“Tudo
isso eu vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça.” (Ec 7:15)
Não basta dizer-se pecador da boca para
fora. Nada é mais fácil do que isso, especialmente quando a consciência está em
paz e as tentações não incomodam. Por isso, no momento em que você se confessa
pecador, precisa também reconhecer-se como tal em seu íntimo e viver de forma
que condiga com essa confissão. Por isso, é realmente difícil encontrar alguém
que acredita que é pecador. Pois como pode confessar-se pecador aquele que não
suporta uma Palavra dirigida contra os seus planos e modos de vida, mas logo se
esquenta e jura que é sincero e faz o bem, e que resistir-lhe é injusto e
rejeitá-lo, incorreto? Tão logo, porém, tiver que tolerar isso ou aquilo, fica
fora de si e incomoda todo mundo com a sua queixa de que somente ele tem de
suportar a injustiça de todo lado. Aqui temos, então, um hipócrita, pois
confessou-se pecador, mas não está disposto a fazer ou assumir o que cabe a um
pecador, senão apenas aquilo que toca a justo e santo.
Como pode o homem tornar-se pecador no
sentido espiritual? Não de forma natural, pois assim jamais poderá tornar-se
pecador, visto que já o é. Todo o peso dessa mudança reside nos recônditos
ocultos da mente, ou seja, no conceito e opinião que temos de nós mesmos.
Operar essa mudança na mentalidade, eis a intenção de cada Palavra da Escritura
e em todo o agir de Deus.
Martinho Lutero
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
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