“Deixo-vos
a paz, a minha paz eu vos dou; não vo-la dou com o dá o mundo. Não se turbe o
vosso coração nem se atemorize.”
(Jo 14:27)
Aqui vemos o ministério do Espírito Santo:
ele é dado somente àqueles que estão atolados em sofrimento e miséria. Pois o
sentido das Palavras é este: “Vocês não
devem pensar que eu vos dou uma paz como a dá o mundo.” O mundo afirma que
a pessoa tem paz quando o mal é arrancado e afastado dela. Por exemplo: Se
alguém é pobre e acha que essa pobreza lhe traz grande inquietação, procura uma
maneira de se livrar dela, julgando que, no momento em que eliminar a pobreza, terá
paz e desfrutará riquezas. Outro exemplo: Quando alguém está para morrer e a
morte o assedia, põe-se a pensar: se eu pudesse afastar a morte, teria paz e
continuaria a viver. Agora, uma tal paz, Cristo não nos dá. Ao contrário, Ele
permite que o mal persista, oprimindo as pessoas. Ele não o remove. Agora, Ele
usa outro expediente: transforma a pessoa e afasta a pessoa do mal, não o mal
da pessoa.
Isso se dá da seguinte maneira: Se você
está sofrendo, Cristo o afasta do sofrimento e lhe dá um ânimo tal que você
chega até a pensar que está num jardim de rosas. Assim, no meio da morte há
vida, e no meio da inquietação, paz e alegria. Eis porque essa é uma paz que
excede todo o entendimento, como Paulo escreve em Filipenses 4:7.
Martinho Lutero
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
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