nem obedecer-lhes com os vossos corpos e membros, isto é, como
todo o vosso ser e vida corporal. Por outro lado, já que se entregaram em
obediência a Deus e à justiça, vocês têm a obrigação de servi-los de corpo e
alma. Dito de forma bem simples e linguagem bem clara: aquele que no passado
era mau e levava uma vida contrária à vontade de Deus e à voz da sua
consciência, deve, agora, viver <uma> vida piedosa e servir a Deus de boa
consciência. Ou, como São Paulo diz em Ef 4:28: “Aquele que furtava, não furte mais.” Outrora, diz ele, os seus
membros: olhos, ouvidos, boca, mãos, pés e todo o corpo eram escravos da
impureza. Assim também vocês colocaram os vossos membros ao serviço da
injustiça ou de toda sorte de vida e obras injustas, pois cometiam uma
injustiça atrás da outra, com todo tipo de truques e trapaças. Agora, porém,
mudem a vida segundo o vosso próprio juízo e compreensão. Se antes vocês
gostavam de ver, ouvir e falar o que era vergonhoso e imoral, ou buscavam essas
coisas, e com os vossos corpos serviam à imoralidade, agora, os vossos olhos e
ouvidos devem doer ao verem e ouvirem coisas dessa natureza. Todo o corpo deve
fugir disso, e as vossas palavras e obras devem ser castas. Assim sendo, todos
os membros e tudo o que o corpo faz ou deixa de fazer deve servir à justiça.
E tudo isso para que os vossos membros e
corpos se tornem santos, isto é, propriedade de Deus, destinados tão-somente ao
Seu serviço, e para que todos eles, com o passar do tempo, cada vez mais e
mais, com maior alegria, sirvam a Deus em obediência a Ele a para a Sua honra,
em tudo que é divino, louvável, honrado e virtuoso.
Martinho Lutero
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
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