… Mas o melhor de tudo é crer em Cristo! Luís Vaz de Camões (c. 1524 — 1580)

sábado, 2 de setembro de 2017

“Tudo isso eu vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça.” (Ec 7:15)



“Tudo isso eu vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça.” (Ec 7:15)

     Não basta dizer-se pecador da boca para fora. Nada é mais fácil do que isso, especialmente quando a consciência está em paz e as tentações não incomodam. Por isso, no momento em que você se confessa pecador, precisa também reconhecer-se como tal em seu íntimo e viver de forma que condiga com essa confissão. Por isso, é realmente difícil encontrar alguém que acredita que é pecador. Pois como pode confessar-se pecador aquele que não suporta uma Palavra dirigida contra os seus planos e modos de vida, mas logo se esquenta e jura que é sincero e faz o bem, e que resistir-lhe é injusto e rejeitá-lo, incorreto? Tão logo, porém, tiver que tolerar isso ou aquilo, fica fora de si e incomoda todo mundo com a sua queixa de que somente ele tem de suportar a injustiça de todo lado. Aqui temos, então, um hipócrita, pois confessou-se pecador, mas não está disposto a fazer ou assumir o que cabe a um pecador, senão apenas aquilo que toca a justo e santo.

     Como pode o homem tornar-se pecador no sentido espiritual? Não de forma natural, pois assim jamais poderá tornar-se pecador, visto que já o é. Todo o peso dessa mudança reside nos recônditos ocultos da mente, ou seja, no conceito e opinião que temos de nós mesmos. Operar essa mudança na mentalidade, eis a intenção de cada Palavra da Escritura e em todo o agir de Deus.

Martinho Lutero

In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983


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