“A mulher que está para dar à luz, tem tristeza,
porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra
da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem.” (Jo 16:21)
DEVEMOS
examinar este exemplo com todo cuidado. Porque tal como acontece neste caso,
sucede também na tentação e, especialmente, na angústia da morte. Veja como
Deus trata com uma mulher que está para dar à luz. Ninguém a ajuda nessa hora
de dor. Também, ninguém pode fazê-lo. Sim, criatura alguma pode livrá-la dessa
situação, pois depende unicamente do poder de Deus. A parteira e outros que se
acham à sua volta podem, é claro, consolá-la, mas não podem afastar as dores do
parto. Ela tem de passar por isso e arriscar a sua vida. Pode tanto morrer como
pode dar à luz uma criança. Ela encontra-se realmente no meio da angústia de
morte e está completamente rodeada de morte.
O
mesmo acontece quando as consciências se angustiam ou se deparam com a morte:
razão, criatura ou obra nenhuma nos pode ajudar, e não importa de que espécie
seja. Não resta nenhum consolo, a ponto de você pensar que está abandonado por
Deus e por todas as criaturas, sim, que Deus e todas as criaturas se voltaram
contra você. Nessa hora, você tem de ficar tranquilo e apegar-se unicamente a
Deus. Ele deve livrá-lo dessa situação e nenhuma outra criatura, seja do Céu,
seja da Terra, poderá fazê-lo. E Deus ajuda no momento que Ele julga
apropriado, assim como faz com a mulher, dando-lhe um rosto sorridente, assim
que não se lembra mais das dores. E se, antes, tudo que havia era morte e miséria,
agora não há senão vida e alegria. Assim também acontece connosco: no meio das
tentações e da angústia de morte, Deus, e somente Ele, nos torna felizes e nos
dá paz e alegria onde antes não havia senão desgraça e angústia.
Martinho Lutero
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
In Meditações de Lutero, Castelo Forte - 1983
Sem comentários:
Enviar um comentário