“E
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores.” (Mt 6:12)
Digo também que Deus é gracioso com muita
gente e, de coração, perdoa toda a culpa. Mas não lhes diz nada a <esse>
respeito e trata-os tanto interna como externamente, de uma forma tal, que os
leva a pensar que Deus não é gracioso e que deseja condená-los nesta vida e na
eternidade. Por agora, Ele atormenta-os; por dentro, Ele atemoriza-os. Um
destes, foi David, pois ele diz no Salmo 6:1: “Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor.”
A outros, por sua vez, Deus, secretamente,
retém a culpa e continua Seu inimigo; não lhes diz nada a <esse> respeito,
mas trata-os de uma forma que os leva a pensar que são filhos amados. Exteriormente,
eles vão bem, interiormente são felizes e estão certos de que vão para o Céu.
Estes são descritos no Salmo 10:6: “Jamais
serei abalado: de geração em geração, nenhum mal me sobrevirá.”
Assim, de vez em quando Ele consola a consciência
e dá-lhe feliz certeza de a Sua graça, para que, assim, a nossa pessoa seja
fortalecida e confie em Deus mesmo nos momentos em que a nossa consciência está
tomada de medo. Por outro lado, há momentos em que Ele abala e aflige a
consciência, para que a pessoa não se esqueça de temer a Deus também <quando>
tudo vai bem.
O primeiro perdão é-nos amargo e difícil,
embora seja o mais nobre e o mais apreciado. O outro é mais fácil, contudo, não
tão precioso.
Martinho Lutero
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
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